A PARÁBOLA GREGA É PARADIGMA PARA A ESQUERDA?
Por Alfredo Attié
O que ocorreu com as esquerdas do mundo?
A grega revela isso:
O povo votou na esquerda, porque dizia “não”.
A esquerda, no poder, além de adotar o jeitinho dos neo-empresários (terno sem gravata), moda e não antimoda, disse que iria implantar o “não”.
Pressionada pelas circunstâncias e pela política econômica sem fundamento e errada de que se pretendia valer, a esquerda ficou sem saída, adiando o “sim”.
Diante do ultimato da União Europeia, a esquerda propôs e convocou o plebiscito do “sim” ou “não”.
A esquerda fez campanha aberta pelo “não” e ameaçou renunciar, se vencesse o “sim”.
O povo, nas urnas, disse, de novo, “não”.
Encerrada a consulta popular, a esquerda disse “sim”.
Conclusão: voltas e reviravoltas para fazer o mesmo do mesmo.
Não é à toa que Sócrates, interpelado por um sofista, em Atenas, sobre a razão de continuar a dizer as mesmas coisas sobre as mesmas coisas, respondeu que aquele era seu mister: “dizer as mesmas coisas sobre as mesmas coisas”.
A esquerda da Grécia decaída atual apenas uniu a receita socrática ao método sofista: dizer as mesmas coisas sobre as mesmas coisas, mas afirmando que está dizendo coisas diferentes sobre coisas diferentes.
Em boa lógica, dizer o mesmo sobre o mesmo é igual a dizer o não-mesmo sobre o não-mesmo…
A esquerda do (velho) Novo Mundo repete a retórica da embromação. E o pobre povo, mártir eterno, submete-se: “a esquerda nos explora mas nos representa”…
Alfredo Attié – Magistrado do Tribunal de Justiça de São Paulo, Doutor em Filosofia, Mestre em Direito e em Direito Comparado, Membro do Fórum Global de Justiça e Desenvolvimento, Washington, D.C., Titular da Cadeira San Tiago Dantas da Academia Paulista de Direito.
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