Especialista faz projeções para o setor, que responde atualmente por US$ 13 bilhões em geração de tributos federais
Depois do que o mundo atravessou no ano passado com a Covid-19, que infelizmente segue entre nós, qualquer tipo de projeção deve ser feita com cautela. Se a perspectiva de recessão econômica global no final de 2019 dava sinais de que não se cumpriria em 2020, com o novo coronavírus, todas as projeções foram nocauteadas.
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia no mundo encolheu 4,4% no ano de 2020. Economistas preveem que será preciso pelo menos um ano para que os mercados de trabalho retornem a algo semelhante à era pré-pandemia. Considerando que o quadro atual da pandemia deverá se estender por boa parte de 2021, e que o Brasil deve entrar em 2022 ainda lidando com o rescaldo do coronavírus, crescimento mesmo, só em 2023.
Com 3,75 milhões de empregos gerados diretos, indiretos e resultantes do efeito-renda, US$ 13 bilhões em geração de tributos federais, estaduais e municipais, ou 0,9% da arrecadação de todo o país, o setor florestal pode vivenciar momentos positivos ao longo de 2021, se a economia começar a dar sinais de recuperação. É o que projeta Marcelo Schmid, sócio-diretor do Grupo Index e especialista no setor florestal. Ao avaliar o que 2021 reserva para o segmento no Brasil e no mundo, ele reforça a importância da indústria da construção civil para o segmento, entende que o tema créditos de carbono entrará definitivamente na pauta desse mercado e crê na alta dos preços da madeira como possibilidade de um horizonte mais promissor.
1. Investimentos estrangeiros: pragmatismo
As discussões internacionais a respeito do desmatamento e queimadas na Amazônia reduziram no ano passado a expectativa de que as regras que restringem a aquisição de terras por empresas estrangeiras no Brasil fossem flexibilizadas. E elas não devem acontecer em 2021. O Projeto de Lei 2.963 de 2019 foi aprovado pelo Senado e agora aguarda aprovação da Câmara e a sanção presidencial. Mas o especialista não vê perspectiva, pelo menos no momento, de que Jair Bolsonaro sancione a lei.
2. Investimentos nacionais
Se 2020 registrou uma movimentação razoável de fundos nacionais no setor florestal, em 2021, à medida que a economia se recuperar e diante da taxa de juros baixa, o investimento em florestas seguirá como uma boa opção para remuneração de capital. “Não se surpreenda se novos players nacionais procurarem florestas como forma de investimento”, entende.
3. E a recuperação da celulose?
Com um ritmo lento de crescimento econômico global, a expectativa de Schmid era que até o fim do primeiro semestre de 2020 o mercado revelasse maior equilíbrio entre oferta e demanda e daria início à recuperação dos preços de celulose. Foi o que aconteceu. Com a diminuição da oferta e muito esforço comercial, os preços reagiram muito bem e fizeram de 2020 um ótimo ano para o mercado de celulose. Em 2021 a indústria de celulose deve manter o ritmo de recuperação, na expectativa da solução da arbitragem que definirá o dono da Eldorado, em Três Lagoas, e anunciará a expansão da fábrica. Esse anúncio aquecerá o mercado em Mato Grosso do Sul, uma vez que a Suzano já anunciou um novo projeto futuro, em Ribas do Rio Pardo, e o estado está no raio de outros dois projetos: Bracell (SP) e Paracel (Paraguai).
4. Créditos de carbono
Em 2021, o carbono deve ocupar boa parte da pauta do setor. Desde a criação do mercado de créditos de carbono, há duas décadas, as discussões relacionadas ao carbono florestal foram focadas principalmente em florestas nativas. As questões giram em torno de uma demanda crescente por créditos de carbono, que as florestas podem suprir desde que as regras (a serem discutidas na COP-26, em novembro de 2021), sejam definidas. A também crescente preocupação das empresas e do mercado com práticas de ESG (Environmental, Social and Governance) impulsiona o tema, acredita Schmid.
5. Construção civil: um cliente importante para o setor
O mercado imobiliário também foi afetado pela pandemia, mas com uma queda de apenas 2,2% no volume de vendas entre o primeiro semestre de 2019 e o mesmo período em 2020. “A expectativa de que os lançamentos adiados sejam retomados até o final do primeiro semestre deste ano anima empresários do setor quanto à retomada do crescimento, desde que a alta dos materiais de construção (incluindo a madeira) não seja proibitiva para o setor”, pondera.
6. Crescimento da busca por pinus
Os últimos anos não registraram plantações de pinus em larga escala; em paralelo, nenhum grande consumidor de madeira fechou as portas em meio à crise sanitária. Assim, em 2021, a perspectiva é de ainda mais busca por matéria-prima, com empresas indo cada vez mais longe para obtê-la.
7. Novos projetos de celulose
A grande expectativa do setor de celulose brasileiro para 2021 é a conclusão do processo arbitral envolvendo a Paper Excellence e o Grupo JBS pela disputa da Eldorado Celulose, e um provável anúncio de expansão do grupo que vencer o litígio. Fora isso, é baixa a possibilidade de novos projetos. “Nesse sentido, é necessário conter as expectativas: há projetos baseados em disponibilidade de matéria-prima florestal e perspectivas financeiras mais claras para colocar a indústria em pé, como por exemplo a fábrica da Suzano, em Ribas do Rio Pardo (MS). Outros já terão custo de matéria-prima mais elevado, por conta de falta de disponibilidade e maiores distâncias de transporte, como por exemplo os projetos em Mato Grosso e no Paraguai, desafiando a planilha financeira de qualquer analista do mercado”, avalia.
8. Os preços de madeira continuarão a subir
Os preços de madeira, de forma geral, manterão tendência de aumento em diversos mercados, tanto no pinus (em todas as suas regiões) quanto no eucalipto (com destaque para São Paulo), pelo equilíbrio de mercado.
As indústrias de base florestal terão que entender ainda melhor a cadeia produtiva de madeira pelo uso de inteligência.
O Grupo Index, por meio da Forest2Market do Brasil, disponibiliza mensalmente à sua carteira de clientes o acesso à SilvaStat360, a única plataforma online de preços de madeira baseada em transações reais coletadas empresa a empresa. A companhia desenvolve também estudos customizados de oferta e demanda, prognoses de preços, análises de sites, avaliações de ativos e demais produtos necessários para que os nossos clientes tenham entendimento completo do mercado.
Embora 2020 tenha sido um ano trágico para toda a sociedade, o setor de base florestal saiu-se melhor que o esperado. “Fomos um reflexo disso”, constata Schmid. “Registramos o melhor ano de nossa história. Em 2021, acreditamos que o mercado será igualmente movimentado; a expectativa é que nossas operações cresçam em pelo menos 50%”, conclui.
Sobre o Grupo Index: especializado em soluções inovadoras, estratégicas e sustentáveis com base em estudos de mercado, consultoria florestal e ambiental. Certificado na ISO 9001:2015, o Grupo Index tem 50 anos de experiência e é composto pelas empresas:
Confal: projetos e soluções personalizadas para as necessidades de cada cliente.
Index Florestal: planejamento, gerenciamento e monitoramento de atividades florestais.
Index Ambiental: soluções sustentáveis e inovadoras voltadas à Engenharia Ambiental e Florestal.
Forest2market: líder mundial em serviços de benchmark, custos e análises detalhadas do setor florestal.
Fonte: V3com
Publicação Ambiente Legal, 12/02/2021
Edição: Ana A. Alencar
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