Por Maria Luiza Campos
Esse foi o resultado da análise feita por alunos da rede pública no rio Morato, que nasce na Reserva Natural Salto Morato e corta a Vila Morato, em Guaraqueçaba/PR
O rio Morato, que nasce na Reserva Natural Salto Morato e corta a comunidade do Morato, em Guaraqueçaba, no litoral do Paraná, ‘esconde’ dois tipos de água em sua extensão de 12 quilômetros. Na parte próxima à nascente, dentro da Reserva, área natural protegida inserida na Mata Atlântica, a água é transparente, limpa e de boa qualidade para as espécies que dela sobrevivem ou que nela habitam. Na parte em que o rio corta a comunidade, onde vive cerca de 200 pessoas, a água apresenta elementos que indicam menor qualidade, segundo os critérios estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Isso se deve aos diferentes usos da terra e hábitos da população que, fora dos limites da reserva, acabam por influenciar na qualidade deágua.
Esse foi o resultado do trabalho realizado por alunos de escolas de ensino público de Guaraqueçaba, que analisaram a água do rio Morato em dois pontos distintos: em uma área dentro da reserva e em uma área fora da reserva, próxima à na comunidade de Morato. Os alunos fazem parte do programa Guardiões da Natureza, ação realizada pelo Batalhão da Força Verde da Polícia Militar Ambiental do Paraná cujo objetivo é formar e educar alunos sobre conservação da natureza.
O trabalho consistiu em avaliar a qualidade da água, observando a quantidade de elementos químicos como nitrito, comparando os resultados com os parâmetros estabelecidos pelo do Conama. Para isso, os alunos participantes usaram kits, doados pela Fundação Grupo Boticário, administradora da Reserva Natural Salto Morato, com reagentes e réguas que permitiram uma análise simples, mas de eficácia comprovada. A atividade foi conduzida pela bióloga Maiara Elias, integrante do programa de voluntários da reserva, o qual possibilita a profissionais vivenciarem o dia a dia de unidade de conservação, desenvolvendo uma série de ações, entre elas atividades de educação ambiental.
Na coleta realizada dentro da reserva, a água apresentou índices de nitrito abaixo de 7,5 mg/l, valores dentro do permitido. Já a coleta que foi feita fora da reserva apresentou índices de nitrito com variações entre 7,5 mg/l a 15 mg/l, fora dos parâmetros estabelecidos pelo Conama. O teste do nitrito é um parâmetro simples, mas de fundamental importância na verificação da qualidade da água para consumo, pois sua presença é um indicativo de contaminação recente, procedente de material orgânico vegetal ou animal.
“A atividade mostra de forma clara o papel que as áreas protegidas exercem para garantir água de boa qualidade”, afirmou Marion Bartolamei Silva, coordenadora de Áreas Protegidas da Fundação Grupo Boticário. Segundo Marion, os resultados desse trabalho serão apresentados à população da comunidade próxima à Reserva Natural Salto Morato para conscientizar sobre os efeitos nocivos que o despejo de esgoto, lixo e outros dejetos causam à água. “Queremos envolver os moradores para que eles preservem esse recurso natural indispensável à vida, mas que corre o risco de ficar escasso”, disse.
COP 21
A preservação de nascentes de água doce e dos oceanos é um dos assuntos que estão sendo discutidos por líderes de todo o mundo na Conferência do Clima (COP21), que acontece em Paris. Num dos eventos paralelos à Conferência, os ministros do Meio Ambiente da França, Ségolène Royal, e do Peru, Manuel Pulgar Vidal, lançaram o Pacto Internacional de Paris sobre Água e Adaptação às Mudanças Climáticas, que deve ser apoiado por todos os países. O objetivo do Pacto é engajar governos e população na proteção das águas, tornando-as mais resistentes às mudanças climáticas.
Fonte: NQM Comunicação
Maria Luiza Campos é jornalista e assessora de comunicação da NQM Comunicação