Há uma realidade inescapável e que salta aos olhos no Brasil dos mortais (o Olimpo está em Brasília): estamos em uma Guerra Civil!
Por Eduardo Perez de Oliveira
Os espartanos ficaram conhecidos popularmente pela batalha das Termópilas e se notabilizaram por sua honra, intrepidez e por preferirem a morte a abandonar a defesa de seus companheiros em armas e dos seus concidadãos.
Dentre as várias características singulares da Lacedemônia, uma delas era de que a urbe não possuía fortificações. O rei espartano Agesilau, questionado por um estrangeiro onde estavam os muros, apontou para seus homens e disse: “Estes são os muros de Esparta!
Assim como em Esparta, os muros de nossa Democracia são nossos guerreiros urbanos, as forças policiais, e esse muro está ruindo.
Os mais inocentes poderão dizer que nossos muros são as leis. De fato, as leis são a estrutura de nossa sociedade, mas não são o anteparo da barbárie.
A lei só tem valor se houver como aplicá-la no mundo real. Caso contrário não passará de uma pomposa – e cara – sugestão. Ihering, grande jurista, referindo-se ao tradicional símbolo da justiça, já alertava que o Direito sem a balança é a mera força bruta, e sem a espada é a pura impotência.
Cogite: se alguém se aproxima de você com a intenção de tomar sua vida, você tem quatro alternativas: a) tentar escapar; b) reagir e fazer cessar a ameaça; c) tentar convencer o agressor do contrário pelo diálogo; d) entregar sua vida.
Ou seja, se você não puder fugir, convencer do contrario ou reagir, terá que entregar sua vida bovinamente.
O que funciona como elemento de dissuasão para aquele que se propõe a agir de forma contrária à justiça? Balões brancos, pintar a unha de branco, fazer o símbolo de pomba da paz com as mãos?
Não!
Somente o medo de que uma força maior o detenha é capaz de dissuadir o criminoso. Nenhum argumento racional fará cessar o ato de um homem “mau” com uma arma, somente um homem “bom” portando uma arma o fará.
E os policiais, o simbolismo da farda ou distintivo que ostentam, são capazes de dissuadir muitos da prática do ilícito, embora não tanto mais quanto antigamente.
É graças à existência desses homens e mulheres que juraram defender a lei e a ordem, que tornam real a sanção do Estado, que você tem a liberdade de aproveitar sua vida, inclusive para criticá-los.
Nisso não há exagero nenhum. Estude história. Entenda o que acontece com a população civil dos locais sem estado e sem leis, em que as milícias e pequenos chefes do crime dominam e aplicam suas próprias normas, não voltadas ao bem comum, mas aos interesses pessoais.
Pense. Vá além do seu mundo tradicional e imagine o que aconteceria se subitamente não existissem mais forças policiais para conter a criminalidade.
Você acha que a sociedade é formada por pessoas boas apenas? Pense de novo.
Com a mesma coragem que alguém usa o celular ao dirigir quando não há fiscalização, alguns matam, roubam, estupram, e isso independe da condição financeira ou escolar.
Já diz o adágio que o poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente. Aquele que sabe que não haverá nenhuma punição, praticará os mais escabrosos atos. Somente sua consciência o limita.
O quadro é grave. Não bastassem o armamento e viaturas sucateadas, as proteções deficitárias, também os policiais estão sendo assassinados às centenas sem que a imprensa se importe. Em qualquer outro país civilizado e democrático seria motivo de preocupação, mas o Estado e a mídia tratam essa aberração de forma banal.
E quando um, dentre dezenas e dezenas de milhares, pratica um crime, todos são julgados por este. Não existe instituição isenta de bandidos, mas a dizer que toda ela é formada por criminosos é leviano e injusto.
A nossa Constituição diz que ninguém será presumido culpado, o que não vale para o policial, que sempre deve provar que agiu certo, mesmo quando a sua vida, e a de outros, estavam em risco. Para todos, a presunção de inocência, para as forças policiais, a presunção de culpabilidade.
Esquecem que atrás de uma farda, de um distintivo, existe um pai ou mãe de família que sai de casa para proteger gente que nem conhece, repugnado por uma sociedade que o chama de truculento, corrupto, bandido.
Esse muro de fardas tem sangue e tem lágrimas. Tem gente rezando em casa para que essa farda volte inteira. Há filho que não terá uma mãe no Dia das Mães, não terá um pai no aniversário. Pais ficarão sem seus filhos no Natal. Esposas sem maridos. Maridos sem esposas.
Esses guerreiros e guerreiras se armam de fé e de coragem para lutar por uma sociedade que não os reconhece, porque a honra e a compaixão neles é maior do que o egoísmo. E não se diga que são pagos para isso, porque estou certo que muitos dos que criticam nem pelo cêntuplo do que eles ganham se envolveriam em uma troca de tiros com criminosos ou aguentariam as ofensas diárias.
O Brasil é um país com mais de 60 mil mortos por ano, e, mesmo com uma legislação e interpretações que favorecem o criminoso, com uma produção jurídica, acadêmica e sociológica voltada quase totalmente para atender ao agente infrator, com uma comunidade que não reconhece seu valor, os policiais insistem em lutar.
Nosso muro está rachando, já possui severas fissuras. A represa que contém o mar de sangue já não mais se segura, e, entre pai e filho policiais executados e helicópteros caindo, ela ameaça romper.
O Brasil precisa ser passado a limpo e, se não é possível começar de cima para baixo, comecemos de baixo para cima.
Apoie as forças policiais.
Cumprimente, agradeça seu trabalho, dê um bom-dia, porque ele está disposto a dar a vida por você, um estranho.
Temos que conter a maré de violência até onde for possível, enquanto o país passa por sua necessária auditoria, esperando que dessa vez a nação escolha o caminho certo na bifurcação.
Pense, ainda que por um instante, além dos dogmas que te empurraram garganta abaixo: dê suporte aos policiais de sua região, faça-os saber que a sociedade os reconhece, apesar do que dizem parte da grande mídia, as políticas de estado e os “grandes pensadores tupiniquins”.
Além de cobrar e fiscalizar os agentes de estado, devemos tratar os bons com respeito e honra. Os policiais, hoje enlutados, têm os meus.”
Eduardo Perez de Oliveira é Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
Fonte: http://coronelpmpelissari.blogspot.com.br/2016/11/a-muralha-de-farda.html?m=1
Em 25 anos de carreira, pela primeira vez, vejo um agente do judiciário, falando bem da nossa instituição “Polícia Militar”. Ante o perigo a pessoa ora a Deus e chama a PM, passado o perigo, se esquece de Deus e amaldiçoa a PM. Parabéns a esse d. Juiz e muito obrigado pelas palavras muito bem colocadas.
Com certeza, não é somente pelo salário que envergamos nossas fardas, mas é pelas milhares de pessoas de bem, que praticam e disseminam a verdadeira paz, que juramos sacrificar nossas próprias vidas. O bom dia, o sinal de positivo com o polegar, o olhar afetuoso de um cidadão na rua, o sorriso de uma criança, as suas palavras, Meritíssimo Senhor Juiz Eduardo Perez de Oliveira, são a demonstração de que a luta, na qual voluntariamente nos engajamos, é uma das causas mais nobres pela qual se pode viver(ou morrer) um homem. Que os seus passos sejam sempre guiados por Uma Força do Bem, que vem do Alto, Jesus Cristo.
Depois de 30 anos de caserna de tempos difíceis que já passamos, nada se compara a época que estamos vivenciando agora.
A corrupção de políticos que envergonham nossaa Nação, sem ao menos serem presos, continuam legislando rindo, não levando a sério os anseios da sociedade.
O crime organizado infiltrado dentro do sistema eleitoral, com contribuição duvidosa a candidatos sem escrúpulo e sempre com segundas intenções em tirar vantagens futuras em licitações e desvio de verba publica, contribuindo para a diferença social entre as pessoas, consequentemente elevando o índice criminal.
Parabenizo o Dr. Eduardo Perez de Oliveira, Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás por sua visão em relação a Polícia Militar.
A MURALHA DE FARDA TEM SANGUE E LÁGRIMAS