Mostra de “arte Queer” do Santander revela que está na hora de separar o joio do trigo nos movimentos pela diversidade sexual
“Liberdade de expressão não é um cheque em branco”
Ana Paula Henkel, sobre a exposição do Santander*
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
Ao custo (para o povo brasileiro) de aproximadamente 1 milhão de reais de renúncia fiscal, o Banco Santander patrocinou, em Porto Alegre, no seu Centro Cultural, uma mostra com desenhos pornográficos para crianças em idade escolar.
A mostra pretensamente artística tinha um nome sugestivo da polêmica que pretendia causar:
“Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”.
Embora houvesse algumas obras de arte consagradas (e até históricas), misturadas à pura pornografia escatológica, o objetivo da mostra de forma alguma visava à cultura, à educação ou à exposição da arte engajada. O propósito da exposição era mesmo provocar, desconstruir e fazer proselitismo.
A curadoria da mostra foi descuidada. Não advertiu sobre o conteúdo da exposição, não estabeleceu idade mínima para visitação do espaço – dado o conteúdo ali à mostra e, também, não explicou efetivamente qual o objetivo do movimento inspirador da “cartografia da diferença”, ali montada.
Por conta disso, excursões de crianças em idade escolar e sem qualquer maturidade interagiram com conteúdo absolutamente impróprio, pornográfico e escatológico, fora da compreensão natural do que seja “arte” para o nível educacional pretendido com o evento, Cidadãos comuns foram impactados por blasfêmias e imagens explícitas de zoofilia, pedofilia, exploração sexual com conotação racista, sem extrair da experiência nada que não fosse agressão gratuita à própria dignidade.
O clamor popular não tardou a surgir, com camapanha de boicote dos correntistas ao próprio banco que, então, com certeza movido pelos mais elevados interesses… resolveu encerrar o evento.
Não sobrou pedra sobre pedra do desastre, que agora serve de mote para a grita de militantes da causa LGBT, e militontos sem causa.
Não tardou que juristas, filósofos, contestatários, políticos e organizações sociais, manifestassem opiniões. Houve quem levantasse teses e imputasse ao “fascismo” o encerramento da equivocada mostra. Afinal, para ativistas sem rumo, até pedofilia travestida de arte serve de pretexto revolucionário …
De fato, expor crianças como objeto de lascívia e degradação não é arte. É proselitismo e perversão doentia. O Santander merecia mesmo uma nota ZERO.
Um detalhe determinante porém, passou desapercebido da discussão midiática. Esta é a razão do meu artigo.
A resposta à pergunta se o que foi exposto era arte provocativa ou provocação sem nenhuma arte, estava desde o início no próprio nome do evento: Queer.
Queer e o supremacismo vitimizador
Queer é sinônimo de estranho, bizarro, inusual. Remete á situação desconfortável, ruim, e também pode denominar perversão sexual. Nos EUA, décadas passadas, era usado da mesma forma como se usa no Brasil alguns apelidos ofensivos para homossexuais, como “efeminado” ou “machona”.
Talvez por isso mesmo, o termo “queer” ganhou espectro político. Talvez no nome esteja a raiz do movimento que hoje representa uma facção radical dentre várias que formam o movimento internacional supremacista- vitimizador.
Já me referi antes a esse fenômeno*. O supremacismo vitimizador pretende o domínio ideológico agressivo das minorias sobre os aparelhos produtores de cultura da sociedade. Esse domínio é acobertado pelo Estado ao pressupor que pode “equilibrar o conflito assimétrico” favorecendo a expressão agressora minoritária. O resultado desse desequilíbrio, porém, reforça recalques, rancores e preconceitos de forma desastrosa.
O tecido social das sociedades é construído organicamente. Ele é alimentado pelos valores morais cultivados pelos cidadãos comuns – com suas virtudes e misérias. É o senso comum o fator de equilíbrio social.
No entanto, graças ao supremacismo vitimizador, as relações sociais da cidadania vêm sofrendo impressionante esgarçamento. Os poucos movimentos de resistência são denunciados como preconceito e sofrem policiamento hipócrita das autoridades.
Mas é esse o objetivo do movimento: destruir o senso comum, criminalizando-o, e inibir opiniões discordantes aos valores propugnados pelas minorias – cuja conduta apresenta crescente agressividade.
A ideia embutida na causa é impor aceitação incondicional dos valores distorcidos, como a nova regra a ser seguida – e não admitir qualquer tolerância crítica. Explico: o tolerante é aquele que discorda, mas não discrimina – é aquele que garante o debate e o pluralismo de valores e ideias no mundo democrático, compreendendo as diferenças e respeitando o senso comum – até mesmo para mudá-lo.
Para os supremacistas-vitimizadores, o tolerante é justamente o grande inimigo. Ele quebra o ciclo da violência, evita a confrontação e desmoraliza o discurso “politicamente correto”, usado pelos supremacistas como canal de extravasamento de rancores, atitudes segregacionistas, ofensividade e recalques.
O tolerante, por não discriminar, deve ser incriminado pelo que pensa. Para tanto, sua opinião discordante será sempre rotulada pelos supremacistas como “fobia” – e a saída supremacista para o rótulo é justamente criminalizar a “fobia” e amordaçar a sociedade. O objetivo é reprimir o senso comum que esteia o tecido social.
O movimento Queer é ramo deste supremacismo vitimizador. A teoria Queer tem íntima ligação com os movimentos libertários da contracultura e da revolução sexual, nos anos 60/70 – fortemente influenciados por Herbert Marcuse e Michel Foucault
O movimento Queer e a intolerância
O discurso Queer foi buscando via própria como teoria libertária nos anos 80, moldando-se como meio de afirmação gay, lésbico e feminista.
Porém, com o advento da supremacia das minorias no discurso politicamente correto, o movimento Queer ganhou notoriedade e permitiu-se rasgar a fantasia, transformando-se de “libertário” em “liberticida”.
É preciso explicar o detalhe: os adeptos do movimento Queer resolveram “aprofundar” sua crítica á ideia de que o gênero é parte essencial do indivíduo. Posto isso, o movimento passou a combater a ciência e a negar a sexualidade biológica.
Os Queers negam as conquistas da ciência desengajada. Ignoram que a ciência constatou a natureza biológica da afetividade sexual, homo e hetero, sem descurar da distinção biológica de sexo.
Foi essa mesma ciência que compreendeu o fenômeno raríssimo da transsexualidade. Aliás, a natureza biológica da sexualidade e da afetividade foi a razão de ser dos movimentos de busca da tolerância para com a diversidade sexual no mundo moderno.
Os Queers, porém, não aceitam essa via. Ignoram a distinção sexual biológica para impor uma distinção determinada por impulsos comportamentais. Desumanizam o gênero humano, transferindo a noção de “gênero” para os comportamentos “desviantes”, determinados por impulsos sexuais. Desconhecem a natureza da sexualidade para classificar “gêneros” pelo impulso comportamental do indivíduo – psicopata ou não. Esse detalhe diz tudo a respeito do que se pretende com a mostra do Santander.
Não se trata a mostra queer de arte em prol da tolerãncia e, sim, de proselitismo em favor da mais egocêntrica e recalcada intolerância.
Psicopatia militante
O pensamento Queer busca diluir-se no movimento gay, mas não possui qualquer identidade com a vertente tradicional e democrática do combate ao preconceito contra homossexuais.
O movimento gay firmou sua posição política de combate ao preconceito pautado pela ciência, mostrando a determinação biológica da atração sexual e do comportamento homoafetivo – razão da luta política pelo direito do indivíduo assumir sua real identidade.
Os queers dominam a chamada “ideologia de gênero”, que despreza a ciência absolutamente. Eles buscam a supremacia política da ação “contra-natural” – como fenômeno exclusivamente comportamental, voluntário, ligado á “liberdade da psiqué”. Posto isso, os queers expandem seu universo abrangendo TODO tipo de impulso sexual considerado “desviante”.
Na verdade, como já dito, o movimento Queer confunde gênero com sexo e abole o último de forma a não distinguir sexos mas sim impulsos eróticos e comportamentais. Portanto, o queerismo é propositada e notoriamente marginal. Não propõe qualquer conciliação social ou “tolerância” para com diferenças, pois sua atividade se inclui nos processos sociais que sexualizam a sociedade como um todo, forçando unilateralmente a tolerância aos chamados “desvios de comportamento”.
Os Queers querem “heterossexualizar e/ou homossexualizar instituições, discursos e direitos” pela subversão da tolerância, priorizando comportamentos erotizados, obssessivos e compulsivos, ditados pela psiqué. Sua ideologia não é libertária e sim liberticida, sexista, comportamental, provocativa, movida pelo rancor social e pela apologia dos “desvios” como ação revolucionária.
Segundo seus teóricos, o movimento Queer objetiva inverter a perspectiva social como qualquer outro movimento de cunho esquerdizóide. No entanto, propõe como estratégia revolucionária explicitar a sexualização da sociedade sob a ótica dos “socialmente estigmatizados”.
Identificados os agentes da transformação, o movimento Queer prioriza identidades sociais “desviantes”, que passa a considerar absolutamente normais. Sua noção de “cidadania” é baseada na identidade dos “sujeitos do desejo”, que os queers classificam como legítimos e ilegítimos – sendo “ilegítimos” todos os que se firmam na conduta acorde com o senso comum, natural, seguindo vocação biológica. Neste rol de “ilegítimos”, os queers incluem homossexuais com comportamento “familiar” ou “moralmente enquadrado na estrutura burguesa”.
Os Queers desprezam gays e lésbicas que não lutam para a “mudança radical da sociedade”. Também não consideram parte de seu movimento os transsexuais que buscaram a medicina visando um “enquadramento social”. Consideram que estas “culturas sexuais”, uma vez normalizadas, não mais apontam para a mudança social – tal qual entendem ocorrer com a conduta heterossexual…
É a subversão dos subvertidos. O movimento Queer pretende representar o sonho marcuseano do resgate puro da aliança entre a marginalidade e a intelectualidade contra toda a “ordem burguesa”. Vai além: quer transformar a compulsão, a obsessão e a perversão em formas toleráveis de comportamento social. É assim que propugna a subversão revolucionária dos valores “burgueses”.
Daí o interesse em privilegiar extremos comportamentais, como a travestilidade, a transgêneridade e a intersexualidade, “culturas sexuais não-hegemônicas” caracterizadas pela “subversão”. Também objetiva, o movimento Queer, o “rompimento com normas socialmente prescritas de comportamento sexual e/ou amoroso” – leia-se: apologia à pedofilia, sadomasoquismo, zoofilia, etc… como “atos libertários”.
O modus operandi do movimento é a “performance”… a apologia à psicopatia como forma de agressão.
Foi nesse contexto “suavemente psicopata” que ocorreu a “mostra cultural do Santander”. Foi um evento provocativo como são provocativas todas as performances queer em manifestações, as injúrias em locais públicos e os comportamentos absolutamente inadequados em recintos submetidos a alguma disciplina de convivência comum.
É preciso repetir. Não se trata de movimento democrático, pluralista ou “libertário”. Pelo contrário, é radical, liberticida, preconceituoso, sexista e perverso – na mais ampla conotação que se possa dar ao termo.
O declínio da ideologia de gênero
Enquanto no Brasil somos obrigados a suportar os Queers por não sabermos diferenciar joio e trigo no ativismo homossexual – e nem o movimento parece sabê-lo – no mundo mais civilizado a coisa começa a mudar.
Os países nórdicos já começaram a reagir ao movimento, que teve na região profunda influência, com resultados desastrosos.
Os governos da Suécia, Dinamarca, Finlândia e Islândia, determinaram a suspensão dos financiamentos até então concedidos ao Instituto Nórdico de Gênero, entidade promotora de ideias ligadas às chamadas “teorias de gênero“ – ponta de lança do movimento Queer.
A medida veio após a exibição, em 2010, do filme “Hjernevask” (“Lavagem Cerebral”), que questionava os fundamentos científicos dessas teorias – que, de fato, não passam de teorias sem comprovação empírica. No filme fica patente o comportamento anti-científico dos teóricos do gênero, que negam o fundamento biológico nas diferenças de comportamento entre homens e mulheres, afirmando que elas se devem meramente a construções sociais, enquanto cientistas mostram resultados de testes empíricos que constatam diferenças inatas nas preferências e comportamentos de homens e mulheres.
No vídeo, a “filósofa do gênero” Catherine Egeland, uma das entrevistadas, chega a afirmar que “não se interessa nem um pouco” por esse tipo de ciência e que “é espantoso que as pessoas se interessem em pesquisar essas diferenças” (!). A declaração selou o destino do “queerismo” em direção à incompatibilidade com o pluralismo e a democracia.
É preciso, portanto, parar de confundir as bolas. O movimento Queer, apenas explicita melhor o funesto labirinto de conceitos e preconceitos que a ideologia de gênero pretende implantar na sociedade democrática.
Vamos por partes
A transexualidade orgânica é fenômeno muito raro. Diz respeito ao campo da medicina e demanda apoio da psiquiatria e da psicologia. O interesse do direito é de natureza civil, quanto à adoção da identidade.
Fenômeno absolutamente diverso é o homossexualismo – que nada tem de “raro” e cujo componente genético é hoje reconhecido pela medicina. Daí, portanto, demandar tutela na aceitação social.
Esses biotipos têm seu lugar na vida, tal qual os biotipos heterosexuais.
A desgraça da ideologia de gênero, e que revela sua periculosidade, foi pretender misturar fenômenos naturais com manifestações de caráter comportamental complexo, ligadas à libido, aliando manifestações artísticas, performáticas, estereótipos, distúrbios psicológicos e até psicopatias no mesmo discurso de “aceitação social”.
Essa imensa bobagem militante, carregada de recalques, rancores, vitimizações, hipocrisias, ignorâncias e ma fé, vem reforçando preconceitos e ostentando estereótipos que esgarçam a fibra da tolerância social.
Assim…
O gênero humano é um só, composto de indivíduos de sexos opostos, masculino e feminino. Já a sexualidade pode ser determinada por fatores naturais, envolvendo atratividade por indivíduos do mesmo sexo, bem como pode incorrer em paradoxos afetos à medicina, como é o caso da transsexualidade. Fora isso, incorre-se no domínio vasto e complexo dos comportamentos compulsivos, obssessivos e dos hábitos extravagantes. Transformar e segregar este universo em “gêneros” é negar a natureza humana e desumanizar a sexualidade.
O documentário norueguês está chegando tarde ao Brasil…
Enquanto o documentário não vem, bancos precariamente administrados no campo da relação com a sociedade, como o Santander, patrocinam um movimento rancoroso e preconceituoso, pretextando combater o preconceito sexual, apoiados por uma mídia ignorante.
A mostra do Santander sofreu pela péssima comunicação e pela má fé em não explicitar a ideologia por trás do “Queermuseu”. Submeteu estudantes de escolas públicas e inocentes desavisados a provocações pedófilas, cenas de zoofilia e de perversões provocativas, emolduradas ou esculpidas.
Não foi arte, foi proselitismo sob o pretexto de pregar “tolerância transgênero” e “liberdade de escolha”.
O problema, no entanto, é que segundo os organizadores da mostra queer, a “escolha”, por ser comportamental, não guarda relação com o crescimento e o amadurecimento do ser humano, pode ser “conquistada” desde a tenra infância… ainda que prejudique para sempre a vida e a determinação biológica da criança.
14/setembro/2017
Fontes:
https://oglobo.globo.com/cultura/artes-visuais/em-nota-clientes-santander-explica-encerramento-de-mostra-lgbt-em-porto-alegre-21807901
http://www.theeagleview.com.br/2017/06/arrogancia-travestida-de-vitimizacao.html
http://politica.estadao.com.br/blogs/ana-paula-henkel/liberdade-de-expressao-nao-e-um-cheque-em-branco/
http://www.cult.ufba.br/maisdefinicoes/TEORIAQUEER.pdf
http://www.esquerdadiario.com.br/Movimento-Queer-e-a-luta-de-classes-Parte-1
Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro da Comissão de Direito Ambiental do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e da Comissão Nacional de Direito Ambiental do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB. É Editor- Chefe do Portal Ambiente Legal, do Mural Eletrônico DAZIBAO e responsável pelo blog The Eagle View.
Parabéns pelo artigo, pela análise e pelo discernimento. Pena que poucos lêem mas muitos batem boca.
Quanto aos videos referidos no texto, encontrei todos com tradução de portugal nesse link aqui. https://pt.aleteia.org/2017/09/08/documentario-noruegues-abala-credibilidade-da-ideologia-de-genero/
Talvez seja oportuno o compartilhamento desse material.