Por Eliana Rezende
É muito pertinente pensarmos de que forma se “cultivam” genialidades. Ninguém as cria! Mas, uma vez existindo terreno fértil podem frutificar.
A humanidade produziu diversos, em diferentes períodos e espaços, mas o tripé: mistura de pessoas, educação e incentivo a tomada de riscos e fracassos, parece de fato contribuir para que haja saltos qualitativos.
Confesso que gosto muito, e incentivo a tomada de riscos e fracassos. Em geral, profissionais temem o fracasso, e se esquecem de que sobre ele podem edificar uma sólida construção. Não que o erro seja desejável, mas faz parte de um processo que, se bem conduzido, possibilita dividendos.
É importante pensarmos que a educação e a formação devem ter em seu horizonte os fracassos e deles criar novas possibilidades. Tal concepção favorece o cultivo das genialidades – não como algo extraordinário, mas como absolutamente possível e viável.
Talvez a coisa mais importante aqui não seja o sentido de gênio como DNA, mas sim o sentido de educação formal ou corporativa, como meio de cultivo das possibilidades individuais. Em vários casos haverá aqueles que são brilhantes, acima de qualquer média e que farão diferença em qualquer espaço em que estejam. Mas também concordo que haverá uma maioria que estarão nessa linha.
A “mágica” está em, precisamente, pinçar tais individualidades e as fazer render seu máximo. No geral, entram aí uma boa dose de capacidade inerente ao bom agricultor: paciência no cultivo, e ações concretas que façam frutificar aquilo em que se depositou sua confiança ainda como semente.
Quase sempre, os meios educacionais e profissionais “queimam etapas”. Pulam o que há de mais precioso que é o estado de gestação que varia de pessoa para pessoa. As condições em que estas se encontram.
“Cultivar” potenciais… sendo gênios ou não, é uma tarefa fácil e requer habilidade que em muitos casos não combinam com o mercado e suas demandas. Mas com certeza possui resultados que também não tem nada a ver com escalas de linhas de produção em série.
O “genial” estará dado por tudo o que apresenta como sendo único.
Acertos são bem vindos, mas os fracassos também podem dar consistência a um pensamento ou ideia. Em vários casos, podem servir de “lapidação”. Vejo que em diferentes sistemas: quer educacionais quer corporativos, errar torna-se sinônimo de fracasso irremediável, quando de fato não é assim.
Todas as formas de educação precisam incorporar o outro…tanto quanto o diferente ou o erro. Fazendo isso com certeza vai-se mais longe.
Eliana Rezende é diretora da ER Consultoria, Gestão de Informação e Memória Institucional, doutora em História Social – Cultura e Cidades – UNICAMP, mestre pela PUC/SP, especialista em Preservação e Conservação de Colecções de Fotografia – Lisboa, Portugal com participação em vários projetos de política de preservação digital, proteção da memória e gestão documental governamentais e corporativos. Articulista do Portal Ambiente Legal.
Fonte: Blog Pensados a tinta
Publicação Ambiente Legal, 10/03/2021; 2016
Edição: Ana A. Alencar
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