Como a grande imprensa jogou a reputação às favas e aderiu à mediocridade militante
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
“Na guerra, a verdade é a primeira vítima.” ― Ésquilo
Mediocridade total!
Há uma clara polarização no ambiente político brasileiro. Na polarização, a guerra de narrativas esmaga a verdade e a liberdade de expressão desaparece – judicializada ou fagocitada pelo proselitismo.
Pensar é subversão. O pensamento crítico torna-se perigoso para o ambiente populista que nos afoga desde o início do século. O contexto medíocre projeta lideranças rasas e cobre com a censura e a repressão o espelho da realidade, que as desnudaria.
Na guerra de narrativas, a polarização serve de pretexto para a perda da liberdade. A informação sucumbe e, com ela, a qualidade e a liberdade de imprensa – por onde se transmitem o conhecimento dos fatos, a manifestação, a opinião e o pensamento na sociedade civilizada.
Importante entender esse fenômeno.
Compreender o processo de decadência da imprensa brasileira, no aspecto estrutural e humano, é essencial para a defesa da liberdade e da democracia. E é disso que trata este artigo.
A mensagem e a mídia
“O meio é a mensagem” – expressão emblemática de Marshall McLuhan, define a mídia como a própria expressão do ser humano em sociedade, nunca um mero meio de transmissão.
A impressionante velocidade da evolução dos suportes midiáticos fundiu meio e conteúdo, gerando enorme impacto na forma de pensar, agir e reagir do indivíduo, transmissor e receptor da informação. Não por outro motivo, o grande filósofo da comunicação definiu a transformação do meio como determinante em relação ao próprio conteúdo ¹; ou seja, somos hoje afetados por um determinismo tecnológico capaz de alterar o mecanismo de cognição – a compreensão da informação que recebemos. Daí a conhecida citação de Paulo Serra², de que preocupar-se com o conteúdo da mensagem e seus “efeitos”, ignorando o meio que a veiculou, equivale a preocupar-se com a “doença”, se esquecendo do doente.
Esse contexto é crucial para compreender o quanto uma mídia doente contamina e adoece a sociedade que dela se alimenta de informações. Serve também para acordarmos para o fato dessa doença midiática constituir mero sintoma da agonia do Regime que nos governa – e que a pretexto de tutelar a “democracia”… trata de desconstruí-la, suprimindo a tolerância, a liberdade de opinião, de protestar, o direito de manifestação, o pluralismo e o próprio exercício da Soberania Popular.
A mediocridade da mídia tupiniquim expressa a mediocridade dos que hoje dirigem o Estado e governam politicamente a sociedade.
Mídia de micos
A “informação possível”, hoje tutelada e manipulada, é excretada por profissionais que rasgam a própria biografia (e outros sem nada para rasgar), reféns que se tornaram do Estado.
Triste constatação: meios e profissionais antes respeitados, hoje se dedicam a transmitir “pós verdades”, “lacrar” e reduzir a pó o exercício da crítica jornalística – que por definição deveria seguir comprometida com os fatos. Gente capaz transformada em “micos de redação”, que dança conforme a música do realejo editorial tocado pelo establishment – sistema composto dos elementos que tudo fazem para que nada mude… e que, no momento, patrocina o regime populista que perverte e desconstrói a democracia.
O fato é que o fato jornalístico perde-se no labirinto da censura dissimulada. Dissimula, difama, refaz biografias, intimida, desacredita, acusa, assedia e reprime.
Os “micos” também adulam idiotas, apagam o passado de ladrões, elogiam marginais, distorcem fatos e festejam a leviandade.
O objetivo estratégico – determinado pelo establishment, é claro: destruir a liberdade de expressão, consolidar uma ditadura populista e castrar a democracia… sempre a pretexto de salvá-la.
O processo de desintoxicação, contudo, não é e não será fácil. A síndrome das ideias toscas acomete redações e assessorias de comunicação há décadas, inoculada como vírus no jornalismo brasileiro e internacional.
Analisemos esse processo.
A mídia amestrada pelo bolso
Nas últimas cinco décadas, do final do governo Geisel, passando pela “Nova República”, concretizou-se uma firme dependência econômica dos veículos de mídia com o Estado.
Os principais meios de comunicação no Brasil deixaram de “vender edições” para sobreviver de patrocínios – publicidade paga com gordas verbas de propagandas governamentais e enormes empresas estatais.
Essa escolha – ditada pelas circunstâncias econômicas e, também, por uma leitura distorcida do mercado, destruiu o compromisso da imprensa para com seu público. Desvinculou a linha editorial das matérias publicadas, confundiu leitores e subestimou a inteligência dos assinantes, redirecionou a editoria conforme o interesse do patrocínio e, com isso, distorceu o sentido de “opinião pública”.
Me lembrei de Peter Drucker, grande mestre da ciência da Administração, que por experiência adquirida em anos de trabalho nas redações, alertava jornais americanos para o risco de abandonar o foco de mercado na assinatura e na venda da edição, priorizando, como fonte de renda, a publicidade paga. Drucker vaticinava que, dessa forma, o empresário matava o negócio do jornalismo, corrompia o jornalista e viciava o meio, tornando a editoria dependente dos factoides por encomenda.
A dependência das verbas, é fato, destruiu a credibilidade da grande imprensa e esmagou o jornalismo independente.
Agências de publicidade e engajamento editorial
Mas não há nada que esteja ruim… que não possa piorar.
O advento das agências de propaganda e suas medíocres direções de mídia e conexões – verdadeiros dealers da droga do patrocínio, terminaram o serviço de destruição de toda uma geração de grandes órgãos de imprensa e seus jornalistas.
Grandes revistas de circulação nacional (Realidade, Senhor, Visão, Manchete, Cruzeiro, Fatos & Fotos), tornaram-se “desinteressantes” para uma nova geração de publicitários encantados com novos tipos de anúncios e novas fórmulas de engajamento político-editorial. Editorias independentes começaram a ser preteridas nos “jabás” (para não comprometer marcas com notícias críticas).
O mesmo ocorreu com importantes meios de informação com linha editorial definida (Jornal do Brasil, Jornal da Tarde, Folha da Tarde, Diário de São Paulo, Gazeta Mercantil, Última Hora, Gazeta do Povo, Tribuna da Imprensa …etc), sem falar nos semanários, jornais de bairro, diários das pequenas cidades e revistas setoriais – todos massacrados pela “cracolândia” midiática, operada por mídia market de agências de publicidade, mini-goebels travestidos de secretários de comunicação e marqueteiros interessados em “calar a boca” de editores que não se subordinavam ao interesse de ocasião ditado pelas gordas verbas de propaganda.
Consolidada a dependência, as concessões de rádio e televisão tomaram conta do horizonte “pré-engajado” da informação e, dessa forma, fizeram a agonizante mídia impressa desaparecer, em grande escala, nas duas últimas décadas do século XX.
O “Populismo do Século 21” e a degradação
No século 21, a máquina de destruir o mercado do jornalismo foi ampliada em escala industrial. O lulopetismo prestou-se a ser o primeiro grande instrumento dessa destruição no Brasil, cooptando meios e profissionais por atacado.
Os governos Lula I e II, passaram a financiar “Blogs Sujos” (mantidos por partidos e governos), e prestigiar assessorias lobistas de imprensa (ou da imprensa lobista), no que se chamou de “jabá chapa-branca“.
Porém, o advento das grandes manifestações de 2013, que se prolongou nos anos que se seguiram, durante os escândalos estratosféricos de corrupção, somados aos embates havidos no ambiente político de transição – em especial no governo Temer, propiciaram um respiro e sensível renovação no ambiente jornalístico, com surgimento de novos atores e mídias – em especial nas infovias – graças, num primeiro momento, a uma internet livre de interferências paquidérmicas provindas do judiciário tupiniquim.
Com a eleição de 2018, o populismo à direita, no entanto, tornou a estressar o ambiente de mídia.
Se na gestão de Bolsonaro o “jabá chapa-branca” secou, não foi difícil para uma imprensa em “crise de abstinência” encetar a batalha contra o inquieto e inquietante bolsonarismo, buscando patrocínio nos grupos interessados na queda do líder escalafobético: de conservadores liberais e lideranças social-democratas, aos partidos e movimentos esquerdistas, passando pelo deep state, jusburocratas a serviço do establishment, banqueiros, indústria petroquímica, indústria farmacêutica, narcoestados e narcotraficantes.
Bolsonaro, é fato, por desconfiar (até com razão) da grande imprensa, apoiou sua estratégia de comunicação no embate por meio das redes sociais. Encontrou suporte, contudo, numa rede de blogueiros de ego inflado, que não permitiam seguir qualquer estratégia positivamente orientada, estimulando ações sistemáticas de cancelamento e destruição de reputações, em especial a desconstrução de críticos do que era dito pelo “mito” no “cercadinho” do Palácio do Planalto. Algo muito similar à máquina de moer reputações dos críticos da incontinência verbal lulopetista.
O próprio Presidente Bolsonaro, “inassessorável”, tratava de se apresentar como “pato de tiro ao alvo” da imprensa engajada, graças à sua incorrigível impulsividade, gerando uma agendanegativa atrás de outra.
Mas é preciso reconhecer que, toda essa confusão de orientações, bem como a forma travar embates diretos com jornalistas e demais governantes, em eventos e entrevistas coletivas, possibilitou – para o bem e para o mal, no período Bolsonaro, a retomada de algum senso crítico no jornalismo da grande imprensa.
Mas é preciso anotar que a distorção de meios e mensagens avançou com o fenômeno denominado “gabinete do ódio” – algo erigido nos moldes similares aos famosos “PACs” republicanos, norte-americanos, mimetizando a metodologia trumpista de usar fake news como tática dissuasória. Esse fenômeno empastelou o ambiente jornalístico, polarizando-o definitivamente. Gerou desinformação e incentivou perseguições de parte a parte.
Inadvertidamente, o imbróglio gerou a oportunidade para que o establishment iniciasse uma espécie de “limpeza ideológica” das redações, que contou com a colaboração reativa e “ativista” de várias importantes editorias nacionais e, também, do suporte judiciário de uma Suprema Côrte progressivamente engajada no ambiente político radicalizado – distorção teratológica para qualquer regime republicano.
Passadas as turbulentas eleições de 2022, o que se observa, no governo lulopopulista (ou “LulaIII”), é o recrudescimento da censura, da prática do “cancelamento”, da judicialização do direito de manifestação e da “limpeza ideológica” do ambiente de comunicação, incentivado por ações explícitas de censura, ocorrentes sob as bençãos de um judiciário engajado e uma imprensa cooptada.
Com “Lula III”, definitivamente, a censura recrudesceu. Um golpe nas liberdades democráticas sob o pretexto de combater o “golpismo”… com terríveis consequências.
Óbvio ululante, diria Nelson Roodrigues: contribuir para o “fazuele“, a pretexto de reprimir fake news “golpistas”, não só não resolveu a crise de informação, como, pelo contrário, recrudesceu a polarização. E a sanha totalitária se intensificou, proporcionalmente à perda de qualidade da informação.
Digitalização disruptiva
Se o descompromisso editorial “libertou” o leitor da fidelidade para com o meio, a mídia digital tratou de por a pá de cal no vínculo.
A digitalização da mídia foi disruptiva, e parece ter contribuído para a perda de qualidade do conteúdo em prol do meio.
A disrupção se iniciou com newsletters editorialmente dirigidas para os e-mails dos leitores. Posteriormente, hardnews produzidas na garagem, por pequenas mídias, recortadas e reproduzidas em sites de vídeos, viralizaram nas redes sociais. Streamings ematérias frias, produzidas em documentários transmitidos na televisão à cabo, esvaziaram a audiência dos canais de televisão aberta – em especial o noticiário. No momento atual, a informação passa a ser buscada nas matérias postas em redes digitais e recortes em podcasts multimídia.
O impressionante encarecimento dos custos de produção, impressão e distribuição do material, por outro lado, também contribui para encerrar a era dos jornais e revistas – hoje reduzidos a poucas empresas – as quais tratam de decepar as mãos dos editores para seguir o que dita o patrocinador no plantão do poder… exceção a um ou outro corajoso escrito, perdido nas páginas internas do veículo.
Todo esse processo representa um profundo incremento na interatividade entre meio, mensagem, geradores e receptores. A redução no tamanho dos textos e artigos, diretamente proporcional à perda de conteúdo e profundidade, acompanha o aumento do ceticismo e reação crítica da audiência – que abandonou o instinto de platéia para “competir” com a mídia, na geração, e também na distorção e compreensão das mensagens.
A mediocridade tornou-se interativa.
Fábrica de militantes e segregação da razão
Fato: a disrupção destrutiva, observada com os meios e as mensagens, acusou sensível perda de qualidade de edição, compreensão e profundidade.
Há evidente queda de qualidade do material humano hoje empregado na comunicação.
Por sua vez, há perda de qualidade diretamente vinculada ao engajamento ideológico dos jornalistas contratados. A infecção de militantes (com ou sem causa), e comunicadores à la carte, se intensificou também nas redações, em prejuízo da própria liberdade de imprensa.
O fenômeno é sintomático da pobreza intelectual que se abateu nas universidades, na área de ciências humanas e, em especial, na comunicação. Cursos de jornalismo transformaram-se em fábricas de militância, verdadeiras madrassas em prol da “crítica sem qualquer senso crítico à crítica”. Madrassas, não faculdades, produzem militantes, não jornalistas.
O fenômeno da cooptação pela mediocridade não é restrito à universidade tupiniquim. A fábrica de indivíduos “plenos de certezas e desprovidos de dúvida”, se estende por todo o continente americano e também na Europa, na esteira do domínio globalista, com profundos prejuízos ao patrimônio cultural democrático e ocidental.
Mas a distorção de qualidade do meio, também distorce o caráter e o senso moral dos quadros nele inseridos. A massa de comunicólogos pretensamente “progressistas”, passou a preencher vagas disponíveis no mercado e, de quebra, tratou de barrar a carreira dos jornalistas independentes.
O aparelhamento ideológico nas redações caçou, cercou, segregou e “silenciou” os jornalistas mais experientes, que não comungavam com a “cartilha”.
Por outro lado, a análise foi substituída pela reação emocional. Com isso, a fábrica de rótulos substituiu o conteúdo da garrafa, permitindo que fosse a mesma comprada vazia. Não por outro motivo, hoje, pensar fora da mesmice é ser “antidemocrático”, questionar “consensos” vira “negacionismo” e criticar o senso comum… configura “fascismo”.
Num procedimento chamado “infiltração em pinça” – editorias cooptadas demitem quem mais não se enquadra… e jornalistas engajados “lacram” no lugar dos demitidos. Para os que ousaram divergir… ocorreu o isolamento, o estigma e o esgotamento econômico, tracionado pela judicialização sistemática.
A morte da verdade
Mas o populismo é uma doença que não sobrevive sem um sistema judiciário lacaio, carreirista e subalterno. Assim, o sufocamento da liberdade de expressão projeta-se sobre a imprensa por meio de uma lawfare permanente, mantida pela indústria das indenizações e promovida por “autoridades ofendidas”, “justiceiros” deslumbrados, “minorias perseguidas” e fiscais do “politicamente correto”.
A razão cedeu espaço para a “lacração” e o cenário de “cancelamentos”, montado pelo establishment, se consolida, destinado a censurar artigos, cancelar blogs e portais, recolher edições, prender e perseguir jornalistas e destruir reputações.
A lawfare, hoje, é notória, e evoluiu para a censura orwelliana: uma ditadura adjetivada como “democracia” e ao que tudo indica, tutelada pela pior judicatura da história do Brasil.
Goebels explica… Freud também.
O fim da liberdade de expressão
As grandes estruturas de mídia destruíram seu glorioso passado, fazendo Líbero Badaró girar no túmulo. Desapareceu a liberdade de imprensa e a livre opinião nas redes de televisão, rádio jornais e mídias digitais – tomadas, domadas, “amestradas”e hoje reprimidas pelo establishment e seus prepostos.
Só não ocorreu, até o momento, o pior – o chamado “controle social” da liberdade de imprensa, porque o Supremo Tribunal Federal – quando ainda julgava com alguma razão, evitou que o corporativismo se apoderasse da carreira de jornalismo, permitindo o exercício livre da atividade intelectual a todo indivíduo que pensa.
Mas… por aqui, tudo pode mudar.
Criticar, hoje, poderá significar “atentar contra a democracia”… amanhã. E é o que se depreende da escalada totalitária no Brasil.
Não por outro motivo, a mediocridade togada tem eco na bajulação midiática. A “simbiose” sinistra institucionalizou a censura na base e nas editorias… e corrói a liberdade de imprensa com ares jurisprudenciais.
A era dos “ismos”O jornalismo no Brasil, parece agonizar.
A polarização, somada à falta de conteúdo e estofo intelectual, absorveu a vetusta Lei de Godwin, a regra das analogias nazistas (“Godwin’s law” ou “Godwin’s Rule of Nazi analogies”), criada de forma satírica em 1990, pelo arguto advogado Mike Godwin.³
Godwin extraiu a regra observando os debates ocorrentes na então nascente internet. Mas a regra aplica-se hoje integralmente, nos debates em rede, nos meios digitais e, também, na imprensa mainstream.
Segundo Goldwin:
“À medida que uma discussão online se alonga, a probabilidade de surgir uma comparação envolvendo Adolf Hitler ou os nazistas tende a 100%.”
Tradicionalmente, nos fóruns de discussão e na mídia, há um “consenso” de que a comparação com o nazifacismo foi introduzida, sempre que o contendor esgotou todos os argumentos razoáveis, ou seja, de fato perdeu a discussão. O “ponto Goldwin” – utilizado por quem não tem mais argumentos, foi adotado pelos adeptos da mesmice, denominando de “golpistas” os opositores do lulopetismo – sejam jovens bolsonaristas fanáticos, seja a velhinha de Taubaté – presa e algemada por sua “enorme periculosidade”… aferida por mera suposição, ao arrepio da lei.
A vulgarização do termo “golpismo”, não se resume aos desavisados do estranho episódio de 8 de janeiro de 2023. É estratégia que visa desprezar e diminuir a dimensão política da impressionante mobilização de massa ocorrida nos meses anteriores, que rejeitou o resultado das urnas.
Anote-se que esse “mantra” se presta para outros termos “fáceis”, que marcam a leviandade característica do comportamento tosco, como “xfobia” (o x pode ser qualquer coisa afeta à ideologia de gênero), “negacionismo” (que eleva o consenso do IPCC à categoria de dogma climático), fake news (do falso ao que não “agrada”), etc…
Ou seja, tal qual um talibã, a mídia engajada reduziu-se ao policiamento de costumes, remetendo ao togado com ares de aiatolá toda manifestação que desagrade o “grande irmão” orwelliano, em prejuízo da liberdade.
Sociopatas pançudos, atormentados por seus próprios demônios, desprovidos de consciência, atuam para suprimir liberdades sob os aplausos da claque pré-engajada e sobre a omissão covarde, o silêncio remunerado e a conivência de quadros incrustrados nas estruturas de Estado. Pantomima trágica, patrocinada por instituições que ao invés de zelar pelo pluralismo democrático, selam o lacre do túmulo da cidadania brasileira.
Mas não há farsa que dure nem caneta que mantenha tinta suficiente para omitir a verdade. Assim, o mundo livre acorda para o cenário mambembe brasileiro enquanto, em escala global, se move para fora do lixo globalista, abandona o medíocre proselitismo “politicamente correto” e busca retomar a dignidade.
O espaço para proselitismos vazios saturou. Não cola mais na consciência crítica ocidental – e não resiste a um simples exercício de lógica. Um sinal de alerta para a sinecura das mesmices instalada nos meios de comunicação.
Conclusão
Já disse uma vez, em outro artigo:
“Só um choque de gestão pode salvar nossa imprensa.
Sempre há uma saída. Nem tudo está, portanto, perdido.
É preciso um choque de gestão em nossos meios de informação. Uma revolução capitaneada pelo que ainda resta de vida inteligente no meio, visando eliminar a mediocridade instalada no seio da imprensa nacional.
O desafio é Rodriguiano.
Como se sabe, a mediocridade é solidária e os “idiotas da objetividade” há muito transbordaram do jornalismo esportivo para a política. É necessário, portanto, devolvê-los ao canto da redação, para tratar de assuntos menores… limpar a área, como se diz no futebol.
Precisamos – todos aqueles que amam a liberdade de imprensa – efetuar o resgate do velho jornalismo investigativo, opinativo, analítico.” 4
Claro que há um exército de profissionais de imprensa dignos, imprensado nesse mecanismo perverso, lutando pela sobrevivência e fazendo uso das brechas disponíveis para fazer valer a busca pela verdade – objetivo primário do jornalismo.
Mas o somatório de exceções meritórias só confirma a regra lamentável.
Assim, tudo que se pode esperar nos próximos anos é a degradação do jornalismo no Brasil, até o “tiro sair pela culatra” e o espírito solidário do brasileiro falar mais forte ante os excessos evidentes da maledicência.
Como se diz… o poder da caneta é sempre efêmero. Uma hora… a tinta acaba.
Notas:
1- MCLUHAN, Marshall, “Os Meios de Comunicação como Extensões do Homem”, São Paulo: Cultrix, 1969
2- SERRA, Paulo, “Manual de Teoria da Comunicação”. Covilhã: Livros Labcom, 2007
3- No original: “As a Usenet discussion grows longer, the probability of a comparison involving Nazis or Hitler approaches one” (https://www.wired.com/1994/10/godwin-if-2/)
4- PEDRO, Antonio Fernando Pinheiro, “Imprensa que Não Mais Impressiona”, in Blog The Eagle View, in https://www.theeagleview.com.br/2012/01/imprensa-que-nao-mais-impressiona.html
*Antonio Fernando Pinheiro Pedro – Advogado formado pela USP, consultor ambiental, Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, Sócio fundador do escritório Pinheiro Pedro Advogados, É membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB, Conselheiro da FIESP e Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa – API. É Editor – Chefe do Portal Ambiente Legal, do Mural Eletrônico DAZIBAO e responsável pelo blog The Eagle View.
Fonte: The Eagle View
Publicação Ambiente Legal, 06/08/2023
Edição: Ana Alves Alencar
As publicações não expressam necessariamente a opinião dessa revista, mas servem para informação e reflexão.