Por Ricardo Viveiros*
O mês de dezembro está para cada ano que passa como o domingo está para cada semana. Uma época feliz. Mas, este dezembro de 2021 se caracteriza como um “domingo” de toda a existência humana.
Foi um ano bem longo, embora tenha passado bem rápido. Foi drástico, trágico, triste e nós aprendemos muito. Sentimos medo, angústia, desespero, raiva e, mesmo assim na incerteza de um futuro melhor, nos tornamos mais corajosos, fortes, esperançosos e renovamos nossa fé.
Demonstramos nosso amor.
Embora distanciados, estivemos mais próximos do que nunca. Choramos, reconhecemos, aplaudimos, gritamos e nos auxiliamos mutuamente.
Ficamos indignados com os populistas, os negacionistas, os corruptos e os aproveitadores que fizeram da Covid-19 fonte de vantagens pessoais e de grupos.
Enterramos nossos mortos sem velório, sem despedida, sem abraços e beijos. Fizemos carinhos à distância, com o olhar e transmitindo as energias emanadas de nossos corações e mentes.
Descobrimos o valor de existir. A cada novo dia, soubemos dar graças à vida!
E aprendemos com os cientistas – os únicos e verdadeiros arautos da verdade –, sobre medicina, biologia, farmacologia, química, psicologia, nutrição, tecnologia e outras áreas até então invisíveis em nosso dia a dia, embora sempre presentes.
Nunca aconteceram tantas coisas em tão pouco tempo. E seguimos vivos, e convencidos de que a morte de muitos não foi em vão. Que devemos empunhar a bandeira da verdade em nome de cada um dos que se foram, para preservar os que ficaram. E honrar a memória das vítimas da pandemia.
Somos todos sobreviventes.
Dezembro é um mês muito além de apenas um tempo especial, e este de um ano que não será esquecido. Podemos, de fato, sentir a emoção que envolve um período que se vai e um novo que chega acenando com esperança.
Este ano pareceu, muitas vezes, que seria o fim do Mundo. Mas, foi apenas um começo de um futuro melhor. Portanto, é hora de rever posições, dizer que amamos, perdoar, estender a mão a quem está precisando de apoio.
Este dezembro é tempo de pensar melhor, ser melhor, fazer melhor, alcançar melhor. A vez e a hora da gratidão. Sob amor e paz. Com coragem, fé e esperança em cada um de nós e no próximo.
Temos muito o que agradecer. E o legítimo direito de sonhar.
*Ricardo Viveiros é jornalista, escritor e professor. Doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e autor de vários livros, entre os quais Justiça Seja Feita, A Vila que Descobriu o Brasil e Pelos Caminhos da Educação.
Fonte: o autor
Publicação Ambiente Legal, 29/12/2021
Edição: Ana Alves Alencar
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