Vários “pesquisadores”, jornalistas, políticos de esquerda, vez ou outra vêm com o fato do morticínio dos jovens, pretos e pobres das periferias das grandes cidades. Será que estamos numa guerra racial no Brasil? O Apartheid é Tupiniquim?
Por Cel João Carlos Pelissari*
Há tempos eu quero escrever este artigo aqui no Blog, mas sempre deixei para depois, seja por um motivo ou por outro. O que pretendo analisar não é o racismo, mas por quê a violência que campeia nas periferias das grandes cidades vitima tanto os jovens, muitos deles pretos e quase todos pobres?
Para entrarmos nesta análise, solicito sua paciência para que assista o vídeo a seguir:
A notícia refere-se à divulgação do 12º Anuário Estatístico da Segurança, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Nele foi constatado o absurdo recorde de 64.000 assassinatos registrados no Brasil em 2017. O nosso país ostenta a vergonhosa cifra de 11% de todos os assassinatos no mundo! Nem em países em guerra se mata tanto.
Antes, porém, deixe-me situar você, leitor ou leitora, amigos do Blog em relação a o quê é o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
O FBSP é uma OSCIP, ou seja, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público vinculada à Fundação Getúlio Vargas – FGV/SP, pois temos uma no Rio de Janeiro. O regime jurídico de uma OSCIP é diferente de uma ONG – Organização Não Governamental, pois enquanto esta deveria viver de doações e fundos privados (no Brasil muitas vivem de recursos públicos), aquelas atuam em áreas em que o governo não consegue e entende ser interessante terceirizar, elaborando projetos e, a partir destes, gerenciam verbas públicas. É como se fosse uma coisa meio estatal, meio privada.
O importante é que você fixe que o FBSP e seus membros vivem do dinheiro público.
E quero alertar também que a FGV/SP é eminentemente de esquerda!
Agora podemos iniciar nossa análise. Se você assistiu o vídeo e prestou atenção na fala do atual Presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima, o tom que ele empresta ao fato de tamanha violência é sobre a vitimização do jovem, pobre e preto das periferias.
Quem ouve essa narrativa e não mora no Brasil deduz logo de cara que há no país um apartheid, uma verdadeira guerra civil, onde jovens, brancos e ricos estão exterminando, como num genocídio, os jovens, pretos e pobres.
É aqui onde eu me insurjo contra esse proselitismo rasteiro, barato, de notória desonestidade intelectual, travestido de estudo científico.
É um grupo de pesquisadores que, como falei, recebem dinheiro público para fazer pesquisa, mas não resistem a um proselitismo esquerdista barato.
Falo isto pois sei que eles sabem que o perfil de vítima e algoz se confundem; ou seja, quem mata o jovem, preto e pobre da periferia é o jovem, preto e pobre da periferia!
Há vários estudos, além de levantamentos empíricos que confirmam a tese. Trarei apenas um de Peter Burke¹, quando em seu artigo “Violência urbana e civilização”; ao abordar os aspectos dos perpetradores da violência, como o das vítimas, ele identifica que ambos os grupos são formados pelos YAMs – Young Adult Males (homens jovens adultos), asseverando o seguinte:
“Não devemos pensar em termos de dois grupos completamente separados, ativo e passivo, agressores e vítimas.”(pág 39)
Portanto a raiz do problema dessa alta taxa de mortes violentas intencionais não tem nada a ver com a cor ou condição social das vítimas, mas da própria criminalidade em si.
Quando a ciência ao invés de ser usada como ferramenta para identificar um problema e apontar uma solução é usada apenas como proselitismo a fim de turbinar uma narrativa que interessa a uma ideologia e a um grupo que tenta assumir (ou podemos dizer tomar) o poder, é aí que não teremos a solução desse problema.
Eis a razão que ano após ano, batemos esse vergonhoso recorde de assassinatos.
Tal situação gerou em muitos políticos e militantes uma ilusão de que o seu discurso transmutara-se em realidade, culminando numa CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito no ano de 2015, exatamente para apurar esse morticínio de jovens, pretos e pobres.
Num primeiro momento o objetivo era claro de culpar a Polícia por essa barbárie. Aqui os ideólogos da CPI tinham em mente, num primeiro momento, confirmar que a Polícia, fosse Civil ou Militar (em especial esta), era a nossa Ku klux Klan Tupiniquim, mas se surpreenderam todos!
Por mais que o relatório tenha tentado manter a narrativa, ele não pode desviar-se da verdade.
Trago à colação dois trechos do Relatório Final:
1) À página 42: “Igualmente, não é justo colocar a Polícia no banco dos réus; muito menos, afirmar-se, o que seria estapafúrdio, que os agentes da Segurança Pública, deliberadamente, vestem suas fardas e saem de casa para abater negros.”(grifei) e
2) À página 117, a confirmação de que o jovem, preto e pobre da periferia é vítima de seus pares na favela:”Não tendo acesso aos melhores postos de trabalho, aos locais dignos de moradia e à formação educacional de qualidade, a juventude negra e pobre encerrou-se numa armadilha sistêmica. Do alçapão, são jogados para a marginalidade, e, não raro, para as garras do crime organizado, que, como lembra Darcy Ribeiro, ‘oferece uma massa de empregos na própria favela, bem como uma escala de heroicidade dos que a capitaneiam e um padrão de carreira altamente desejável para a criançada. (…) O normal da marginália é uma agressividade em que cada um procura arrancar o seu, seja de quem for. Não há família, mas meros acasalamentos eventuais. A vida se assenta numa unidade matricêntrica de mulheres que parem filhos de vários homens. Apesar de toda miséria, essa heroica mãe defende seus filhos e, ainda que com fome, arranja alguma coisa para por em suas bocas. (…) As circunstâncias fazem surgir, periodicamente, lideranças ferozes que a todos se impõem na divisão do despojo de saqueios.'”(grifei)
Eis a verdade pela qual o jovem, preto e pobre da periferia engrossa esse número da violência.
Não há um apartheid nem um genocídio no Brasil.
O que há é uma conivência de décadas com o crime e os criminosos, conivência criminosa de autoridades e militantes, professores ou não, intelectuais orgânicos ou não, da esquerda que domina nossa política desde a década de 60.
Neste sentido, a fala do Presidente do FBSP não ajuda em nada, só mantém a “armadilha sistêmica” que mata nossos jovens (sejam pretos, pardos ou brancos) como se fossem moscas.
¹OLIVEIRA, Nilson Vieira (org.). InSegurança Pública – reflexões sobre a criminalidade e a violência urbana. Sem ed. Ed. Nova Alexandria. São Paulo, 2002.
Fonte: http://coronelpmpelissari.blogspot.com/
*João Carlos Pelissari é Coronel da Reserva da Polícia Militar do Estado de São Paulo e Doutor em Segurança Pública. Formado em Direito, é Membro Consultivo da Comissão de Direito Militar da OAB/SP.
Artigo originalmente publicado em Blog do Coronel Pelissari
Muito rodeio pra falar que no Brasil não tem racismo. Pode se unir a kkk no EUA de boa.