Texto preliminar é longo. São quase mil trechos a serem debatidos. Há dúvidas sobre quem pagará a conta e… como pagará a conta.
O clima, portanto, é de insegurança.
Por Maria Luiza Campos
Entrando na última semana da COP21 – Conferência do Clima das Nações Unidas – poucos avanços foram conquistados. No texto preliminar do novo acordo global de clima, que tem 48 páginas, ainda há quase mil trechos em discussão, o que mostra o tamanho do desafio que os negociadores terão na semana final para que se tenha um acordoforte, como todos esperam.
Esse documento precisa ser efetivo para impedir que a Terra aumente sua temperatura em mais de 2º, o que proporcionaria eventos climáticos ainda mais extremos do que os que já estão em curso. “O que antes eram apenas previsões negativas nas quais uns acreditavam e outros não, agora é realidade”, explica André Ferretti, gerente de estratégias de conservação da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, que está acompanhando as negociações direto de Paris.
Uma das principais dúvidas é sobre o financiamento, ou seja, quem vai pagar a conta da redução das emissões de gases de efeito estufa que é necessário efetivar nos próximos anos, até 2020. “Além disso, também é preciso definir a questão do financiamento após a entrada em vigor do novo acordo, em janeiro de 2021”, comenta Ferretti.
Ele lembra que na COP 16, realizada em Cancun no ano de 2010, ficou estabelecido que fosse criado um fundo, o Fundo Verde do Clima, para ajudar os países em desenvolvimento a lidar com o aquecimento global. “Seriam medidas de redução de emissões e também de adaptação aos impactos que já estão afetando a qualidade de vida em todo o planeta”, destaca. A promessa era de arrecadar US$ 100 bilhões por ano até 2020, em recursos públicos, privados e fontes alternativas. “Já estamos no final de 2015 e até agora esse valor anual nunca foi alcançado”, completa o gerente. Os países em desenvolvimento argumentam que precisam de mais recursos, ao passo que os países desenvolvidos não estão nem conseguindo doar o que foi acordado.
“O que temos percebido aqui em Paris é que todos acreditam que sairemos da COP21 com um novo acordo global de clima. A dúvida maior é sobre se será legalmente vinculante (força de lei) ou voluntário, qual o nível de ambição (impedir aquecimento superior a 1,5 ou a 2 graus Celsius até o final do século), e financiamento (quem pagará a conta)”, conclui. Essas questões serão respondidas até a próxima sexta-feira (11), quando o encontro for encerrado.
Fonte : NQM Comunicação
Maria Luiza Campos é jornalista e assessora de comunicação da NQM Comunicação
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