Por Gianluca Cerullo*
- Com o crescimento dos compromissos globais de reflorestamento, como empresas, governos e comunidades irão pagar a restauração dos ecossistemas florestais e ajudar a sequestrar o carbono em longo prazo?
- Uma saída possível: cultivar e vender madeira nos mesmos lotes de terra onde estão sendo realizados trabalhos de reflorestamento, como em projetos pioneiros de restauração na Mata Atlântica, onde uma única colheita de eucalipto – de crescimento rápido – cresce em meio a árvores nativas restauradas. A venda de eucaliptos ajudaria a pagar pela restauração em longo prazo.
- Outra abordagem seria cultivar simultaneamente plantações de árvores e restaurações florestais em terrenos separados, muitas vezes adjacentes, com parte dos lucros da extração de madeira usada para apoiar a gestão dos projetos de reflorestamento.
- Ambientalistas demonstram a preocupação de que projetos ou negócios que se tornam excessivamente dependentes das receitas da madeira para financiar a restauração possam ter um efeito rebote: minar os benefícios ambientais de uma iniciativa e acabar favorecendo a extração não intencional dentro dos ecossistemas nativos. Especialistas perguntam: podemos realmente pagar por novas árvores cortando outras?
Pedro Brancalion está acostumado com o rugido das motosserras. Durante anos, ele ouviu madeireiros derrubando gigantes da floresta tropical na Amazônia brasileira, e escutou como árvores antigas eram tombadas e arrancadas dos fragmentos remanescentes da Mata Atlântica. Porém, desta vez o ronco do maquinário e o som das árvores em queda significam algo muito diferente.
Em vez de motosserras anunciando a morte de uma floresta tropical, elas são a trilha sonora para o renascimento da mata.
O projeto de restauração de Brancalion na Costa Atlântica brasileira está ressuscitando a floresta tropical perdida, mas com um toque inusitado. Como outros esforços de restauração ecológica, seu trabalho envolve o plantio de milhares de mudas de árvores de dezenas de espécies nativas em um plano para ressuscitar esse ecossistema em declínio. A grande diferença é que, em paralelo ao cultivo, sua equipe está derrubando algo surpreendente: eucaliptos.
Apesar de representarem um grupo exótico de espécies de árvores (em sua maioria originárias da Austrália), eucaliptos no Brasil geralmente estão confinados às monoculturas, aquelas que se estendem de maneira homogênea até onde a vista alcança.
Após cinco anos, o resultado é uma espetacular justaposição que traz esperança para o futuro das florestas. Eucaliptos altos e finos, prontos para a colheita e preparados para uma extração comercial de madeira, se erguem sobre o dossel de uma floresta tropical regenerada e diversificada.
Quando a equipe da Brancalion corta essas árvores exóticas e vende sua madeira, recupera-se até 75% dos custos de regeneração da floresta tropical. E, de acordo com pesquisas recentes, eles o fazem sem inibir a regeneração do complexo sub-bosque – a floresta tropical do futuro – enquanto ele cresce em direção ao céu.
Como suprir o déficit de financiamento do reflorestamento
À medida que os compromissos de plantio e restauração de árvores em grande escala aumentam globalmente, os profissionais da restauração, os governos e os cientistas estão cada vez mais se deparando com o mesmo problema que o projeto de Brancalion pretende resolver. Em um mundo de reservas aparentemente rasas, como a humanidade paga pelo reflorestamento em massa necessário para preservar nossa biodiversidade e enfrentar a crise climática?
Até agora, as fontes financeiras de longo prazo necessárias para financiar o que as Nações Unidas chamaram de a “Década da Restauração do Ecossistema” têm permanecido esquivas, superadas pelo brilho das promessas de plantio de árvores.
Embora leve apenas horas para derrubar uma floresta e dias para replantar uma, pode levar décadas para que essas mudas cresçam até a idade adulta. Portanto, as metas de restauração em longo prazo precisam de financiamento em longo prazo.
Esse financiamento é vital para projetos como as 10 iniciativas pioneiras de restauração reconhecidas pelas Nações Unidas na Cúpula da Biodiversidade (COP15) em dezembro de 2022. Uma delas é o Pacto Trinacional da Mata Atlântica, que tem a meta de recuperar 1 milhão de hectares até 2030 e 15 milhões de hectares até 2050 – uma meta ambiciosa que não sairá barata.
Brancalion oferece uma solução de financiamento sensata: “As pessoas destruíram ecossistemas nativos para ganhar dinheiro, e também deveriam ganhar dinheiro ao restaurar um ecossistema”, diz ele.
Ele sugere que, embora existam muitas fontes potenciais de financiamento para a restauração florestal, duas se destacam por sua capacidade de escala: “Na minha perspectiva, as opções mais viáveis são a geração de créditos de carbono e a produção de madeira”.
Até hoje, os créditos de carbono – um esquema que permite que poluidores de carbono em um local compensem suas emissões comprando o carbono elaborado por projetos de conservação e restauração de ecossistemas em outros locais – ficaram muito aquém das expectativas. Os analistas dizem que isso se deve principalmente ao fato de que até agora não conseguiram chegar aos preços necessários para financiar a restauração em larga escala.
Enquanto se espera que os créditos de carbono se tornem mais viáveis, Brancalion está buscando a outra solução. Ele acredita que a produção de madeira poderia atuar como um importante fluxo de financiamento para o reflorestamento, como está fazendo em seu próprio projeto pioneiro de Mata Atlântica.
A madeira é particularmente atraente como fonte de financiamento, diz ele, devido aos altos rendimentos que gera e à oportunidade de criar empregos locais e ao longo de toda a cadeia de fornecimento de madeira.
O exemplo do Re.green
Enquanto a técnica de reflorestamento de ecossistemas com árvores nativas ainda não foi ampliada, as empresas de eucalipto já demonstraram a validação de conceito utilizando o sistema de interplantio de Brancalion para restaurar mais de 500 hectares de Mata Atlântica.
Mas não são apenas as empresas madeireiras que estão apoiando o plantio intercalado com árvores de madeira para financiar a restauração. Fernando Gardon, um pesquisador da empresa brasileira de restauração Re.green, também acredita que a produção de madeira pode ser um aliado vital nessa direção.
Em vez de depender de eucaliptos de crescimento rápido, a Re.green planeja usar uma mistura de créditos de carbono e a colheita de espécies nativas de madeira maciça para pagar a regeneração de uma área quase do tamanho da metade de Sergipe. Um território que cobre 1 milhão de hectares de pastagens degradadas nos biomas da Amazônia brasileira e da Mata Atlântica.
Para atingir este objetivo, Gardon diz que o Re.green plantará espécies de árvores nativas valorizadas por sua madeira, incluindo o jequitibá-rosa (Cariniana legalis), o jatobá (Hymenaea courbaril) e o louro-pardo (Cordia trichotoma) – todas cultivadas ao lado de um conjunto mais amplo de plantas nativas. Assim, dentro de 15 a 30 anos, dependendo da velocidade de crescimento das árvores de madeira, a Re.green realizará uma única colheita dessas espécies e venderá a matéria-prima deixando a terra e o crescimento nativo para se regenerarem de forma perpétua a partir de então.
Segundo o site da empresa, essa madeira será processada em serrarias próprias e depois vendida a consumidores de alto nível nos mercados interno e externo.
“Assim, o plantio de madeira ajuda tanto no financiamento da restauração quanto na melhoria da qualidade ambiental para a regeneração natural, pois proporciona um ambiente muito mais favorável do que pastagens degradadas, por exemplo”, diz Gardon.
Visto através das lentes de um economista, pelo menos, combinar restauração florestal e produção de madeira parece fazer sentido. Ganhar dinheiro com a madeira é um modelo de negócios comprovado no mundo todo, e continuará a sê-lo no futuro, já que a demanda de madeira deve crescer em até 30% até 2050.
Mas será que uma nova era de restauração de ecossistemas pode realmente ser financiada por uma das práticas de eliminação de árvores mais antigas da humanidade? Poderemos pagar por novas árvores cortando outras?
Avaliar o valor ambiental e financeiro de uma árvore
Um estudo recentemente publicado na revista Science compara os benefícios ambientais de diferentes abordagens de restauração em todo o mundo, desde o crescimento das florestas nativas até o investimento em plantações de madeira de uma única espécie com rápida rotatividade.
Em quase todos os aspectos, as florestas nativas ganham. São melhores para a vida selvagem, melhores para os solos, melhores para a conservação da água e para o armazenamento de carbono. E para as populações tradicionais locais que dependem dos ecossistemas e dos serviços ambientais que prestam, a mensagem é clara: uma plantação de árvores não é uma floresta.
Mas em uma métrica de recursos – a economia –, as plantações de madeira se contrapõem à tendência, superando até mesmo os bosques naturais. As plantações de madeira (e as filas limpas de árvores comerciais de monocultura que crescem dentro delas) produzem mais madeira e mais dinheiro.
“Acho que um ponto-chave de nossa avaliação é que existem compensações entre metas ambientais e de produção na restauração florestal, e esperar que a restauração [florestal] cumpra todas as metas provavelmente seria uma ilusão”, diz Fangyuan Hua, o autor principal do estudo. Mas Hua vê a hiperprodutividade das árvores comerciais, cultivadas para sua madeira, como uma faca de dois gumes. Pelo menos quando esse modelo é utilizado para atender aos compromissos nacionais de reflorestamento.
Já há sinais de alerta, observa Hua, de que esquemas de exploração de plantações de madeira podem sequestrar a agenda global de reflorestamento. Muitos países estão apostando nos velhos hábitos de plantar monoculturas de madeira e chamá-los de florestas como atalhos para cumprir seus compromissos de reflorestamento e restauração sob o acordo climático de Paris e a Convenção sobre Diversidade Biológica (um tratado cujos 190 signatários nacionais acabam de se comprometer novamente em dezembro passado na COP15, em Montreal, com o objetivo de preservar 30% das terras e águas naturais do mundo até 2030).
“Pessoalmente, eu não vejo as plantações como verdadeiras ‘florestas’ e não acho que considerá-las para a área de restauração florestal seja significativo”, diz Hua.
Entretanto, se os grandes lucros da produção de madeira puderem ser redirecionados para a causa da reparação da natureza, diz Hua, então técnicas híbridas como a que está sendo demonstrada por Brancalion poderiam se revelar uma fonte integral de financiamento de restauração ainda pouco explorada.
Um bom negócio entre florestas naturais e plantações de árvores
Hua prevê dois caminhos claros para como a produção de madeira pode ajudar a restaurar os ecossistemas nativos: “Uma opção é usar a receita da produção de madeira para financiar – e até mesmo facilitar – a restauração posterior no mesmo terreno”, disse ela à Mongabay.
Esta abordagem, diz Hua, é evidenciada pelo projeto de Brancalion, onde a renda proveniente do corte de eucaliptos cultivados em florestas ajuda a compensar os custos subsequentes de restauração, sem atrapalhar a recuperação da floresta.
Outra opção para obter simultaneamente madeira e florestas, diz Hua, é atingir as metas de produção de madeira e restauração florestal em diferentes áreas de terra. Então, tendo se concentrado na criação de plantações de madeira de alto rendimento e de alto lucro em áreas madeireiras designadas, os governos ou as empresas de restauração podem reintegrar uma grande parte de seus lucros madeireiros na restauração de ecossistemas nativos localizados em diferentes terrenos.
Tal abordagem, envolvendo coordenação em nível paisagístico entre usos do solo concorrentes, é atualmente rara. Portanto, Hua sugere que mecanismos ativos e monitoramento sejam colocados em prática para garantir que o dinheiro ganho com a colheita da madeira realmente flua para a natureza em recuperação.
Forrest Fleischman, que pesquisa política florestal e ambiental na Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, adverte que os formuladores de políticas públicas que lidam com projetos florestais associados à extração de madeira precisariam considerar quem se beneficia de uma restauração. “Infelizmente, na maior parte do mundo, as desigualdades na posse da terra e no poder de decisão são grandes. Com frequência, as pessoas que arcam com os custos do reflorestamento [perdendo a subsistência na agricultura ou em atividades pastoris[, não são as mesmas que se beneficiam [por exemplo, empresas que lucram com a extração de madeira durante muitos anos pela frente]”, disse ele à Mongabay.
Seja qual for a maneira como os gerentes procurem conciliar os objetivos de restauração e de produção de madeira, tanto Gardon como Hua concordam quanto a um benefício secundário significativo: o método pode ajudar a reduzir a pressão da extração nas florestas naturais remanescentes. Atualmente, a extração de madeira natural é um dos principais fatores de risco de extinção de espécies, particularmente em países tropicais em desenvolvimento.
Mas há também o perigo de se tornar excessivamente dependente da madeira como um motor financeiro da restauração. “O risco de qualquer fonte única de financiamento para o bem ambiental é que ela pode ser instável” ao longo do tempo, diz Hua. “Particularmente para uma fonte de financiamento que está ligada ao uso lucrativo da terra, como é a produção de madeira, há o risco adicional de incentivos perversos.”
Em muitos países, a produção de madeira está intrinsecamente ligada à exploração excessiva e prejudicial dos ecossistemas naturais, a negociações de terra corruptas e a contratos injustos, e a ciclos de lucro “boom-and-bust” (abundância e escassez) que colocam os barões da madeira à frente dos trabalhadores ou comunidades.
Perigos da dependência excessiva nos lucros da madeira
Quando se trata de produção de madeira, o dinheiro cresce figurativamente nas árvores. Mas nunca é tão simples como colher cédulas como se fossem maçãs nas pontas dos galhos, claro.
Tanto para as empresas quanto para as comunidades, investir em recompensas futuras da madeira pode ser um empreendimento altamente especulativo, envolvendo grandes custos iniciais com resultados que levam anos para se materializarem. E há sempre o risco de que os investimentos em madeira sejam destruídos por incêndios, pragas, extração ilegal, eventos climáticos extremos ou práticas de gerenciamento inadequadas antes da extração.
É preciso acrescentar a isso os custos ecológicos da produção de madeira. Estes variam dependendo de como a colheita e o reflorestamento são realizados, e de quais espécies de madeira são plantadas e onde. Espécies exóticas de crescimento rápido plantadas em locais inadequados – eucaliptos colocados em pastagens naturais ou terras secas, por exemplo – podem sugar grandes quantidades de água subterrânea, aumentar o risco de incêndios e criar efeitos de borda que às vezes penetram centenas de metros na floresta nativa, acabando por perturbar os ecossistemas naturais.
Certas espécies arbóreas comerciais também correm o risco de se tornar pragas e invadir os habitats naturais adjacentes, reduzindo a biodiversidade, como aconteceu com as espécies de acácias que invadiram fragmentos da Mata Atlântica em Espírito Santo e na Bahia.
Entretanto, talvez a maior ironia no centro da discussão do uso da madeira para financiar o reflorestamento seja que, em muitos casos, isso pode significar uma exploração agressiva dos próprios sistemas que estão tentando ser restaurados.
Isto não é necessariamente um problema onde as atividades de extração e restauração de madeira estão em blocos separados de terra, ou onde a extração em si não danifica a regeneração na floresta remanescente.
Os agricultores responsáveis podem empregar uma variedade de boas práticas para reduzir os danos da extração de madeira em áreas restauradas. A empresa de restauração Re.green, por exemplo, pretende usar o corte direcional para reduzir o esmagamento da vegetação não-alvo ao cortar árvores selecionadas como madeira dentro das áreas plantadas, de acordo com Gardon.
Por outro lado, o corte de florestas secundárias que estão crescendo naturalmente em antigas terras agrícolas ou pastagens poderia ameaçar ainda mais a biodiversidade já comprometida, especialmente em regiões sem cobertura florestal primária, de acordo com o biólogo de conservação Filipe França, da Universidade de Bristol, no Reino Unido.
“Nosso projeto de pesquisa ecológica de longo prazo na Amazônia monitora parcelas florestais em duas regiões onde as florestas secundárias são os últimos refúgios, a última esperança de manter as espécies [nativas] associadas à floresta”, diz França à Mongabay. “Eu acredito que o corte [dessas] florestas secundárias representa um risco para a biodiversidade”.
No final, os especialistas concordam em grande parte que tudo se resume a uma gestão responsável. Brancalion enfatiza a importância de distinguir entre árvores madeireiras que crescem naturalmente em ecossistemas selvagens e aquelas que foram plantadas intencionalmente para serem colhidas futuramente. “Enquanto a colheita de árvores nativas em um fragmento de floresta é geralmente parte de um processo de conversão de um ecossistema nativo em um uso antropogênico da terra, a colheita de árvores plantadas pode ser parte do processo oposto, de reconversão de um uso antropogênico da terra em um ecossistema nativo”, explica ele.
Mas mesmo as colheitas orientadas à restauração florestal, embora bem administradas no presente, podem representar riscos imprevistos para os ecossistemas nativos no futuro se governos ou empresas de reflorestamento construírem, e depois precisarem alimentar, de forma contínua, serrarias caras e famintas por madeira.
A construção de uma infraestrutura cara de processamento de madeira em uma área representa um risco de travar a exploração excessiva de florestas regeneradoras no futuro – ou, pior ainda, de promover a extração de madeira dentro de florestas nativas não ameaçadas originalmente pela extração.
“Isso pode ser evitado se a sustentabilidade da produção de madeira a longo prazo for considerada, o que nem sempre é feito”, diz Fleischman. “Muitos países subsidiam fortemente a construção de instalações de processamento de madeira para fomentar uma indústria sem considerar a sustentabilidade no longo prazo desses investimentos”.
Não há balas de madeira
Algumas pessoas sem dúvida se sentirão desconfortáveis com os planos de confiar em métodos antigos de colheita de árvores para financiar uma nova geração de restauração. Com certeza, assim como a restauração em si não é uma “bala de prata” para resolver as crises de biodiversidade e clima, não há “balas de madeira” para financiar o reflorestamento.
A produção de madeira é apenas uma em um portfólio de opções disponíveis para financiar os esforços de restauração, e nem sempre será a melhor, sendo que cada projeto precisa ser avaliado caso a caso.
De acordo com Fleischman, decidir se um projeto de restauração deve ou não incluir a produção de madeira comercial envolve um conjunto complicado de compromissos. Todos devem ser considerados cuidadosamente com antecedência no nível local para entender as implicações.
E todo processo de restauração também deve ter em seu núcleo a participação da população local, acrescenta Fleischman. Um pré-requisito que muitos projetos de reflorestamento, com suas típicas estruturas de gestão de cima para baixo, não conseguem manter.
Ele aponta para o exemplo do Chile, onde quem se beneficia da produção de madeira são grandes proprietários de terras e não pessoas locais. Sua própria pesquisa no norte da Índia mostrou que pode haver benefícios limitados do plantio de árvores para a população local.
De modo mais geral, Fleischman acredita que a restauração só acontecerá quando as pessoas envolvidas valorizarem as florestas.
“A produção de madeira é um dos valores mais importantes e facilmente monetizáveis que o homem tem nas florestas, por isso é provável que tenha um papel central na restauração global das florestas”, diz ele. “Mas isso acarreta alguns riscos, e podemos gerenciá-los prestando atenção ao poder e aos direitos”.
Para Brancalion, a terra, não as árvores, está no cerne do problema florestal, sendo a terra o recurso disponível para restauração mais escasso. Como resultado, segundo ele, precisamos encontrar maneiras variadas de transformar a restauração em um uso economicamente competitivo da terra que possa superar a rentabilidade de atividades mais degradantes. “Neste contexto, árvores comerciais bem estabelecidas, exóticas ou nativas, podem desempenhar um papel importante para alavancar os investimentos em restauração.”
*Gianluca Cerullo é atualmente estudante de doutorado na Universidade de Cambridge, onde parte de sua pesquisa se concentra no reflorestamento e nos impactos da expansão do plantio de árvores em todos os biomas brasileiros.
Fonte: Mongabay Brasil
Publicação Ambiente Legal, 16/04/2023
Edição: Ana Alves Alencar
As publicações não expressam necessariamente a opinião dessa revista, mas servem para informação e reflexão.