Por Bruna Soldera
A água é um recurso fundamental para a vida, desempenhando um papel essencial em todas as áreas, desde a saúde até o desenvolvimento econômico. No entanto, a importância da água vai além da simples sobrevivência; ela é a base para a prosperidade de comunidades e nações inteiras. O acesso à água potável e ao saneamento adequado é crucial para garantir a saúde pública, reduzir a propagação de doenças e promover a dignidade humana.
Investir em infraestrutura de água e saneamento não é apenas uma questão de saúde pública, mas também de desenvolvimento sustentável. Ao garantir o acesso universal à água limpa e ao saneamento básico, podemos melhorar a qualidade de vida de milhões de pessoas, reduzir a pobreza, promover a igualdade de gênero e fortalecer as economias locais. Além disso, sistemas de água e saneamento eficientes desempenham um papel crucial na preservação do meio ambiente, ajudando a proteger ecossistemas aquáticos e a garantir a disponibilidade de água para as gerações futuras.
É fundamental que governos, organizações não governamentais e setor privado trabalhem em conjunto para garantir que a água e o saneamento sejam acessíveis a todos, contribuindo para um mundo mais saudável, justo e sustentável.
Censo 2022: temos água e saneamento para todos?
No Brasil, dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam avanços significativos, mas também desafios persistentes nessa área crucial.
De acordo com o último censo demográfico, realizado em 2022, o país alcançou a marca de 62,5% da população vivendo em domicílios conectados à rede de coleta de esgoto. Esse número representa um aumento notável em comparação com os 44,4% registrados em 2000 e os 52,8% em 2010 (AGÊNCIA IBGE, 2024). Esse progresso é um reflexo dos investimentos em infraestrutura realizados ao longo das últimas décadas.
Além disso, quando consideramos não apenas os domicílios conectados à rede de esgoto, mas também aqueles com esgotamento por rede coletora ou fossa séptica, observamos um aumento consistente: 59,2% em 2000, 64,5% em 2010 e 75,7% em 2022. Esse crescimento demonstra um esforço contínuo na ampliação do acesso ao saneamento básico em todo o país.
Um aspecto particularmente destacável é que, entre 2010 e 2022, todas as unidades da federação registraram aumento na proporção da população residindo em domicílios com coleta de esgoto e na proporção dos habitantes morando em domicílios com esgotamento por rede coletora ou fossa séptica, um destaque vai para o Mato Grosso do Sul, que apresentou o maior crescimento neste último indicador, com um aumento de 34,8 pontos percentuais (AGÊNCIA IBGE, 2024).
No entanto, apesar desses avanços, ainda há desafios significativos a serem enfrentados (AGÊNCIA IBGE, 2024):
- Em mais de 2.300 municípios, menos da metade dos habitantes residia em domicílios com esgotamento por rede coletora ou fossa séptica.
- 49 milhões de pessoas em residências sem descarte adequado de esgoto (24% da população);
- 6 milhões de pessoas sem abastecimento de água adequado (3%).
No que diz respeito ao acesso a banheiros, houve melhorias significativas, com 97,8% da população tendo pelo menos um banheiro de uso exclusivo em 2022. No entanto, ainda há uma parcela significativa da população vivendo em condições precárias, com 0,6%, ou seja 1.2 milhão de pessoas habitando domicílios sem banheiros, sanitários ou buracos para dejeções (AGÊNCIA IBGE, 2024; G1, 2024).
No que se refere à coleta de lixo, 90,9% da população eram atendidos em 2022, com os métodos mais comuns sendo a coleta no domicílio por serviço de limpeza e o depósito em caçambas de serviço de limpeza, mas ainda há 18 milhões de habitantes sem coleta de lixo (AGÊNCIA IBGE, 2024; G1, 2024). São Paulo se destacou com o maior percentual de população atendida por coleta de lixo (99,0%), enquanto o Maranhão registrou o menor (69,8%), embora tenha sido a UF que mais expandiu a cobertura da coleta de lixo entre 2010 e 2022 (AGÊNCIA IBGE, 2024).
A situação mais alarmante está no Nordeste brasileiro, a região possui quase 1,9 milhão de pessoas (3,5%) que utilizam carro-pipa para abastecimento de água, quase um milhão de pessoas (1,8%) utilizam água de chuva armazenada, cerca de 760 mil pessoas (1,4%) captam água direto de rios, açudes, córregos lagos e igarapés e quase 600 mil pessoas (1,1%) de outras fontes não apontadas (EXAME, 2024).
Essa realidade alarmante reflete as disparidades no acesso aos serviços básicos de saneamento básico em uma região que historicamente enfrenta desafios relacionados à escassez hídrica e à falta de infraestrutura adequada. A dependência dessas soluções emergenciais revela não apenas a urgência de investimentos em infraestrutura de abastecimento de água, mas também a necessidade de políticas públicas voltadas para a promoção da equidade e do desenvolvimento sustentável na região (EXAME, 2024).
Os dados mais recentes sobre saneamento básico no Brasil indicam um progresso significativo, mas também revelam desafios persistentes. É fundamental que o país continue investindo em infraestrutura e políticas públicas para garantir que todas as comunidades tenham acesso a condições dignas de moradia e saneamento, promovendo assim o bem-estar e a qualidade de vida de todos os brasileiros.
Referências:
Fonte: Água Sustentável ORG
Publicação Ambiente Legal, 09/04/2024
Edição: Ana Alves Alencar
As publicações não expressam necessariamente a opinião dessa revista, mas servem para informação e reflexão.