Convenção do PSL assusta jornalistas que esperavam menos…
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro*
Os jornalistas amestrados, a serviço das mídias pagas pelo establishment, sofreram um duro choque de realidade ao cobrirem a convenção do PSL, que aprovou a candidatura de Jair Bolsonaro à presidência da república e apresentou a jurista Janaína Paschoal, como a provável candidata a vice na chapa.
O susto se deu pelo comparecimento maciço de eleitores, expressando o forte apoio popular ao candidato, algo inusitado para a convenção de um partido tido como “nanico” pelos escribas da mesmice jornalística.
Protagonizada pelos jornalões, a contumélia midiática contra Bolsonaro não arrefeceu. Porém revelou-se nas entrelinhas, a forte impressão causada pelo ódio cívico em estado puro, reinante no evento, nos profissionais encarregados da cobertura.
De fato, a convenção revelou impressionante sede por mudanças radicais no poluído ambiente político brasileiro. Ficou claro que essa “ira santa”, essa indignação cívica, não será aplacada por pela hipocrisia de sempre, ocorrente nas demais convenções partidárias dos outros presidenciáveis.
Outro “problema” sentido pelos operosos repórteres, ao par da ira santa, foi a civilidade reinante no evento. Ao contrário dos ajuntamentos esquerdizóides, ao qual estão acostumados, os jornalistas não foram hostilizados por militontos. Esse fato, não impediu, contudo, de sentirem no ar o clima do mais profundo (e às vezes merecido), desprezo.
Evidente que vários dos focas mandados pela grande mídia, foram cobrir a pauta com a matéria já semi-redigida pelo editor. Não é difícil observar o mecanismo da notícia pronta, basta ler os relatos do evento – sempre destacando como negativos momentos de pura demonstração de democracia.
Por exemplo, o discurso “dissonante” de Janaína Paschoal, apelando para o entendimento e a tolerância para com quem pensa diferente, precedido de um pedido pessoal de silêncio e ponderação – contrasta escandalosamente com as palmas obsequiosas, palavras de ordem programadas e assentimentos contratados, vistos em todas as outras convenções partidárias realizadas no período da nova república. Nesse sentido, o elogiável ponto fora da curva… foi tratado como “incômodo”.
“Não se ganha eleição com pensamento único. Não se governa uma nação com pensamento único”, afirmou a advogada, aduzindo:
“Os seguidores, muitas vezes, do deputado Jair Bolsonaro têm uma ânsia de ouvir um discurso inteiramente uniformizado. Pessoas só são aceitas quando pensam exatamente as mesmas coisas. Reflitam se não estamos fazendo o PT ao contrário.”
Janaína abordou assuntos incômodos, como drogas e aborto; abordou questões relacionadas aos direitos civis e afirmou ser desnecessário sair por aí “falando para as pessoas acreditarem em Deus”.
Ponto para a convenção e para o candidato, que absorveu muito bem a crítica pública à determinadas condutas observadas em campanha.
A possibilidade da discordância, conferida a quem discursou, no evento do PSL, contrastou com a retirada à força da jornalista Valéria Monteiro, do recinto do simulacro de convenção, protagonizado sem constrangimento pela direção do PMN – mais interessada em obter alguma sobrevivência negociando dobradinhas no varejo para seus candidatos parlamentares, que manter a palavra anteriormente empenhada de dar apoio à candidatura independente de sua filiada.
O destaque do aparvalhamento jornalístico foi muito bem captado pelo jovem jornalista da Folha de São Paulo, Leandro Narloch, publicado na edição de domingo último (22 de julho).
Na matéria, fica fácil de constatar que a imprensa que não impressiona, entrou no evento com a pretensão de confrontar os presentes com atitudes “blazé” ou manifestações corporais de puro desprezo. No entanto, saíram dele apavorados, pois atestaram que a reação química Bolsonaro-Janaína pode mesmo ser explosiva…
O jornalista Leandro Narloch fez o seguinte relato:
“Como jovens jornalistas são próximos da nova esquerda, é natural que antipatizem com Bolsonaro e recebam tratamento recíproco. A tensão ficou evidente na convenção.
O público, em êxtase, empunhava bandeiras, tocava tambores e buzinas, aplaudia, louvava os falantes e gritava contra a imprensa: ‘Globo lixo! Imprensa comunista!’.
Já nas cadeiras reservadas aos jornalistas, o clima era de velório.
À minha direita, um repórter de TV mostrava seu descontentamento assistindo a Fórmula 1 pelo celular. À esquerda, uma jornalista fazia ‘não’ com a cabeça a cada vez que um dos falantes criticava a legalização do aborto. ‘Isso me aterroriza demais’, disse. Outra colega, sentada no chão, com cara de ressaca, segurava a cabeça como se pensasse: ‘o que é que fiz da minha vida pra ter de ouvir essas coisas num domingo de manhã?’.
O pior é que talvez seja exatamente isso que os eleitores de Bolsonaro procurem. Querem alguém que leve mais virilidade à política, irrite o jovem reportariado e que não se preocupe com a repercussão de seu discurso no programa da Fátima Bernardes.
‘Como eu, Bolsonaro fala por impulso, sem ligar para o que a imprensa vai dizer’, diz Roriz, o ex-eleitor de Lula que hoje leva a imagem de Bolsonaro na perna.”
O fato é que a imprensa não desistirá de massacrar o que lhe parece perigosamente diferente da mesmice.
Repito: dentre os súditos do establishment, estão todos determinados a destruir o projeto de Bolsonaro. Resta ver se o eleitor (caso o voto computado seja realmente o dele, e não de um algoritmo qualquer), irá concordar com isso.
*Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB. Vice-Presidente da Associação Paulista de Imprensa – API, é Editor – Chefe do Portal Ambiente Legal, do Mural Eletrônico DAZIBAO e responsável pelo blog The Eagle View.
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