Acordando para a vida – Considerações iniciais
Por José Roberto Faria Lima*
Os anjos, arcanjos e querubins não conseguem sentir na mesma intensidade os momentos e desafios que nós humanos nos defrontamos durante nossa experiência no planetinha azul.
Aquele misterioso clarão entre duas noites longas e escuras. A finitude provoca essa distinção.
Essa pandemia sem fim, eliminou o tempo e nos elevou ao patamar dos seres divinos. O ontem e o amanhã concentrados no presente. E que presente!
Arrebatado pela imaginação somos levados a um lindo recanto onde os vagalumes não param de piscar reproduzindo de forma poética a imagem do ciclo da vida. Lampejos que carregaremos pela eternidade.
Lembranças do aprendizado que aprimorou nossas virtudes, fez desaparecer nossos vícios na busca incessante pela perfeição, condição para ganharmos a eternidade.
O momento de transpor o Portal. O fim da crisálida!
Estamos em pleno processo de metamorfose para um novo ciclo, um novo homem, um novo cenário, um novo amanhã. Um novo odre é necessário para armazenar a vida.
Gaia enviou recados. Chegou a seu limite, pede socorro. Sua própria vida está em jogo. Todas mensagens foram solenemente desprezadas e ignoradas.
Evitar ser sugada e jogada em Tártaro para onde caminhava era imperativo. Não tendo outra alternativa, reagiu, seguindo as regras definidas pela suprema inteligência. Não aceitando mergulhar nas trevas e ser aprisionada no vazio decidiu utilizar sua imensa força criadora para iluminar Nix e ofertar um novo patamar de consciência. Consolidar a inteligência emocional e semear inteligência cósmica. Um novo ciclo, uma nova vida.
Essa pandemia surge antes do mito, da lenda urbana ou universal. Antes de qualquer explicação. Alertando e evidenciando o castigo caso continuássemos a reagir da mesma maneira.
Que saibamos estabelecer prioridades e organizemos nossos hábitos e ações.
Ops!!!!
O que aconteceu? Quebrou o vídeo game imaginário? Parou porque? Por que parou?
Nada disso. Tudo continua igual.
Sono matinal, siesta à tarde e insônia noturna.
Estranhas forças me levam em viagens inesperadas a lugares e tempos onde alguma lembrança me aguarda para revivê-la. São nítidos lampejos de pedaços de minha vida. Muitos mesmos.
Estive frente a frente com Deputado Flávio Marcilio. Conversamos bastante como nos velhos tempos. Conclaves memoráveis que montei na Câmara a seu pedido Temas como a Nova Ordem Mundial.
Nossa, viajei para 1973!
Vejo Flávio presidindo o Conclave e me vi a seu lado coordenando a reunião repleta de técnicos, vislumbrei muitos parlamentares atentos às discussões e intrigados pelo tema desenrolado num teatro mundial. Confronto de ideias que enriqueceram o debate na Casa. Um piauiense nascido em Picos mas que adotou a naturalidade cearense. Um cabra macho arretado. Experiente parlamentar e destacado Presidente duas vezes da Câmara dos Deputados Sempre deixando seus rastros por onde passava. Conhecia o mundo.
Flávio foi do PTB, passou pela ARENA e finalizou sua vida partidária no PDS. Numa das eleições por apenas um voto deixou de ser eleito. Conhecia, pois o valor de um voto.
Sei que falei com deputado Mario Teles. Trocamos reminiscências sobre o Ipiranga.
Sei que estive com o Aureliano Chaves. Estava alegre por saber que estava comprando uma caaa em Monte Verde.
Sinto que falei até com o Montoro que me pediu meus estudos e trabalhos sobre o”esquecimento digital”. Estava preparando algo sobre “habeas data”. Prometi lhe encaminhar tudo que tinha sobre o tema. E me lembro tê-lo feito.
Repentinamente, entretanto, voltei ao mundo real sem recordações claras como das outras vezes. Tudo meio pálido, desbotado. Achei estranho.
Os impactos que vivenciava no mundo real estavam sendo devastadores.
O vírus amarelo atacara minha família impiedosamente.
A realidade suplantava a imaginação. Ganhava de goleada. 7×1…
Tudo ao mesmo tempo e sem aparente lógica.
Medicina baseada em evidências. Difícil entender!
Sintomas semelhantes atingiram meus filhos e netos e os resultados dos testes esdrúxulos. Alguns com resultado positivo e outros não. Mas todas as pessoas que mais amo estavam confinadas em casa ou hospitais.
Não sei como tenho conseguido suportar e superar a impotência que me assola. Só me resta confiar e entregar nas mãos do Ctiador nossos destinos. Ele sabe o que deve fazer.
Refletindo, percebo que ainda estamos longe de um desfecho final. Muita coisa ainda por acontecer… Muitos desafios a vencer.
O crepúsculo será sofrido e lento.
O que aprendemos?
Que a pandemia é verdadeira, mata. Enfim, assustadora, gigantesca, mas existe algo muito maior, colossal além dela. Uma mortal disputa no plano global pelo Poder.
Forças poderosas de diversas naturezas, econômicas, financeiras, inclusive politico-religiosas se engalfinham com esse “desideratum”,implantar uma nova Ordem Mundial.
Que o medo, oposto do amor, fruto do desconhecimento, é o fator que alimenta e infla a pandemia.
Que a grande maioria tem tanto medo de morrer que se esquece de viver.
Que os mundos, real e imaginário, se interagem intensamente.
Que o que acontece num universo afeta todos os universos existentes até mesmo aqueles que nem sabemos existir,
Percebemos a complexidade e a sofisticação da vida.
Percebemos o valor da vida.
Percebemos sermos uma pequenina casca de nós, ao sabor das tormentas, mal conseguindo flutuar, mas consciente de tudo que existe e que acontece a nossa volta, no nosso entorno.
Que milagres existem e quanto mistério ainda temos para ser percebido, decifrado e aperfeiçoado.
Ao mexer um fio de cabelo afetamos cada canto do espaço e da eternidade.
Sentimos a adversidade e a diversidade. Sentimos o imenso poder que carregamos.
Percebemos que temos influência sobre a existência. Temos o poder de moldar e destruir.
Enfim, somos o nada e o tudo!
*José Roberto Faria Lima – Economista, professor, oficial da Aeronáutica e deputado federal por São Paulode 1971 a 1979.
Fonte: o próprio autor
Publicação Ambiente Legal, 04/03/2021
Edição: Ana A. Alencar
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