Por Danielle Denny
Yolanda Cerqueira Leite, secretária-executiva da Rede Brasileira do Pacto Global das Nações Unidas (ONU), considera o Brasil um país estratégico na área socioambiental, não somente por ser riquíssimo em recursos e megadiverso, mas também pelo grau de consciência interna demonstrado pelo mercado corporativo. Ela ressalta que somos o terceiro em número de empresas que aderiram ao Pacto: “As empresas aqui são muito receptivas”.
O Pacto é uma iniciativa da ONU, de 1999, que reúne empresas interessadas em participar do diálogo global de alto nível em torno de dez princípios, a fim de contribuir para a cidadania corporativa e facilitar ações globais amplas.
A adesão é voluntária, feita por meio de carta ao secretário-geral da ONU. O objetivo é tornar a economia global mais inclusiva e sustentável, revendo as relações do setor privado com a sociedade. Os dez princípios do pacto devem ser incluídos na estratégia e na operação das empresas pactuantes.
Yolanda foi também uma das responsáveis pela organização da Rio+20 e, nessa condição, identifica que um dos principais legados da conferência foi o reconhecimento de que a iniciativa privada é fundamental para resolução dos problemas ambientais: “A Rio+20 teve um saldo extremamente positivo, as empresas deixaram de ser encaradas como parte do problema e passaram a ser parte da solução”.
Mas os desafios ainda são grandes, ela reconhece: “O mercado tem responsabilidade determinante na gestão da economia verde, tem de trazer o custo do impacto no meio ambiente para o custo dos produtos”, afirma.
E, segundo a secretária-executiva, a iniciativa privada parece ainda não estar preparada para assumir essas responsabilidades. “Ações concretas exigem sair do papel e envolver a todos, inclusive a academia, a ciência. O mercado tem de encontrar formas, que ainda não estão claras, para computar o custo socioambiental”, acredita.
Nos próximos anos, o pacto terá a meta de aprofundar esse envolvimento e fomentar o planejamento estratégico. A meta será “engajar cada vez mais empresas nesse caminho”, afirma.
Na opinião da secretária-executiva, tem existido uma relação conflituosa entre os grandes grupos empresariais e ainda falta uma previsão sobre o futuro papel a ser desempenhado pela ONU. Yolanda identifica que, “de maneira geral, falta de cooperação entre iniciativa privada, governos e sociedade. O bem maior que se busca proteger é a natureza. Se todos estamos trabalhando nesse sentido, temos de unir esforços”.
Yolanda é otimista. Para ela, “o executivo já está consciente, sabe que é um caminho sem volta e olha seus concorrentes e seus consumidores. É um caminho que está sendo perseguido, mas a escala ainda é muito pequena. Tem de aumentar muito”, diz.