Universidade Municipal de São Caetano do Sul entrevistou pessoas que vivem na beira do reservatório e constatou que metade tem complicações intestinais devido à contaminação.
Uma pesquisa realizada pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul aponta que diversos moradores das margens da Represa Billings contraíram infecções e doenças por conta da contaminação da água. O reservatório abastece mais de 1,5 milhão de pessoas da Zona Sul da capital paulista e da região do ABC.
1,5 milhão de pessoas também ocupam as áreas de preservação ambiental na beira da represa, que banha, ao todo, seis cidades. Pesquisadores estudam o impacto da ocupação na saúde dos moradores e, durante um ano, coletaram amostras em seis pontos do reservatório para análise da qualidade da água.
De acordo com Marta Marcondes, que é professora e pesquisadora da Universidade Municipal de São Caetano, os resultados foram alarmantes. “A gente verificou que 70% dos pontos de coleta e análises que fizemos estão entre regular, péssimo e ruim”, disse ela.
A equipe ainda entrevistou 350 moradores das margens da Billings e descobriu que metade tem problemas relacionados a infecções intestinais e que 45% deles possuem doenças de pele. “São as gastroenterites, as dermatites, todas provocadas, obviamente, por esses microorganismos que acabam se consolidando nas águas do reservatório”, completou a pesquisadora.
A costureira Neusa Soares, o marido e seus dois filhos já se acostumaram a acordar e todo dia dar de cara com todo tipo de sujeira na porta de casa. São vasos sanitários, papel, plástico, garrafa… tudo boiando a poucos metros de onde a família vive. Eles estão desempregados e há um ano moram nas margens da Billings, em São Bernardo do Campo.
Um dos filhos do casal é um dos muitos moradores da bacia que já pegou infecção por conta da água contaminada. “Já teve uma bactéria no corpo devido à água, mas eu levei no médico, o médico passou remédio e assim ficou boa”, relembra Neusa.
Ambientalistas defendem ações imediatas no reservatório para acabar com o problema. “É urgente que a sociedade passe a ver a questão ambiental como uma questão de sobrevivência desta e das futuras gerações”, afirma o especialista Virgílio
Em nota, a Sabesp informou que investe constantemente na coleta, afastamento e tratamento de esgoto na bacia da Billings, mas que a solução do problema depende das Prefeituras e do Ministério Público, que devem atuar no combate às ocupações irregulares que jogam esgoto direto na represa. A companhia afirmou que não pode agir nessas áreas por questões legais.
Fonte: G1.Globo