Empresas apostam na sustentabilidade para valorizar a marca e ampliar os lucros
Por Vitor Lillo
O conceito de desenvolvimento sustentável há mais de vinte anos paira sob as nossas cabeças. Desde então os níveis de poluição e os fenômenos climáticos provocados pelas mudanças climáticas, só têm aumentado.
Estudo recente feito pelo Instituto Ilos, aponta que seis em cada dez empresas nacionais sentem que essas mudanças já produzem impacto diário em sua cadeia produtiva.
E se a água já chegou ao pescoço, é hora de fazer algo. Isso vale para pessoas, governos e inclusive os empresários, afinal o consumidor brasileiro assim o exige. Não à toa nosso país é o terceiro do mundo em consumo sustentável, perdendo apenas para, quem diria, China e Índia, duas das maiores nações poluidoras.
Conquistar esse mercado de quase 200 milhões de habitantes – e potenciais consumidores sustentáveis – é o grande desafio das empresas neste momento, ainda mais com a crise econômica à nossa espreita.
Indo além dos ideais altruístas que pregam o sacrifício das empresas em prol da preservação do planeta, muitas companhias, inclusive brasileiras, dão mostras de que é possível proteger o meio ambiente e também a lucratividade da marca.
A Natura, líder do mercado brasileiro de cosméticos implantou as idéias de consumo consciente e desenvolvimento sustentável em 1983, quatro anos antes do termo “desenvolvimento sustentável” ser utilizado pelas Nações Unidas.
Naquele ano, começou a oferecer produtos com opção de refil, com massa média 54% menor que a da embalagem regular. A partir de então a empresa deixou de colocar no mercado 2,2 mil toneladas de embalagens.
Após essa iniciativa pioneira seguiram-se outras como a redução e compensação das emissões de CO² desde a extração da matéria prima até o descarte final pelo consumidor, informar na embalagem o impacto ambiental de cada produto, a substituição de matéria-prima animal e mineral pela vegetal, entre outros.
Todas essas iniciativas, a Natura se firmou como uma das marcas de melhor reputação no mercado e também como a quinta maior empresa de venda direta do mundo, com lucro de US$ 3,2 bilhões em 2012.
A educação talvez seja a ferramenta mais poderosa para a conscientização da sociedade sobre práticas sustentáveis. A Yázigi Internexus, uma das maiores franquias do ensino de inglês do Brasil, enxergou isso e desde 2008 realiza campanhas de conscientização ambiental e proteção da natureza.
O maior projeto foi realizado em 2010 através de uma parceria inédita entre a escola de idiomas, a Carta da Terra Internacional, WWF Brasil e a Universidade do Meio Ambiente e Cultura de Paz (UMAPAZ), da Prefeitura de São Paulo. A campanha foi realizada em 160 cidades de 24 estados do país onde a Yázigi Internexus tem presença.
Alunos, diretores franqueados, colaboradores e parceiros da rede de escola de idiomas Estudantes de escolas públicas e particulares participaram de atividades educativas, mutirões e realizaram ações de contribuição financeira para os projetos da ONG WWF Brasil. O sucesso do programa rendeu à franquia o prêmio Prêmio ABF-AFRAS – Destaque de Responsabilidade Social em 2011.
E as práticas de sustentabilidade chegaram à mesa. A Sapore, a maior empresa latino-americana de restaurantes corporativos, com 1100 restaurantes espalhados pelo Brasil, começou a implantar uma série de ações que vão desde o transporte de alimentos, até o combate aos desperdício e renovação do mobiliário das unidades.
A estratégia adotada foi a padronização de processos e produtos pré-processados e processados. Ou seja, o foco, que antes era na preparação, passou a ser na finalização do produto, que chega praticamente pronto para ser servido. Com isso, a companhia pôde se livrar de panelas, fogões e gerar economia real de energia elétrica (32%), água (24%) e gás (32%).
Além disso, todos os produtos utilizados são orgânicos e o transporte deles é feito através de centrais de distribuição instaladas em pontos estratégicos, diminuindo a distância percorrida pelos caminhões e, consequentemente, diminuindo a emissão de dióxido de carbono na atmosfera. As iniciativas foram boas para a natureza e também para os lucros da Sapore, que faturou R$ 1,2 bilhões em 2012
É preciso se respeitar os limites do mundo, e isso significa mudar hábitos. Para se fazer isso, palavras não bastam. E as ações não devem ser encaradas como um sacrifício, mas como uma forma de facilitar nossa vida e melhorar nossa relação com o planeta. A comunidade empresarial já começou a entender isso. O que já serve de alento e incentivo para toda a sociedade.
Fernanda Médici colaborou com esta reportagem.