BOLERO-SAMBA PARA MAIAKOVSKI E SHAKESPEARE
I
-Bom dia
Hoje serei ingrato
Vou falar mal
E muito mal
Do povo!
Pegarei uma punga
No rabo do politico
Escutando de novo
Fuba-fuba-no-tico.
Como o anão Dunga
Darei uma pintada
Na Branca de Neve
Vestido em chapeuzinho
De bandido azul & vermelho …
Pergunto ao espelho
Que não é o meu.
-Quem é o mais babaca: o politico, o povo ou Romeu?
E a Julieta tocando corneta
Shakespeare meio encabulado
Fica quieto sem se bulir
Cochichando “To be or not to be”?
Rimou?
II
Dando um zero no poeta
Descascando poesia
Andando de bicicleta
E comendo banana
Fazendo macacada no planalto
Central da corro-picando ação.
Fazendo beicinho
Batendo o pé no chão
E comendo mariola com bolachão
Tanto riu
Que mandou ir aquela-que-te-pariu.
Essa ai rimou
E ainda ganhou a eleição.
III
-O que é o que é?…
Para ganhar voto
Mente que nem chuchu na serra
Vende mãe, pai e periquito …
Para o índio um apito
Para o povo um grito
Para ele um pirulito…
E ainda vai por aí dizendo
Que o poeta é doido
E sem educação…
Respondo ao povo: – Doido é a mãe!
Rimou um pouquinho.
E como o povo é burrinho
Vou ficando por aqui
Mudo cego e surdo
Bolerando na avenida
Do samba do absurdo!!!
Rimou?…
“Poesia Sem Vegonha”
by ETHEL MUNIZ
MMXii
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