Por Danielle Denny*
A eleição do embaixador Roberto Azevêdo como diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) pode indicar maior sustentabilidade do sistema multilateral de comércio e assim favorecer avanços na Rodada Doha.
O jovem embaixador tem mais de 15 anos de experiência em cargos ligados à OMC e é um dos diplomatas brasileiros mais bem preparados em questões de comércio internacional, tendo liderado processos importantes como o do algodão vencido contra os Estados Unidos e o do açúcar contra a União Europeia.
Além de ser motivo de orgulho nacional, a eleição de Roberto Azevêdo, o primeiro originário de país emergente, indica um fortalecimento do sistema multilateral de comércio, conferindo maior representatividade e democracia.
A Rodada Doha, iniciada em 2001, enfrenta impasses desde 2011 e essa dificuldade de avanço das negociações, implica no enfraquecimento do sistema multilateral impingindo as tratativas plurilaterais e regionais aos países membros, mesmo que tais instâncias favoreçam os interesses dos hegemônicos.
Assim, são grandes as expectativas sobre o novo diretor-geral para articular consensos como o relativo à padronização dos procedimentos alfandegários dos países membros que seria uma medida possível no atual contexto econômico e muito eficaz por representar diminuição considerável de recursos gastos com burocracia.
Em sua declaração de campanha, Roberto Azevêdo reconheceu que esses pequenos avanços podem ser cruciais para recuperar a confiança mútua que está faltando para os países membros concluírem as negociações.
Milagres, contudo, fogem à sua alçada, pois o Diretor-Geral não define a agenda, mas tem a importante função de facilitar as discussões entre os membros. A esperança é ele ser capaz de orquestrar acordos que promovam a recuperação econômica sem deixar de lado os fatores socioambientais.
*Danielle Denny é Advogada, formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Especialista em Direito Tributário, pela Coordenadoria de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (COGEAE – PUC/SP); em Política, pela Universidade de São Paulo (USP) e em Diplomacia Econômica, pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Mestre em Comunicação na Contemporaneidade e professora assistente de Ética na Faculdade Cásper Líbero. Atua na área de Direito Ambiental.