Copa do Mundo e Saneamento Básico: em 2018, se o critério de classificação do mundial fossem as condições sanitárias, o Brasil seria eliminado nas oitavas de final. Japão seria o campeã.
Levantamento realizado pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES compara os índices de saneamento entre todos os países que participarão do torneio na Rússia.
Se a Copa do Mundo fosse uma competição que levasse em consideração as condições de saneamento básico, o Brasil não passaria das oitavas de final. Esta é a conclusão do levantamento “Copa do Mundo do Saneamento”, realizado pela ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – Seção SP, comparando as condições sanitárias entre todos os países que participarão do mundial na Rússia, a partir de 14 de junho, tal qual estão dispostos na tabela da Copa (acesse aqui a tabela). O estudo foi feito com base em dados do Programa de Monitoramento Conjunto para o abastecimento de água e saneamento – UNICEF e Organização Mundial da Saúde (OMS) – WHO/UNICEF JMP – Definição de Acesso à água potável: disponível aqui e Gestão Segura dos Serviços de Saneamento: veja aqui.
Na Copa do Saneamento 2018, o Japão levanta a taça. Em segundo lugar vem a Suíça, em terceiro, a Espanha e em quarto, a Dinamarca.
O JMP considera satisfatórias as condições de saneamento a partir de um conjunto de itens, como:
Água: ligações domiciliares, Poços Artesianos, Captação, armazenamento e utilização de água da chuva, dentre outros;
E para o Saneamento: a existência de vaso sanitário, sistema de coleta de esgoto (coleta, bombeamento, tratamento e disposição final adequada) e fossa séptica, entre outros.
No Brasil, 32 milhões de pessoas não têm acesso adequado ao abastecimento de água (rede geral de abastecimento), 85 milhões de brasileiros não têm acesso adequado ao esgotamento sanitário (rede coletora nas zonas urbanas e rede coletora ou fossa séptica nas zonas rurais), 134 milhões não têm os esgotos de suas casas tratados e 6,6 milhões não têm nem sequer banheiro.
“Apesar de avanços, ainda temos muitos desafios para a universalização e muito debate ainda a ser feito, como, por exemplo, a Revisão do Marco Legal do Saneamento, para a qual o governo federal quer propor uma medida provisória sem ampla discussão com o setor”, ressalta Marcio Gonçalves, presidente da Seção São Paulo da ABES (ABES-SP).
Brasil em campo
O Brasil caiu em um grupo privilegiado e foi o país com menor indicador (68,0%) a passar para as oitavas de final, após superar Costa Rica (50,0%) e Sérvia (57,5%) no Grupo E. Apesar de não ter terminado em primeiro do grupo, que teve liderança isolada da Suíça (99,5%), apresentou um desempenho melhor que o da Copa do Saneamento de 2014, onde foi eliminado já na fase de grupos.
Países com melhores indicadores como Egito (79,5%), Austrália (87,0%), México (71,5%), Suécia (96,0%) e Tunísia (83,5%) não tiveram a mesma sorte no sorteio dos grupos e acabaram ficando para trás na fase de grupos mesmo.
Importante destacar que o Brasil é o país com a maior população a disputar o campeonato e um dos maiores em área territorial, dois elementos cruciais no desafio da universalização do saneamento.
Samurais azuis campeões
O Japão (99,5%), líder do grupo H, fez uma campanha impecável e conquista o título mesmo tendo encontrado grandes desafios pelo caminho. Superou a Bélgica (98,5%) nas oitavas de final, Coreia do Sul (99,0%) nas quartas de final, Espanha (98,5%) na semifinal e encontrou seu maior oponente na final com a Suíça (99,5%), única partida que terminou empatada e teve que ir para o critério de desempate (população x cobertura) da Copa do Saneamento da ABES de 2018.
O grupo da morte
O Grupo F apresenta a maior média dos indicadores (91,0%), uma disputa acirrada: Alemanha (97,5%), campeã da Copa do Saneamento da ABES 2014, Coreia do Sul (99,0%), uma das seleções favoritas deste ano e algoz do Brasil nas oitavas de final, Suécia (96,0%) e México (71,5%), que em 2014 eliminou o Brasil no Grupo A, mas acabou sendo eliminado pela Espanha nas oitavas de final.
Desempenho da América Latina
Apenas dois países da América Latina avançaram para as oitavas de final: Brasil e Uruguai. Porém, ambos ficaram ali mesmo, sendo desclassificados pela Coreia do Sul e Arábia Saudita, respectivamente.
Desempenho africano
Os países da África não conseguiram passar da fase de grupos, o que evidencia o quanto é necessário evoluir nos serviços de água e esgoto no continente.
Ásia/Oriente Médio
Três países conseguiram passar da fase de grupos: Arábia Saudita (Oriente Médio), Coreia do Sul e Japão. Este último leva o troféu da Copa do Saneamento da ABES 2018.
Europa
A Europa manteve sua hegemonia no campeonato – 11 dos 16 países que chegaram nas oitavas de final são do velho continente – e garantiu ainda três presenças entre os quatro melhores.
Os 4 melhores de 2018 x os 4 melhores de 2014
Nenhum dos países que chegaram até a semifinal em 2014 conseguiu repetir este feito. Alemanha, campeã em 2014, deu azar e caiu nas oitavas de final frente a Suíça. França, vice campeã em 2014, chegou às quartas de final, mas não conseguiu superar a Espanha. Holanda não participa da Copa este ano e Inglaterra foi eliminada pela Suíça nas quartas de final.
O Japão, que em 2014 havia sido eliminado pela Holanda nas quartas de final, conquista o título de campeão este ano. A Suíça, que no torneio anterior havia sido eliminada pela Alemanha, neste ano consegue a revanche e manda os alemães pra casa mais cedo. A Espanha conquista o terceiro lugar este ano; em 2014 havia sido desclassificada pela Inglaterra nas quartas de final. E a Dinamarca, que não havia participado da edição de 2014, conseguiu chegar até a semifinal este ano.
Por Suely Melo
Fonte: ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental