ACIDENTES CUSTARAM R$ 36 BILHÕES POR ANO
No mês de janeiro, o CTB (Código de Trânsito Brasileiro) completou 20 anos de vigência. Nem o fato de ser considerado um dos códigos mais completos do mundo, no entanto, fez com que houvesse redução significativa no número de mortos sequelados por acidentes de trânsito no período.
Desde então, a Lei 9.503, de 23 de setembro de 1997, teve 33 leis que alteraram a redação original do ordenamento e mais de 700 resoluções regulamentaram temas importantes.
Estudo feito pelo Observatório Nacional de Segurança Viária, parceiro da Abeetrans, indica que, desde 1998 té o final de 2017, vigência do CTB, foram gastos aproximadamente R$ 36 bilhões por ano com acidentes e trânsito. Ou seja, R$ 720 bilhões acumulados durante 20 anos. O valor representa 12% do PIB (Produto Interno Bruto) de 2015 de todo o Brasil ou 1,5 vezes o PIB da cidade de São Paulo.
De acordo com os dados do Ministério da Saúde, morreram 662.219 pessoas de 1998 a 2015 em decorrência dos acidentes de trânsito.
Os pedestres são os que mais morreram, seguidos dos ocupantes de automóveis, depois pelos motociclistas, ciclistas, ocupantes de caminhões e, por fim, de ônibus.
A maior parcela dos que morreram está classificada na categoria “outros” do Ministério.
“Um número tão elevado de vítimas sob esta classificação ‘outros’ nos faz refletir ainda na falta de cuidado no registro das pessoas mortas por acidentes, num distanciamento à vida perdida e às conseqüências que isso traz aos familiares e amigos. O acidente de trânsito precisa deixar de ser um ‘acaso’ e ter a responsabilidade apurada de quem o comete”, afirma o diretor-presidente do Observatório, José Aurelio Ramalho.
Segundo Ramalho, é dramático afirmar também que o Brasil não tem dados estatísticos que demonstrem o número de sequelados permanentes gerado pelos acidentes de trânsito.
Estimativas pontam que eles são de oito a dez pessoas para cada vítima fatal registrada.
Para o diretor do Observatório, esse exército de sequelados causa, para além do drama pessoal e da completa mudança da rotina da família, gastos para a Previdência e para o Sistema de Saúde Pública. E ainda, segundo o Ministério de Trabalho, o acidente de trânsito é o principal motivo de afastamento do empregado.
“O país não pode gastar R$ 36 bilhões por ano consertando o que deveria ser resolvido preventivamente, com investimentos em educação, engenharia e fiscalização”, disse Silvio Médici, presidente da Abeetrans.
MORTE DE MOTOCICLISTA SOBE 1.158%
Devido ao crescimento da frota de motocicletas e à falta de uma política de segurança para veículos de duas rodas, esse modal foi o que apresentou o maior crescimento do número de vítimas fatais nos 20 anos de existência do Código de Trânsito Brasileiro, de acordo com estudo realizadopelo Observatório Nacional de Segurança Viária.
Em 1998, foram 1.047 mortes (ou seja, três mortes por dia), enquanto que em 2015 foram 12.126 mortes (33 mortes por dia), representando 11 vezes mais mortes por dia ao longo dessas duas décadas. Os motociclistas são, de acordo com os dados mais atuais, as principais vítimas de acidentes de trânsito no país;
“Diante de tantas vidas perdidas são necessárias ações imediatas como a introdução da nova formação do condutor, da educação de trânsito nas escolas de ensino fundamental como um tema transversal, do investimento em fiscalização e infraestrutura viária, pois se temos um Código de Trânsito tão completo, não justifica matarmos tanta gente”, afirma José Aurelio Ramalho, do Observatório.
Para Ramalho, para reverter a situação, são necessárias diretrizes objetivas para os próximos 20 anos, como sugere a Lei 13.614, que institui o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (PNATRANS) e, por consequência, novos comportamentos da sociedade.
Fonte: Abeetrans