Arca
Entre a perplexidade e o tédio
As palavras suspeitam-se entre si
De que falará a poesia? Sim! O céu é azul
A estrela brilha, a flor cheira
O amor… ah, o amor
Sob os desmoronamentos
De todas as ilusões, pé ante pé
O silêncio é que tenta atravessar o tempo
Sobreviver até o amanhã:
A esperança vaga
Que repetirá a poesia
Dos barulhos de um mundo estúpido?
Para que serve um poeta
Que se adequa aos objetos
Como uma etiqueta de preço?
Mais mil anos olharam pela escotilha
E não viram terra
Os pombos foram e voltaram
(Poucas vezes trouxeram
Um ramo
De alma.)
Adriane Garcia
Adriane Garcia, nascida em Belo Horizonte/MG, em 1973. Historiadora, funcionária pública, arte-educadora, atriz. Escreve poesia, infanto-juvenis, contos e dramaturgia. Venceu o Prêmio Nacional de Literatura do Paraná, Helena Kolody, em 2013, com o livro de poesia “Fábulas para adulto perder o sono”, publicado pela Biblioteca do Paraná. Também publicou “O nome do mundo” (Armazém da Cultura, 2014) e “Só,com peixes” (Confraria do Vento, 2015).