Macron não estava só quando questionou a soberania do Brasil, maus brasileiros estimularam o gesto.
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro*
Os focos de incêndio que hoje estão sendo combatidos pelo governo brasileiro na região amazônica serviram de pretexto para que o presidente da França, Emmanuel Macron, relativizasse em pronunciamento oficial a soberania do nosso País, que é o parceiro mais importante da própria França na América Latina – com negócios que giram em torno de 7,5 bilhões de euros e novecentas grandes empresas instaladas em solo tupiniquim.
Abstraindo-se as farpas trocadas desde então pelos chefes de Estado do Brasil e da França – que já resvalaram para o lado pessoal – o fato é que instalou-se uma crise internacional desnecessária e absurda.
No entanto, a faísca que desencadeou o incêndio nas relações entre os dois países, não proveio das queimadas na Amazônia e, sim, da própria França.
A evidência está na edição de 27 de julho último, do jornal LIBERATION, ícone do jornalismo de esquerda na França. Ali, publicou-se uma artigo-manifesto, assinado por personalidades da esquerda francesa e da esquerda brasileira, atentatório à moral coletiva do povo brasileiro, ofensivo ao governo do Brasil e mentiroso em todos os aspectos.
O artigo literalmente brinca com fogo: classifica como criminosas as atividades do agronegócio no território brasileiro e pleiteia ao governo Francês que denuncie o Acordo entre União Europeia e Mercosul. Pede, com todas as letras que a França prejudique o Brasil, erigindo barreiras não tarifárias com restrições de ordem ambiental.
Nesse manifesto os subscritores informam que “a entrada em vigor do acordo ampliará a destruição do meio ambiente e as mortes resultantes das ações do agronegócio”. Informam ainda que o Acordo de Paris “não fornece nenhuma cláusula de ligação” e que “mesmo que o Brasil permaneça no acordo, poderá continuar com suas atividades criminosas que destroem o meio ambiente e as pessoas que dedicam suas vidas para protegê-lo…”
Observem: o manifesto fala do Brasil, da economia nacional e do povo brasileiro, como criminosos e desonestos. O manifesto é mentiroso, difamatório e, sobretudo, criminoso.
O fato escancara, também o comportamento antipatriótico dos subscritores brasileiros, cegados pelo ódio, poluídos pela ideologia e absolutamente desinteressados no Brasil.
De fato, o Brasil está sendo, hoje, resgatado de um perigosíssimo processo de extinção do sentimento patriótico, que estava sendo levado à cabo pelos governos passados que as figuras que assinaram o manifesto protagonizavam,
Estávamos nos tornando um país desprovido de sentimentos nobres. Nossa nobreza de sentidos estava sucumbindo pela deformidade cognitiva do que fosse patriotismo, moral e civismo.
Essa ausência de valores sempre é observada na ação iconoclasta de instituições públicas, na corrupção gerada pela política, na ausência de uma educação moralmente identificada, na falta de méritos na atividade privada e na falência cultural da sociedade.
Foi com a consciência de que era preciso restabelecer os conceitos mais básicos sobre os valores que identificam a nação, a pátria, a soberania e a cidadania, e identificar o que havia de errado no país que a esquerda foi defenestrada do Poder, elegendo-se o governo atual – ainda que muitos dos eleitores acreditassem que o candidato “era o que tinha para o momento”.
De uma forma ou outra, os derrotados não se conformaram e passaram a atacar não apenas o sistema democrático como decidiram atentar contra a soberania e a segurança do país.
O manifesto é fruto disso. E foi esse manifesto (que obviamente expressou toda uma articulação ocorrida na França) que levou o presidente francês Emmanuel Macron a realmente acreditar que teria apoio de parcela dos brasileiros, em sua iniciativa de sugerir uma intervenção militar internacional para cassar a soberania brasileira sobre a região amazônica.
O manifesto
Fruto de um complô para atentar contra os interesses brasileiros, o manifesto publicado no Liberation alega que “a entrada em vigor do acordo ampliará a destruição do meio ambiente e as mortes resultantes das ações do agronegócio”.
A infâmia segue adiante no referido artigo:
“Mesmo que o Brasil permaneça no acordo, poderá continuar com suas atividades criminosas que destroem o meio ambiente e as pessoas que dedicam suas vidas para protegê-lo. Cumprir os princípios do Acordo de Paris requer determinação política e compromisso inabalável com a luta contra o aquecimento global. Isso é notoriamente ausente no governo de Jair Bolsonaro. Lamentamos profundamente que o Presidente Macron, que fervorosamente afirma ser o líder mundial na proteção do meio ambiente, se recuse a ver essas evidências.”
A conclusão do artigo termina no seguinte pleito:
“Por isso, pedimos à França que rejeite o acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul e condicione o comércio entre nossos dois países à adoção de normas muito restritivas no campo da proteção ambiental e dos trabalhadores brasileiros.”
“(Nous demandons donc à la France de refuser le traité de libre-échange entre l’UE et le Mercosur et de conditionner le commerce entre nos deux pays à l’adoption de normes très contraignantes en matière de défense de l’environnement et des travailleurs brésiliens).”
Como se vê, os tambores de guerra tocados por Macron, na França, seguiram o ritmo ditado pelos maus brasileiros que foram até ele pleitear sua iniciativa intervencionista.
Quando somaram-se as crises de números do desmatamento com o problema das queimadas, surgiu o ambiente propício á agressão internacional contra a soberania do Brasil. E, revelado o manifesto do Liberation, não é descabido pensar que a sincronicidade pode ter sido até mesmo provocada.
Consta como signatários do manifesto conforme está no site do Liberation:
“Signataires : François Alfonsi, député européen (EELV); Manon Aubry, députée européenne et co-présidente du parti européen GUE/NGL (Gauche Unitaire Européenne) (FI); Clémentine Autain, députée (FI); Ugo Bernalicis, député (FI); Benoît Biteau, député européen (EELV); Manuel Bompard, député européen, chef de la délégation insoumise au parlement européen (FI); Guilherme Boulos, représentant national du Mouvement des Travailleurs et Travailleuses Sans Toit et ex-candidat (PSOL) aux élections présidentielles (Brésil); Glauber Braga député fédéral du PSOL membre suppléant de la commission des relations internationales et de défense nationale (Brésil); Damien Carême, député européen (EELV); Leïla Chaibi, députée européenne (FI); Fabien Cohen, Secrétaire général de France Amérique latine (France); Eric Coquerel, député (FI); Alexis Corbière, député (FI); David Cormand, député européen (EELV); Humberto Costa, sénateur du PT et président du groupe au Sénat (Brésil); Gwendoline Delbos-Corfield, députée européenne (EELV); Karima Delli, députée européenne (EELV); Caroline Fiat, députée (FI); Vagner Freitas, président de la Centrale Unique des Travailleurs du Brésil (CUT) (Brésil); Raphaël Glucksmann, député européen (Place publique); Sylvie Guillaume, députée européenne (PS); Gleisi Hoffmann, députée fédérale et Présidente du PT (Brésil); Yannick Jadot, député européen (EELV); Aurélie Journée-Duez, présidente du comité de solidarité avec les indiens des Amériques (CSIA-Nitassinan, France); Michel Larive, député (FI); Marie-Noëlle Lienemann, sénatrice (GRS); Gilles Maréchal, Président de l’association AMAR– Brasil (acteurs dans le monde agricole et rural (France); David Miranda, membre de la commission des relations internationales et de défense nationale (Brésil); Emmanuel Maurel, député européen (FI); Jean-Luc Mélenchon, député, président du groupe parlementaire France insoumise; Danièle Obono, députée (FI); Younous Omarjee, député européen (FI); Mathilde Panot, députée (FI); Anne-Sophie Pelletier, députée européenne (FI); Taliria Petrone, députée fédérale du PSOL (Brésil); Paulo Pimenta, député du PT et président du groupe à la chambre des députés (Brésil); Loïc Prud’homme, député (FI); Adrien Quatennens, député (FI); Jean-Hugues Ratenon, député (FI); Muriel Ressiguier, députée (FI); Michèle Rivasi, députée européenne (EELV); Caroline Roose, députée européenne (EELV); Sabine Rubin, députée (FI); François Ruffin, député (FI); Mounir Satouri, député européen (EELV); João Pedro Stédile, Mouvement des Travailleurs et Travailleuses Sans Terre (Brésil); Sophie Taillé-Polian, sénatrice (Génération.s); Bénédicte Taurine, députée (FI); Marie Toussaint, députée européenne (EELV); Salima Yenbou, députée européenne (EELV); Ivan Valente, député fédéral du PSOL (parti Socialisme et liberté), président du groupe du PSOL à la chambre des députés(Brasil); Le Syndicat des pétroliers de l’État de Rio de Janeiro (Brésil).” (grifos nossos sobre os brasileiros)
A traição à pátria é evidente e face aos acontecimentos que se sucederam pode em tese vir a ser enquadrada na Lei de Segurança Nacional – Lei 7.170/1983, que reza:
“Art. 8º – Entrar em entendimento ou negociação com governo ou grupo estrangeiro, ou seus agentes, para provocar guerra ou atos de hostilidade contra o Brasil.
Pena: reclusão, de 3 a 15 anos.
Parágrafo único – Ocorrendo a guerra ou sendo desencadeados os atos de hostilidade, a pena aumenta-se até o dobro.
Art. 9º – Tentar submeter o território nacional, ou parte dele, ao domínio ou à soberania de outro país.
Pena: reclusão, de 4 a 20 anos.
Parágrafo único – Se do fato resulta lesão corporal grave, a pena aumenta-se até um terço; se resulta morte aumenta-se até a metade.
Art. 10 – Aliciar indivíduos de outro país para invasão do território nacional.
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos.
Parágrafo único – Ocorrendo a invasão, a pena aumenta-se até o dobro.”
Evidente que essa troupe de esquerdistas não só se envolveu em uma trama internacional para retirar a Amazônia do domínio brasileiro, como também pleiteou, sob argumentos difamatórios e caluniosos, expressamente, que o governo francês denunciasse o acordo do Mercosul e prejudicasse o Brasil erigindo barreiras não tarifárias. Um imperdoável crime de lesa pátria.
Hora de separar o joio do trigo, de por os pingos nos is e extirpar o que é tóxico do ambiente político e democrático do Brasil.
O incidente internacional ocorrido entre Brasil e França não pode ser esquecido pelo agronegócio brasileiro, pelos dirigentes do Brasil e pelo nosso povo. Muito menos devem sair impunes os que subscreveram o dito manifesto, que expressa, sobretudo, interesse evidente e apostar no “quanto pior, melhor”, ainda que isso signifique conspurcar nossa pátria.
Nota:
Para ler o manifesto: https://www.liberation.fr/debats/2019/07/27/la-france-doit-refuser-l-accord-de-libre-echange-ue-mercosur_1742315
Artigo publicado originalmente no Portal Notícias Agrícolas, com entrevista gravada: https://www.noticiasagricolas.com.br/artigos/artigos-geral/241409-ofensas-de-macron-contra-brasil-tiveram-incentivo-de-politicos-do-pt-e-psol.html#.XWXKfuhKhPY
*Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa – API. Foi consultor do governo brasileiro, do Banco Mundial, da ONU e vários outros organismos encarregados de aperfeiçoar o arcabouço legal e institucional do Estado no Brasil. Integrou o grupo encarregado de elaborar o plano de transição do governo Bolsonaro no campo ambiental. É Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View”.
Fonte: The Eagle View
Ora, ora, ora. A maldade está escancarada. Antes, a traição era mais sutil. Houve um site ligado a folha de SP (Piauí.folha.uol) que desmente. Caso nao tenha visto:
“A lista que aparece na imagem analisada pela Lupa não é de documento encaminhado ao G7 pelo presidente da França, Emmanuel Macron, e nem pede medidas para a internacionalização ou invasão da Amazônia. As pessoas mencionadas são signatárias de um manifesto publicado no jornal Libération em 27 de julho. O texto pede que o mandatário francês rejeite o acordo entre União Europeia (UE) e Mercosul, e que condicione o comércio entre Brasil e França à adoção de regras ambientais e trabalhistas mais duras….”
Bem, trocaram seis por meia dúzia na justificativa de fake news. Mas quem lê folha deS Paulo? A quem esses caras querem enganar. É traição sim.
Excelente material.