Por Augusto de Vasconcellos Dias*
“A política tem a sua fonte na perversidade e não na grandeza do espírito humano” – Voltaire
É essa perversidade que se torna mais visível quando falamos de política ambiental no Brasil.
Erro refrativo que fazem esses olhos míopes não enxergarem hoje a catástrofe que o futuro nos reserva. Pensar no lucro hoje é perverso e burro.
Já estamos sentindo o clima mudar no mundo. E com essa mudança, vemos cidades inteiras sendo engolidas por nuvens de poeira. Geleiras sendo derretidas e aumentando o nível dos oceanos ameaçando países inteiros.
Segundo um relatório recente da ONU sobre o clima, o aquecimento global acima de 1,5ºC vai ser “catastrófico” para os países insulares do Pacífico.
A distorcida visão do lucro pelo lucro – inconsequente. E uma falta de política ambiental de verdade que hoje temos no Brasil, nos fará mais pobres e não mais ricos. E quanto maior for a pobreza de nossa gente, maiores os problemas sociais.
A perda para humanidade e principalmente para nossa gente brasileira será irreversível. Não podemos ser inconsequentes com nossas matas, rios e mares. Se o solo empobrecer, pobres seremos. Se nossos rios secarem, morreremos de sede. Se os mares subirem, nossas cidades litorâneas sumirão. Vidas serão perdidas. O futuro estará perdido. A humanidade estará perdida.
Mais uma vez, o Brasil passa por uma crise energética. Qual a razão? A falta de um pensamento em alternativas energéticas. Menos poluentes e menos degradantes. Sem incentivo e investimento nessas alternativas energéticas, dependentes ficamos das atuais matrizes. E o ciclo de apagões poderá ocorrer cada vez mais em tempos curtos.
“Passar a boiada” é travar o futuro.
Os míopes de hoje não querem levar a cabo uma educação ambiental de qualidade. Pois criar cidadãos conscientes de seus papeis de hoje para a melhoria de qualidade de vida no futuro, é destruir sua carteira de lucro atual. São esses os devotos do Deus Dinheiro. Fiéis das queimadas e destruição de florestas.
O número de queimadas cresceu no cerrado em 2021 e atingiram os maiores níveis n a última década. Nos primeiros oito meses de 2021, o bioma teve o maior número de focos de incêndio desde 2012. Dados do Programa Queimadas, do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Na Amazônia, 2.308 focos de calor ocorreram no mês de junho/2021, dados divulgados novamente pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE). É o maior registro de queimadas em junho desde 2007.
Estamos perdendo investimento internacional. Transformando-nos em párias da humanidade. Os piratas ambientais estão levando nossos biomas e nossa gente para caminhar na prancha. E o pior, morreremos não afogados pelas águas dos mares, mas pelo impacto ao solo árido e queimado abaixo de nossos pés.
Precisamos corrigir a miopia que nos assola.
Fonte: O próprio autor
Publicação Ambiente Legal, 19/10/2021
Edição: Ana Alves Alencar
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista, mas servem para reflexões.