De pelagem curta e sedosa, com coloração amarelo-dourada, o tamanduaí (Cyclopes didactylus) é a menor e mais rara espécie de tamanduá do mundo. O pequeno habitante das florestas tropicais do continente americano mede cerca de 15 centímetros e pesa até 250 gramas. De hábitos noturnos, se alimenta de formigas e cupins.
Descrito pela primeira vez em 1758, o tamanduaí, tamanduá-anão ou tamanduá-seda, nomes pelos quais também é conhecido, habita florestas da América Central e do Sul.
No Brasil, até então, só era conhecida a espécie Cyclopes didactylus, com ocorrências no Nordeste brasileiro, única entre os tamanduaís.
Agora, um grupo de brasileiros, liderado pela pesquisadora Flávia Miranda, acaba de anunciar a descoberta de seis novas espécies de tamanduaí no Brasil, duas delas endêmicas daqui, ou seja, só existem em nosso país e em nenhum outro lugar do mundo.
O artigo sobre a descoberta foi publicado no último dia 11 de dezembro, na publicação científica Zoological Journal of The Linnear Society.
Há doze anos Flávia estuda estas espécies, que são observadas em regiões da Mata Atlântica e da Amazônia. Durante todo este tempo, foram realizadas diversas expedições e coletadas amostras de animais do Pará, Pernambuco e Amazônia, e também, México e Bolívia.
Por meio de estudos taxonômicos, que analisaram características físicas como coloração e tamanho em mais de 280 espécimes, além de 33 amostras genéticas, que passaram por testes minuciosos, foram identificadas as seis novas espécies, pertencentes ao gênero Cyclopes: C. ida; C. dorsalis; C. catellus; C. thomasi; C. rufus e C. xinguensis.
Segundo a pesquisadora, o próximo passo é mapear os lugares exatos de ocorrência desses animais. “Com o mapeamento seguro e exato, será possível identificar qual é o nível de preservação dessas espécies, se alguma delas encontra-se sobre o risco de extinção e traçar estratégias de conservação, estimulando também o cuidado e o zelo pelos locais onde são encontradas”, explica a coordenadora do projeto.
Flávia Miranda é zoóloga e coordenadora da ONG Projeto Tamanduá, organização sem fins lucrativos que trabalha em prol da preservação não somente dos tamanduás, mas também de tatus e preguiças.
Em novembro, em entrevista ao Conexão Planeta, neste outro post, a pesquisadora já havia comentado sobre a descoberta, que em breve, seria divulgada.
A pesquisa que resultou no artigo publicado na Zoological Journal of The Linnear contou com o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). “Tão importante quanto a descoberta dessas espécies, é ressaltar o trabalho de todas as pessoas envolvidas no processo, que foram muitas ao longo destes 10 anos dedicados ao estudo”, destaca Flávia.
Suzana Camargo, jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante seis anos. Entre 2007 e 2011, morou em Zurique, na Suíça, de onde colaborou para diversas publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Info, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Atualmente vive em Londres.
Fonte: ConexãoPlaneta