Escrito por Kaley Overstreet | Traduzido por Rafaella Bisineli
A forma como planejamos nossas cidades, subúrbios e comunidades rurais é um conjunto de objetivos em constante evolução, essenciais para a criação de cidades sustentáveis. Não apenas precisamos considerar o que está dentro dessas áreas, mas também projetar os limites entre cada uma delas, onde o urbano encontra o rural, e onde o rural encontra os pequenos subúrbios. Nos últimos anos, os urbanistas têm prestado muita atenção à expansão urbana, ou ao que acontece quando as cidades crescem rapidamente para fora dos centros urbanos. O que acontece quando as cidades parecem “se espalhar” fora de controle, e os princípios de planejamento por trás do Novo Urbanismo são capazes de transformar a expansão urbana em comunidades equitativas?
O Novo Urbanismo é uma abordagem de planejamento que surgiu como uma alternativa aos padrões de expansão urbana que se tornaram típicos do desenvolvimento pós-Segunda Guerra Mundial. Ao reintroduzir conceitos para criar quadras que podem ser percorridas a pé, moradias de tamanho médio e comodidades como mercearias, escolas e restaurantes próximos, o Novo Urbanismo dá aos espaços em escala humana um lugar além dos núcleos urbanos. Esses empreendimentos quase se assemelham a mini cidades, com políticas de zoneamento que criam bairros diversos visando estar a apenas cinco minutos a pé do centro até a extremidade mais distante. Os ideais do Novo Urbanismo foram capturados dentro de um manifesto que expõe seus princípios e objetivos para o futuro.
Por outro lado, a expansão urbana ocorre em grande parte devido ao crescimento descentralizado. Embora não haja uma definição única, muitas pessoas a descrevem esteticamente ou por meio de padrões de ruas e moradias. A expansão é o resultado de muitas forças sócio econômicas e culturais. Por exemplo, nos últimos dois anos, vimos pessoas saírem de áreas urbanas para escapar de áreas altamente densas em favor de lugares onde podem ter mais espaço, os valores dos imóveis são mais baixos e a qualidade do deslocamento tende a ser melhor.
Muitas casas nestas áreas são habitações de baixa densidade, unifamiliares, que ficam em lotes pequenos, com pátios privados e em ruas sinuosas sem saída. A densidade nessas áreas é representada pelo tamanho médio do lote, o número de casas em um determinado bairro, ou a área dessas unidades unifamiliares. As áreas de expansão urbana também dependem muito de automóveis particulares, mesmo para viagens curtas, uma vez que estes bairros não são projetados para serem caminhados a pé. Muitas ruas são desarticuladas e não planejadas em um padrão de grade fácil circular. Estas áreas também apresentam empreendimentos de “strip mall”, nos quais estabelecimentos comerciais e amenidades são dispostos nas laterais das ruas principais e cercados por estacionamentos maciços. Estes shoppings são frequentemente compostos por mercearias, lojas de conveniência, grandes lojas varejistas e redes de fast food.
A raça também tem sido considerada um fator que explica a expansão urbana em ascensão. A realocação de moradores das classes média e alta das áreas centrais é o que é frequentemente chamado de “voo branco” e pode levar a áreas adicionais de expansão e valores de propriedade mais baixos dentro das cidades. Em termos de idade, as famílias mais jovens tendem a se mudar para os subúrbios, onde podem viver em lotes maiores em comunidades mais tranquilas. Essas áreas são onde as pessoas podem bancar o Sonho Americano de ter uma casa própria em um bairro de baixa densidade.
A Filadélfia, que sofreu uma expansão urbana bastante significativa e um desenvolvimento dos subúrbios, adotou uma nova visão sobre como limitar os limites para onde as pessoas poderiam se deslocar. Originalmente concebida como uma cidade compacta confinada por rios a leste e oeste, a expansão inicial da cidade veio sob a forma de empreendimentos industriais e pequenos bairros próximos a eles, onde os residentes caminhavam para trabalhar. Muitas pessoas não utilizavam bondes e linhas ferroviárias, mas valorizavam morar mais longe quando as ruas pavimentadas se tornaram mais comuns. Em conjunto com o porte de veículos particulares, as pessoas começaram a deixar o centro da cidade em favor dos subúrbios. Com o passar do tempo, a cidade floresceu com habitações do pós-guerra e incentivos fiscais que empurraram as pessoas para longe. Agora, para combater o rápido crescimento suburbano, a cidade estabeleceu espaços abertos protegidos, onde novas casas ou amenidades não podem ser construídas. Em vez disso, estas áreas protegidas foram transformadas em parques estaduais e locais, áreas de vida selvagem, terras agrícolas e de preservação. Além disso, estas áreas menores exploraram formas de se tornar menos dependentes dos carros e dos transportes públicos.
O Novo Urbanismo e outras políticas de planejamento urbano visam reduzir os impactos negativos do crescimento urbano insustentável e arbitrário. Ao planejar projetos espaciais e antecipar o crescimento populacional futuro, o desenvolvimento pode tornar-se mais ponderado e o uso do solo mais intencional. O Novo Urbanismo, com sua ênfase em previsões de zoneamento, limites de crescimento, empreendimentos habitacionais de médio porte e bairros feitos para os pedestres, é uma das formas mais fortes que temos para tornar a expansão urbana mais contida.
Este artigo é parte dos Tópicos do ArchDaily: O que é uma boa arquitetura?, orgulhosamente apresentado pelo nosso primeiro livro: The ArchDaily Guide to Good Architecture.
Fonte: ArchDaily
Publicação Ambiente Legal, 07/11/2022
Edição: Ana Alves Alencar
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