Uma indicação ruim só pode andar por caminhos piores…
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
Um sintoma minúsculo de um grande conluio
Não há evento hoje que não reflita o lixo.
Um exemplo: O Ministério da Justiça ficou acéfalo em plena crise na segurança pública nacional. A acefalia se deveu à “conveniência do carreirismo”.
O Presidente da República “dispensou” o ocupante da pasta, Alexandre Morais, autorizando seu afastamento para que buscasse apoio, no Senado e no Supremo Tribunal Federal, à sua indicação para a vaga de Ministro do mais alto pretório do país.
Como já disse antes, Temer pode estar se livrando de uma batata quente que tem lhe criado enormes desgastes e, também, engajando o complicado tucanato paulista, inoculando o afilhado de Alckmin na suprema côrte brasileira.
A introdução de um afilhado tucano na Suprema Côrte do país ocorre no momento mais crítico da Operação Lava-Jato – quando tucanos paulistas começam a pipocar nas listas de delações premiadas, ao lado de peemedebistas, petistas et caterva.
Por óbvio que uma indicação ruim só pode andar por caminhos piores ainda.
Livre de suas responsabilidades, Alexandre Moraes, o indicado para o STF, protagonizou noitada de vinho com “sabatina simulada” em um barco-chalana -notoriamente apelidado de “barco do amor”, de um Senador da República. Ali, confraternizou longamente com vários senadores ANTES das ditas autoridades o sabatinarem, de forma isenta, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal.
O comportamento foi escandaloso. No entanto, foi admitido sem qualquer constrangimento pelas altas autoridades do Poder Público nacional.
Esta é a medida exata do “padrão moral” que vem sendo de há muito imposto à República. Um lixo de promiscuidade somado à ausência absoluta de espírito público.
De fato, qualquer homem que preze sua careca – expressão biológica de masculinidade, JAMAIS abandonaria o comando das ações à frente do ministério da justiça, no momento em que centenas de brasileiros são assassinados na rua e milhões permanecem presos em suas casas…. sem segurança pública. Diria meu finado avô Antenor Pinheiro que esse carreirismo explícito… “não é coisa de homem”.
O episódio, minúsculo em todos os sentidos, é sintomático de algo mais grave: um grande conluio em ação contra a pátria.
O STF não é palco gratuito dessa tragicomédia. Parte da conspiração desprezível ocorre nas hostes da jusburocracia encravada no Poder Público.
A instrumentalização da Operação Lava-Jato
Os vermes da república se movimentam solertes para açambarcar e desmoralizar a operação lava-jato e demais investigações de crimes de corrupção no Brasil. E contam com a cumplicidade de grande parte da jusburocracia encastelada no Poder Público.
A falta de transparência nas apurações em curso na Operação Lava Jato, muito contribui para esse processo. Informações “vazadas seletivamente”, somam-se à total falta de iniciativa do STF, em produzir algo de mais útil e concreto que autorizar diligências fatiadas. Enquanto isso deduragens recíprocas e benesses desproporcionais transformam a confissão de delitos graves em negócio lucrativo, para bandidos e ratazanas institucionais. Vivemos uma espécie de república dos delatores…
Esses lamentáveis fatos constituem claro indício da assunção das investigações do risco de servirem como instrumento de pressão para obtenção de vantagens institucionais. Isso, definitivamente, não se admite em um Estado Democrático de Direito, muito menos em face do maior caso de corrupção da história da humanidade.
Mercado de privilégios
No cipoal de apurações de escândalos há quem trate de fatiar em largas prestações o que se passa na apuração do assalto trilhardário ao dinheiro do povo brasileiro. Há quem palpite e decida CONTRA a constituição, contra as leis e contra os valores morais que conservam o nosso tecido social. E há quem esteja fazendo as duas coisas, simultaneamente.
Essa mesma “panaceia de ativistas judiciais” não hesita em laborar privilégios e vantagens funcionais CONTRA os parcos recursos do Estado e, taambém, A FAVOR de suas estreitas porém ilimitadas ambições pessoais.
Enquanto essa geleia de posturas judiciais mantem acovardados os vermes, insetos e outros parasitas que infestam a política nacional, o Estado é entregue de bandeja à santa inquisição do século XXI.
Os novos torquemadas imaculados, a título de a tudo moralizar, só moralizam o que lhes interessa.
Nos presídios a covardia institucional fala mais alto. A negociação envolve a alta administração, que formula acordos com o que há de pior na escória da sociedade brasileira: o crime bárbaro, covarde e organizado.
Nas ruas, porém, a população sacrificada se desespera. Cidadãos de bem perdem sua dignidade, desprezados pelos funcionários pagos por ela para proporcionar a segurança. Perdem seus direitos ante profissionais da saúde em greve, burocratas da previdência, cartéis de transporte e saneamento, tudo sem que a “alta administração” se preocupe…
A burocracia, de fato, está empenhada em açambarcar privilégios e maior parcela de poder decisório dentro da república, enquanto os contribuintes atolam na miséria.
Apesar dos trilhões roubados à Nação, ratazanas trocam deduragens entre si e TODOS saem livres em poucos meses. Instituições nacionais se esgarçam e o povo brasileiro cai de joelhos, sentindo suas garantias constitucionais saírem pelo ralo sujo das jurisprudências midiáticas, decisões esquerdizóides e pronunciamentos “politicamente corretos”.
Cristalino a cada dia que passa: o que aí está, não tem condições de prosseguir.
Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB, da Comissão Infraestrutura e Sustentabilidade da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/SP. É membro do Conselho Consultivo da União Brasileira de Advocacia Ambiental, Vice-Presidente Jurídico da Associação Paulista de Imprensa – API, Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.