Parque Nacional sofre o 3º maior incêndio neste Século. Um desastre Ambiental na Bahia
Por Ana Alencar e Fernando Pinheiro Pedro
Considerado o terceiro maior incêndio do século, no local. A Chapada Diamantina sofre há mais de 30 dias com focos de incêndio, que castigam o Parque Nacional – persistindo em alguns pontos, apesar do trabalho dos poucos combatentes do fogo no local. Estima-se que o fogo tenha consumido a vegetação em uma área equivalente a 30 mil campos de futebol.
O combate ao fogo tem sido feito por equipes de bombeiros e por brigadistas voluntários que revezam-se noite e dia, ininterruptamente, para por fim à essa catástrofe que, mais uma vez, atinge o Parque Nacional da Chapada Diamantina.
O contingente é pequeno, em relação à dimensão do evento. Ao todo são cerca de 120 bombeiros – mais de 60 brigadistas voluntários, com o apoio de 13 aeronaves, 5 caminhões de combate à incêndios e 10 carros pipas.
O aumento dos incêndios nos vales e serras da região, no primeiro semestre de 2015, deram sinais do que aconteceria no segundo semestre, período de estiagem e de costumeiros incêndios. Em alguns locais esse aumento foi de mais de 100% nos casos.
Embora incêndios sejam esperados na estiagem do inverno, a Polícia Ambiental não descarta suspeita de incêndios criminosos.
A maior dificuldade para apagar o fogo na Chapada, além do problema de acesso e a rapidez com que as chamas se propagam na vegetação seca, é a falta de estrutura da fiscalização e policiamento ambiental na região, além da falta de equipamentos adequados. Para se ter uma idéia do descompasso governamental em relação a uma unidade de conservação em risco desde sua criação, no século passado, a unidade de bombeiros especializada no combate a incêndios ambientais da região, foi inaugurada em 2014.
Como se não bastassem os problemas operacionais em si, a geografia também não ajuda. Alguns focos estão em locais onde os helicópteros não conseguem pousar para levar e buscar brigadistas.
O relato de moradores e de brigadistas dão uma idéia do tamanho da catástrofe e dos danos ambientais. O lavrador Vilson Evangelista, 50, disse: “A sujeira da fuligem incomoda, a fumaça também, mas o que mais dói mesmo é ver a mata sendo destruída. Vai levar pelo menos 30 anos para se recuperar”.
O estudante Gabriel dos Mundos, 22, que atua como brigadista voluntário, disse que “para a gente que nasceu e vive na Chapada é uma tristeza”. “Mas, enquanto tiver fogo, nós estaremos aqui para combater” afirmou Gabriel, antes de sair para enfrentar meia hora de trilha até o topo de uma montanha em chamas.
As principais preocupações das equipes de trabalho, dos prefeitos dos municípios atingidos pelo incêndio e da Secretaria do Meio Ambiente da Bahia são:
– o avanço do fogo na região do Morro Branco, no Vale do Capão, área de uma das principais rotas do turismo ecológico da
– atingir o Morro do Pai Inácio, um dos mais visitados da Chapada
– o impacto da erosão e do assoreamento nos mananciais a médio e longo prazo, pois a região concentra nascentes dos principais rios da Bahia, inclusive o Paraguaçu, que serve 2,5 milhões de pessoas na Grande Salvador.
– atingir rios como os das Águas Claras e o do Cercado onde a mata ciliar foi destruída de uma margem à outra.
“A situação ainda é crítica, mas conseguimos controlar o avanço do fogo. O que temos hoje são focos localizados”, afirma o secretário de Meio Ambiente da Bahia, Eugênio Spengler.
Embora o incêndio esteja controlado com alguns focos não debelados, a Secretaria de Meio Ambiente da Bahia informou que as equipes vão permanecer no parque até o início do período chuvoso, a fim de prevenir novos focos.
O Parque Nacional da Chapada Diamantina foi criado por decreto em 1985. Conta com uma área de 152 000 hectares, que abrange os municípios de Andaraí, Ibicoara, Itaetê, Lençóis, Mucugê e Palmeiras, na Bahia. A sua beleza natural é duramente castigada por incêndios, ocorrentes nos períodos de seca e, também, por conta de queimadas danosas – que eram praticadas antes da formação do parque e, pelo visto, continuam na região de entorno, atingindo a unidade.
Trinta anos se passaram, desde a criação do Parque, e só em 2014 uma brigada de bombeiros foi instalada na região. O fato demonstra o descontrole territorial e a falta de efetivo planejamento e gestão das unidades de conservação instituídas em território nacional.
No momento em que a 5a. maior bacia hídrica do Brasil é tomada por lama proveniente de uma mineradora, por conta do descontrole público e privado sobre obras de barragem, um dos maiores Parques Nacionais do Brasil, também é vítima do terceiro maior incêndio florestal neste século no país , danificando mananciais importantíssimos para o abastecimento da região da Bahia.
Os fatos confirmam a ausência de comando e de ações efetivas dos governos tupiniquins, para a proteção de nossos recursos naturais, paisagísticos e estratégicos.
Ao que tudo indica, a legislação de proteção ambiental brasileira, virou uma obra de ficção – pelo visto, de terror.
Toda essa tragédia se desenrola quando o Brasil vai à conferência do Clima, propor redução significativa de suas emissões de gases de efeito estufa, em grande parte provocados por desmatamento e incêndios florestais…
fonte: http://oglobo.globo.com/brasil/fogo-na-chapada-diamantina-ameaca-caixa-dagua-da-bahia-18123197 http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/11/17/pior-incendio-desde-2008-completa-20-dias-na-chapada-diamantina.htm http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2015-11-20/incendio-florestal-destroi-ao-menos-15-mil-hectares-da-chapada-diamantina.html http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/11/1709278-incendio-na-chapada-diamantina-ba-e-um-dos-tres-maiores-deste-seculo.shtml
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