Estudo concluiu que nações da África subsaariana foram as mais afetadas pelo problema em 2021; índice brasileiro de insegurança é de 16,1%
Uma pesquisa liderada pela antropóloga Sera Young, da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, fornece uma visão com mais nuances da insegurança hídrica vivenciada ao redor do mundo. O estudo foi publicado no The Lancet Planetary Health e utilizou dados retirados de uma amostra representativa de quase metade da população mundial.
Além disso, uma escala para medir a insegurança hídrica de forma mais holística também foi projetada. “Esses dados trazem um rosto humano para o setor de água, revelando problemas hídricos que há muito estão ocultos”, disse Young em nota.
Chamada de Escala de Experiências Individuais com Insegurança Hídrica (IWISE, na sigla em inglês), a ferramenta foi projetada por Young e por outros acadêmicos para abranger 45.555 adultos em 31 países de baixa e média renda em 2021. A metodologia conta com 12 perguntas acerca da frequência com a qual os participantes se preocupam por não ter água, o quão comum era conseguir lavar as mãos ou mudar a alimentação por conta da falta de água.
Como resultado, 14,2% dos voluntários que responderam às perguntas da escala viviam em insegurança hídrica. Com base nisso, foi possível estimar que 436 milhões dos 3 bilhões de adultos representados pela amostra da pesquisa enfrentaram o problema em 2021.
A pesquisa também mapeou os países que tiveram as maiores taxas de insegurança hídrica. Nações da América Latina, Ásia e África que sofreram secas e inundações severas no ano passado formam o grupo. Camarões (63,9%) e Etiópia (45%), ambos na África subsaariana, registraram as maiores taxas de insegurança, enquanto Bangladesh (9,4%) e China (3,9%) tiveram os menores índices da pesquisa. O índice de insegurança hídrica no Brasil é de 16,1%.
Em geral, estima-se que as mulheres sofram mais com a insegurança hídrica do que os homens, pois são responsáveis por tarefas que exigem mais uso de água. No entanto, o estudo concluiu que ambos sexos experimentam taxas semelhantes de insegurança hídrica em 26 dos 31países estudados.
Os grupos com maior probabilidade de sofrer com este problema são indivíduos de baixa renda que moram em periferias e aqueles que foram afetados pela Covid-19. Mas os pesquisadores também notaram que, em alguns países, a insegurança hídrica também afeta pessoas de renda mais alta.
Para a primeira autora, o estudo instiga formuladores de políticas públicas a olharem para a questão da disponibilidade de água e da infraestrutura ao examinar a insegurança hídrica. “Medir as experiências com a água, permitirá que as organizações criem intervenções que melhor visem os grupos mais vulneráveis”, espera Young.
Fonte: Galileu via Ambiente Brasil
Publicação Ambiente Legal, 17/11/2022
Edição: Ana Alves Alencar
As publicações não expressam necessariamente a opinião dessa revista, mas servem para informação e reflexão.