Por Guido Asencio*
Não há dúvida de que a crise social (que ainda não terminou) teve sua gênese na miopia de um modelo estrutural que tem envidado todos os esforços para instalar um quadro institucional amplo e robusto, representado pelo Estado, mas que está se quebrando. como uma casca de ovo quando tocada no mínimo, principalmente porque tal estrutura está repleta de controles ineficientes, instituições que são chamadas a exercer funções de vigilância e controle, focando sua estratégia burocrática nos segmentos mais vulneráveis do sistema, mas que quando há casos notórios que afetam grupos de poder, eles escondem a cabeça como um avestruz.
A crise social no Chile era algo que se via chegando, hoje ninguém a contesta, mas como diz o ditado popular “depois da guerra todo mundo quer ser geral”, fica evidente que encontramos em muitas das análises de diferentes especialistas . A verdade é que uma das bases em que se funda esta grande crise se dá fundamentalmente pela desigualdade existente em nosso país, onde um dos efeitos mais reveladores está relacionado ao sistema econômico vigente, que se alicerça na premissa de que haveria um crescimento sustentado que daria uma melhor qualidade de vida a todas as pessoas, dando às grandes corporações a possibilidade de “planejar seus impostos”, pagar menos impostos, originalmente serviria para defender maiores benefícios aos seus trabalhadores,
Esses argumentos têm peso próprio, pelo fato de apresentarem grandes falhas desde sua gênese, principalmente pela falta de eficiência nos indicadores de crescimento, focando sua análise em um problema puramente matemático impulsionado em grande parte por instituições subnacionais como: OCDE, Banco Mundial, FMI, entre outros que promovem entre as suas políticas uma forte ênfase na competitividade e no individualismo, resultando excessivamente instrumental na análise da economia real, uma vez que apenas se ocupam em medir o acesso a bens e serviços. serviços em comparação com a renda familiar, mas no dia a dia existem muitos outros fatores que influenciam no seu desenvolvimento,Exemplo disso é o que Amartya Sen propõe “basear-se nas capacidades das pessoas como indicadores de desenvolvimento”, isso muda o paradigma e, de fato, tem servido para dar uma virada copernicana na forma de analisar a economia mundial, reivindicando o papel do ser humano e agregando importância à sua relação com o meio ambiente, incluindo em sua proposta elementos como cultura, meio ambiente, cidadania, entre outros que sempre deveriam ter estado na fórmula, mas que hoje percebem sua grande importância.entre outras que sempre deveriam ter estado na fórmula, mas que hoje percebem sua grande importância.entre outras que sempre deveriam ter estado na fórmula, mas que hoje percebem sua grande importância.
Outro aspecto revelador se dá com a qualidade democrática do país, aprofundando elementos representativos sobretudo, deixando de lado a participação real, isso se reflete no processo constituinte que está em pleno desenvolvimento, onde se perdeu a possibilidade de participação cidadã. com a promulgação da “apressada” Lei da Reforma Constitucional no final de 2019, deixando de lado uma opção que a valide. Este atrelado a problemas sociais, é claro que aqueles que saíram às ruas para reivindicar seus direitos em geral foram cidadãos comuns, organizações sociais, sindicatos, mais do que partidos políticos com seus representantes, não todos, mas em seus grandes A maioria delas representava parte do problema principalmente por sua pouca conexão com a realidade das necessidades. Porém, Hoje são eles que estão estabelecendo estratégias para influenciar os processos políticos que estão por vir. Por enquanto, uma Constituição não é a panaceia que resolve todos os problemas de um país, mas será preciso estabelecer direitos inalienáveis que o atual não tem, portanto, neste avanço a discussão mais importante será a de passar de um Estado subsidiário a outro. de Direitos, o que implica uma transformação transcendental para as gerações futuras.
A crença de que o índice de eleitores aumentou no plebiscito de outubro passado, responde apenas a uma ilusão democrática, já que o número de eleitores no universo do cadastro atingiu apenas 50%, o que ainda é insuficiente para validar a democracia. Portanto, cair na complacência de dizer que foi um resultado amplamente satisfatório é um tanto delirante, resta aos representantes políticos de hoje, para que possam trabalhar para melhorar as taxas de votação, para isso devem trabalhar para reivindicar seu papel na sociedade, instalando temas que transcendem o tempo, tratando primeiro da população mais vulnerável que a cada dia aumenta em termos de acessibilidade aos serviços básicos,Instalando como prioridade a consagração da confiança pública que diminui a cada vez que se conhecem os diversos casos de corrupção que afetam a classe política.
Outro dos aspectos que tem relação direta para avançar rumo a uma melhor democracia, é dado pelo desenvolvimento de mecanismos que garantam uma maior inclusão social, neste a associatividade de organizações e pessoas, requer validação por parte do Estado, com a pandemia. Viu que inúmeras organizações da sociedade civil buscam espaços de interação, negociação ou convergência, mas cada vez que geram algum tipo de reaproximação, encontram os clássicos muros da burocracia weberiana que centralizam suas decisões em um poder central.
No plano econômico, os sinais de que o sistema capitalista tem uma data de expiração são claros, nesta área o desejo de criar crescimento para o crescimento passou a conta para a grande maioria dos países, o Chile não é exceção, é preciso pensar no desenvolvimento que se exige, que inclui aspectos que serão incontornáveis para a tomada de decisão, tais como: sustentabilidade, maior respeito pelas culturas e real descentralização, permitindo evidenciar o papel que os territórios desempenham para o desenvolvimento equilibrado do país , é preciso um olhar “de dentro”, substituindo o centralismo que em termos platônicos “não permite que a floresta se veja”, sempre conformando-se com “as sombras” representadas pelas regiões.
Podemos concordar que esta reflexão constitui apenas uma síntese da realidade chilena, neste sentido a lição que pode ficar de tudo isso é que a passagem por esta crise sistêmica se transforma na exploração de novos paradigmas que buscam o equilíbrio entre o racional e o espiritual, que se traduza em políticas públicas pensadas de e para as pessoas em articulação com seu ambiente natural e biológico, sabendo que o que foi percorrido até agora sem dúvida deixará feridas no caminho, mas o sacrifício de tudo o que viveu servirá para diluir novas oportunidades que nos ajudarão a valorizar mais o que temos, aproveitando essa experiência para estimular as gerações que vêm a não ter medo de dogmas que muitas vezes não nos permitem fazer as mudanças que são necessárias.
Publicado originalmente en: Chile transitando entre crisis y oportunidades (noticiaslosrios.cl). acceso en: 14/dec/2020
*Guido Asencio – Pesquisador na Universidad de Los Lagos (Chile) e Doutorando em Administração de Empresas. Contador Público e Auditor, Lic. En Cs. Contadores, MBA Latino-americano em Administração de Empresas, Mg. (c) Cs. Social Mention Development of Prosesos Soc. Regionales, Magistrate in research, Magistrate in Climate Change. Diplomas de especialização em políticas públicas, globalização e gestão estratégica. Acadêmico de graduação e pós-graduação com mais de 100 publicações, incluindo os 8 livros mais importantes. Afilia várias Universidades no Chile, principal Universidade de Los Lagos. O prêmio internacional do British Council elegeu os 100 líderes mais importantes da LATAM em 2010.
Fonte: Direito Financeiro e Tributário
Publicação Ambiente Legal, 14/12/2020
Edição: Ana A. Alencar
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