Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
A marca que deixamos no planeta
Toda atividade humana consome recursos, gera emissões e produz resíduos. Esses efeitos constituem justamente a marca, o rastro, a pegada do ser humano, deixada nos ciclos ecológicos de nosso planeta.
O avanço e sofisticação tecnológica da sociedade que construímos. faz com que essa pegada, essa marca se amplie para muito além dos ciclos ecológicos do planeta. Nossa pegada é a de um fantástico predador.
Torna-se evidente a necessidade de medir e contabilizar nossa pegada ecológica, para mensurar a capacidade de suporte da natureza face à nossa demanda, mantidos os mesmos estágios de produção e consumo.
Pegada Ecológica, portanto, é o termo adotado para identificar o processo de contabilidade destinado a saber se o planeta – nosso ativo, é suficiente para atender nossa atividade e suportar suas externalidades (efeitos) – nosso passivo.
O conceito de pegada ecológica existe desde 1993, desenvolvido pela equipe de Mathis Wackernagel e William Rees, da University of British Columbia(USA).
O grande ativo posto na balança dessa contabilidade é a biocapacidade. Representa a área produtiva necessária para fornecer à humanidade, sem comprometimento da área destinada a manter os ciclos naturais necessários ao próprio planeta, os recursos naturais renováveis que aquela necessita, a área utilizada para absorver os resíduos produzidos, a área ocupada por infra-estrutura humana, reservas de minérios e combustíveis fósseis e as irreversíveis áreas urbanas.
Esse ativo, no entanto, está esgotado. Consumimos mais e numa velocidade muito maior que a capacidade da natureza em recompor-se.
No balanço anual, pisamos fundo demais…
Segundo dados da Global Footprint Network (GFN), uma organização de pesquisa que mede a pegada ecológica do homem, os recursos biológicos do planeta, previstos para suprir o consumo humano em 2016, acabaram em 08 de agosto.
Isto significa que, em menos de oito meses esgotamos todos os recursos que a natureza é capaz de oferecer de forma sustentável para o período de um ano.
A GFN tem realizado estudos sobre a pegada ecológica desde 2000. Estudos realizados, no entanto, ainda nos anos 70, demonstravam que, para sustentar seu estilo de vida o ser humano vinha utilizando cerca de 50% a mais do que deveria dispor, em recursos naturais no planeta.
Contabilidade Sinistra
Segundo a GFN, a biocapacidade disponível por pessoa é de 1,8 hectare global. No entanto, a média mundial apontada recentemente pelos relatórios da Pegada Ecológica é de 2,7 hectares globais por pessoa.
Isso significa que a população do planeta está em déficit ecológico, correspondente a 0,9 gha/cap. A humanidade necessita hoje de 1,5 planeta para manter seu padrão de consumo.
Estamos em um planeta que hoje funciona no vermelho. A cada ano, segundo essa contabilidade, a terra tem esgotado seus recursos mais cedo que anos anteriores.
O Overshoot Day, Dia da sobrecarga na Terra, no ano 2000, foi em 1º de outubro. Nesse ano de 2016, o dia foi 8 de agosto.
Pelo resto do ano de 2016, estivemos em déficit ecológico: reduziremos de forma irreversível as reservas no planeta e aumentaremos ainda mais a quantidade de CO² produzidos na atmosfera.
Hoje, 85% da população mundial vive em países que demandam mais da natureza do que os seus ecossistemas poderiam renovar.
Qual será o déficit ecológico da Terra em 2017?
A Pegada Ecológica de cada um
A pegada ecológica pode ser mensurada por governos, como forma de alavancar esforços para promover ações visando reduzir o consumo e aumentar a biocapacidade do planeta. Pode, no entanto, também ser medida individualmente, por cada pessoa, permitindo que cada um de nós adote comportamento mais compatível com a sustentabilidade do planeta.
É possível a cada um de nós calcular e avaliar sua pegada ecológica e seu impacto no meio ambiente.
Calcule sua pegada ecológica aqui: http://goo.gl/fZrq8m ou em http://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/calculadora-de-pegada-ecologica/
ou aqui: http://footprint.wwf.org.uk/
Fontes:
http://envolverde.com.br/ambiente/recursos-naturais-gerados-para-2014-acabam-hoje/
http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/pegada_ecologica_global/
http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/hoje-acabam-todos-os-recursos-naturais-gerados-para-2014
http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/pegada_ecologica/overshootday/
Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e das Comissões de Política Criminal e Infraestrutura da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/SP. É Vice-Presidente da Associação Paulista de imprensa – API, Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.
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Infelizmente um pequeno número de pessoas dá importância ao tema. Vamos matar o planeta e lamentar depois….
Saudações. O planeta não está em risco, quem esta correndo perigo é a humanidade. Pois dependemos do planeta, todo dano que fizemos até aqui, passam a não existir em 1000 anos, depois da nossa extinção. Nosso grande problema são os modelos de exploração já consolidados e corrompidos. Como é o caso evidente da retomada do uso do carvão pelo EUA. Um pais rico, que deveria vender uma nova tecnologia para o mundo, está voltando atras pelo simples fato de não usar a inteligencia e sim atender interesses. Um abraço.