Conheça novidades que vão mudar o futuro da iluminação e preservar o meio ambiente.
Por Vitor Lillo
O reinado das lâmpadas incandescentes, que já dura mais de 130 anos está próximo do fim. Em julho de 2012 entrou em vigor uma portaria do Ministério de Minas e Energia (MME) para retirar todas as lâmpadas incandescentes do mercado em até cinco anos.
Trata-se de uma tarefa complicada. Ainda que as lâmpadas fluorescentes – que economizam até 7,2 kWh por mês – estejam na liderança, 40% dos consumidores brasileiros ainda preferem a boa e velha luz amarelada, apontam dados da Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux).
Diante desse cenário de “fim de uma era”, o que esperar da próxima? A resposta se resume a uma sigla: LED. Criada há pouco mais de 50 anos, a tecnologia vive agora seu apogeu. Aos poucos começa a fazer parte da iluminação pública ou em semáforos e logo será uma presença ainda mais comum em residências.
“Hoje está começando uma mudança de cultura e design [em iluminação]. A luz será oferecida de forma diferente, não como ponto de luz isolado, mas como uma luz que surge de um nicho e irradia pela casa. A cortina vai se transformar em luminária”, projeta Luís Henrique Nouailhetas, dono da New Energy, empresa que desde 2006 trabalha no setor de iluminação e geração de energia renovável.
O LED, sigla em inglês para diodo emissor de luz, é, na verdade, um semicondutor como o dos chips de computador. Ele “transforma” a energia elétrica em luz, sem precisar de filamentos ou de gases. Com isso a vida útil desse tipo de lâmpada é de 50 mil horas, maior que a das lâmpadas convencionais, de apenas mil horas. Mas isso não é tudo.
“Ele não emite calor e nem raios UVA e UVB, danosos tanto para o ser humano quanto para os objetos. É um produto ecofriendly [derivação em inglês de sustentável], ou seja, desde a fabricação desde os componentes, não há qualquer geração de resíduos ambientais”, explica Nouailhetas.
Apesar de todas as vantagens,o grande obstáculo para a expansão da iluminação à LED está no custo. Para se ter uma idéia, uma lâmpada incandescente de 60W custa entre R$ 2,00 e R$ 5,00, enquanto que uma de LED de 12W, que produz o mesmo brilho da incandescente, não sai por menos de R$ 60,00.
“Mas isso [o preço] vem baixando. Pra hoje você considera que usuários acima de 12 horas dia já encontram um payback razoavelmente satisfatório”, sustenta Luis Henrique.
E as perspectivas é a de que o preço caia ainda mais nos próximos anos com a construção de fábricas de lâmpadas LED no país. Empresas chinesas, coreanas e européias estão de olho em parceiros brasileiros. Para o dono da New Energy, as perspectivas são animadoras. “[Queremos] dobrar a cada ano, a gente imagina um crescimento bem grande”, resume Nouailhetas.
Devorando lâmpadas
70% da iluminação artificial do mundo vêm de lâmpadas fluorescentes. Mais econômicas e brilhantes, foram incorporadas à vida dos brasileiros principalmente depois do apagão de 2001 e, atualmente, 290 milhões de unidades são vendidas por ano no país. Porém, elas trazem consigo um grande problema: o descarte.
Estima-se que 95% das lâmpadas fluorescentes sejam descartadas em lugares inadequados. Aquela lâmpada que você embala no jornal e deixa para o serviço de coleta vai parar em aterros e lixões, um verdadeiro perigo para a saúde e para o meio ambiente. Isso porque as lâmpadas fluorescentes têm mercúrio, um metal altamente tóxico que pode contaminar água, solo e pessoas.
A situação motivou a Abilux a propor que os consumidores entreguem as lâmpadas usadas em postos de coleta no comércio. Uma associação sem fins lucrativos responsável pelo transporte e pela descontaminação receberia dos fabricantes R$ 0,40 por lâmpada vendida. O custo seria repassado para o consumidor no preço da lâmpada.
Atualmente, já existem empresas que fazem da reciclagem e descontaminação de lâmpadas um negócio. A Naturalis Brasil, empresa de Itupeva, nos arredores de Jundiaí, tem como carro-chefe um aparelho portátil com um nome simpático: Papa-Lâmpadas. Esse aparelho, importado dos Estados Unidos e certificado pela Universidade de São Paulo (USP) devora, ou melhor, tritura a lâmpada dentro de um tambor.
Em seguida, os materiais pesados da lâmpada, como o vidro, o alumínio e o mercúrio, se depositam no fundo do tambor. Já o pó de fósforo, as micropartículas de vidro e o vapor de mercúrio ficam em suspensão dentro desse tambor, sendo sugadas e coletadas por uma unidade aspiradora externa devidamente blindada. Assim, o vapor de mercúrio é retido em outro compartimento forrado de carvão ativado.
A Naturalis tem 20 papa-lâmpadas que prestam serviços em várias partes do estado de São Paulo. Tem na sua carteira de clientes, empresas como Queiroz Galvão, Odebrecht, Copersucar, Citrosuco que representam a maior fatia de mercado da empresa.
“O Poder Público, agora com a Política Nacional de Resíduos Sólidos tem se preocupado um pouco mais, mas não muito mais. Teve uma grande demanda entre 2010 e 2012 em questão de destinação adequada”, explica Giuliano Di Masi, dono da Naturalis, que não atende pessoas físicas, mas estas podem depositar as lâmpadas queimadas em pontos de coleta nas grandes lojas de materiais de construção, para as quais, a empresa também presta serviço.
A Naturalis também realiza projetos de reciclagem duas vezes ao ano. Em uma dessas ações, realizada em uma academia da Capital, cerca de 2.300 foram devoradas pelo Papa-Lâmpadas em um só dia. “Teve a história de um cliente da academia que é dono de restaurante e tinha seis lâmpadas dessas tubulares, um dia ele foi lá, levou as lâmpadas e saiu mais que satisfeito”, relata Di Masi, que aponta a falta de cultura das pessoas e de empresários como entrave para o descarte correto de lâmpadas.
“O problema está na falta de educação das pessoas. Falta um pouco de comunicação, de procura da pessoa física, mas a gente que tem esse trabalho sabe que muito lojista, principalmente os de bairro, estão começando a ter essa preocupação e a população está colaborando, quando tem custo o lojista acumula e joga fora no lixo comum”.
A chegada das lâmpadas de LED não preocupa tanto Giuliano, que assumiu recentemente o comando do negócio, fundado por seu pai, Plínio Di Masi, falecido há dois anos. Para ele, o processo de popularização das novas lâmpadas ainda vai levar tempo.
“Ainda há muita lâmpada por ser reciclada, estamos falando em torno de 330 mil lâmpadas fluorescentes por ano. Acho que com a entrada da LED não vai ser dentro de um dois anos que todos vão estar adaptados a essa situação, principalmente pelo valor, mas não sei se vai demorar 10 anos para que todos tenham aderido à LED”, afirma Di Masi.
Parafraseando Thomas Alva Edison, inventor da lâmpada incandescente, para fazer da iluminação artificial um negócio bom para a sociedade e o meio ambiente, serão necessários “1% de inspiração e 99% de transpiração”.
Estou precisando do interruptor usado nas piscina igui modelo antigo.