Por Ricardo Viveiros*
Hoje, 8 de janeiro, é o Dia Nacional da Fotografia e do Fotógrafo. Esta é a data em que o primeiro daguerreótipo chegou ao Brasil, há 181 anos (1840). Que nome estranho, não?
Louis Jacques Mandé Daguerre foi um pintor, cenógrafo, físico e inventor francês, autor, em 1835, da primeira patente para um processo fotográfico que levou o seu sobrenome: “Daguerreótipo”. Foi divulgado em 1839, na Academia Francesa de Ciências, tendo sido substituído por processos mais práticos e baratos apenas no início dos anos 1860.
Cerca de 50 anos depois do primeiro intento de criar a máquina fotográfica, Louis Daguerre, sempre muito estudioso, ao testar placas sensibilizadas com iodeto de prata sem querer quebrou um termômetro de mercúrio sobre uma delas. Colocou-a na janela para secar ao sol e, ironicamente, sem que fizesse parte de suas pesquisas, descobriu que podia revelar imagens ainda invisíveis após apenas 30 minutos de exposição, quando até então precisavam muitas horas para se tornarem visíveis, serem reveladas.
Em vez de patentear a máquina, Daguerre preferiu doar sua descoberta ao governo francês em troca de uma pensão vitalícia. Era difícil viver de novas ideias, à época. Assim, o invento tornou-se de domínio público, e logo surgiram vários daguerreotipistas. O processo de captação e fixação de imagem revolucionou o registro e o entendimento do que era realidade e do que era ficção, tornando possível que mesmo pessoas simples pudessem possuir cópias exatas de seus próprios rostos, de parentes, amigos, lugares e acontecimentos.
Nasciam a fotografia e o fotógrafo, eternizavam-se os momentos. E a História passou a ser contada com veracidade. O fotógrafo é muito mais do que um repórter, é um documentarista, alguém capaz de gravar fatos com sensibilidade e emoção. Segundo o filósofo chinês, Chiu Kung, conhecido como Confúcio, “Uma imagem vale mais do que mil palavras”. Isso sempre foi verdadeiro, desde os velhos tempos de Confúcio, e muito mais hoje no Mundo tecnológico e globalizado.
Vivemos um tempo no qual “ver” e mais importante do que “ler”. O que, entretanto, tende a equilibrar textos criativos e objetivos com imagens claras e fortes, um valorizando o outro e ambos dando objetividade, qualidade e agilidade à comunicação.
Não há mais espaço para conteúdos rebuscados, adjetivados e muito explicativos. Como não há também interesse em imagens confusas e sem foco no principal.
Na Era Digital, dentre muitas criações que surgem a cada novo dia, tem destaque a chamada mídia “NINJA” (Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação), nova maneira de comunicar que surgiu com os movimentos populares nos anos 2000 para, com imagens sem edição, atingir, envolver e motivar centenas, milhares e até milhões de pessoas pelas Mídias Sociais. Vimos isso, recentemente, na mobilização e tomada do Capitólio em Washington, nos EUA.
Você, claro, já viu, como até repassou, um meme. São imagens, geralmente bem humoradas, que viralizam na Internet. Um meme podem ser pura brincadeira, como uma eficiente mensagem que critica, muda, transforma, revê ou impõe conceito. Desde as revistas em quadrinhos, passando por charges, cartuns e tiras, chegando aos desenhos animados sem palavras e, agora, aos memes, as imagens são algo muito forte em nossas vidas. Acompanhadas de um texto interessante e sinérgico, então, nem se fala.
*Ricardo Viveiros – Jornalista e escritor, autor de 41 livros, lecionou por 25 anos para cursos superiores de graduação e MBA. Recebeu a medalha da Organização das Nações Unidas (ONU) no Ano Internacional da Paz (1986), foi escolhido pela ABERJE, “Comunicador Empresarial do Ano”, em 2013 e tem o título de “Notório Saber”, em nível de doutorado, recebido da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Fundou e dirige, desde 1987, a RV&A.
Fonte: o próprio autor
Publicação Ambiente Legal, 08/01/2021
Edição: Ana A. Alencar
Artigos assinados não expressam necessariamente a opinião da revista, mas servem para reflexões.