Poesias de Ana Alencar
FALANDO DA VIDA
As vezes não basta falar de amor
Que ele não acontece
As vezes não basta falar da dor
Que ela não desaparece
Há horas de se falar da realidade da vida
Que ela anda tão desenxabida
Há horas de se falar da vida que está na nossa cara
Que ela anda tão desavergonhada
Há horas de se falar dessa vida injusta
Que a justiça que há nela não se ajusta
Há momentos de se falar dessa vida ingrata
Que por mais que façamos menos é grata
Há momentos de se falar dessa vida que maltrata
Que por mais que cuidamos mais ela nos destrata
As vezes por mais que sonhamos
Desejamos e oramos
A vida não é o que esperamos
As vezes sempre haverá a dor
As vezes sempre precisamos falar de amor
Ana Alencar
O PAPEL DA VIDA
Não se escreve a vida
Sem sublinhá-la com paixão
Sem pontuá-la com desejos
Sem desenhá-la com sonhos
No papel reciclado do amor
Ana Alencar
SEMPRE
Há sempre uma verdade escondida
Há sempre uma mentira latente
Há sempre na vida um assombro
Há sempre na dor um aceite
Há sempre um olhar perdido
Há sempre uma angústia no ar
Há sempre uma alegria contida
Há sempre em si mesmo um buscar
Há sempre na alma a fé
Há sempre na lembrança uma canção
Há sempre no desejo um encanto
Há sempre no sonho uma paixão
Ana Alencar
IR-SE
E quando chegar aquele momento
O breve momento
Em que todo o filme passa
E que resta o nada
Aquele breve momento
Em que descerra a cortina
Que cessam os aplausos
E resta o silêncio
Da platéia vazia
Que nesse breve momento
Eu me veja no espelho
Refletido da vida
Os borrões dos suores
O palpitar dos temores
Dos meus medos calados
Que eu me entregue ao momento
Enfim aliviada
Que nenhuma pendência
Tenha sido deixada
Ana Alencar