Nesta semana, o ministro alemão do Desenvolvimento, Gerd Müller, visita diferentes cidades brasileiras. No centro da sua agenda estão a proteção climática e da Floresta Amazônica. Ele é o segundo ministro alemão a viajar ao país desde o início do governo Jair Bolsonaro, após Heiko Maas, da pasta do Exterior, no fim de abril.
A visita de uma semana de Müller ao Brasil, que incluiu reuniões com Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, e Tereza Cristina, ministra da Agricultura, tem como objetivo estreitar as relações com o país classificado pelo ministro alemão de “um parceiro decisivo quando se trata da proteção ao clima”.
Em entrevista à DW Brasil em Manaus nesta quarta-feira (10/07), Müller evitou comentar o atrito bilateral recente após a chanceler federal alemã, Angela Merkel, manifestar preocupação com o meio ambiente e os direitos humanos sob o governo Bolsonaro.
Sobre o futuro do Fundo Amazônia, criado em 2008 majoritariamente com repasses da Alemanha e da Noruega para financiar projetos de combate à destruição da floresta e que incentivam o desenvolvimento sustentável, Müller disse que aguarda a proposta de mudanças do governo brasileiro para seguir as discussões com a Noruega, que é a maior doadora de recursos.
Em relação ao acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE), fechado no final de junho, o Ministério alemão do Desenvolvimento divulgou nota antes da viagem, destacando que vai exigir uma certificação obrigatória para a soja e óleo de palma importados de países como Brasil e Argentina, para garantir que não procedam de áreas desmatadas.
“No âmbito da ratificação do acordo entre Mercosul e União Europeia, a questão da sustentabilidade vai desempenhar um papel importante”, afirmou o ministro à DW Brasil.
DW Brasil: O senhor vem ao Brasil quase dois meses depois de Heiko Maas, ministro alemão do Exterior. Qual é o objetivo da viagem do senhor?
Gerd Müller: É aprofundar a cooperação com o novo governo. Para isso, tive conversas com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Nós estamos muito interessados em expandir nossos projetos de cooperação, em especial para a proteção da Floresta Amazônica, dos povos indígenas e do Fundo Amazônia.
DW: Às vésperas do encontro do G20 no Japão, Angela Merkel manifestou preocupação em relação a Jair Bolsonaro, especialmente quanto ao aumento do desmatamento no Brasil. Bolsonaro, por sua vez, rebateu e disse que existe uma “psicose ambientalista” por parte de países europeus. Esses atritos podem prejudicar as relações diplomáticas entre Brasil e Alemanha?
GM: O Brasil tem um significado excepcional para a proteção climática no cenário internacional, com sua Floresta Amazônica, que tem uma área maior que a da União Europeia. É o maior sumidouro de CO2 do mundo.
Por isso, nós europeus também temos responsabilidade de nos engajarmos aqui. E o meu sinal ao governo brasileiro é: nós vamos seguir desenvolvendo nosso trabalho de cooperação. É muito importante para nós dar prosseguimento ao Fundo Amazônia, apesar de ser necessário conversar sobre novos pontos-chave.
DW: Isso quer dizer que as relações diplomáticas não foram abaladas?
GM: O presidente brasileiro salientou esse enorme território. Eu sobrevoei hoje a Floresta Amazônica por três horas. Eu queria também dizer aos alemães que são dimensões que nós, na Europa, não podemos imaginar. Assim como os desafios. Por isso nós devemos também demonstrar solidariedade internacional e, juntamente com o governo brasileiro, dar nossa contribuição.
DW: O senhor se encontrou com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Quais são as condições que o governo brasileiro quer mudar no Fundo Amazônia que não deveriam ser aceitas pela Alemanha?
GM: Tivemos um diálogo muito construtivo. O ministro de Meio Ambiente quer continuar desenvolvendo o Fundo. É muito normal que um novo governo estabeleça novos pontos-chave, e ele [Salles] valoriza muito a eficiência. Nós todos temos que ter interesse em eficiência quando estamos falando de muitos milhões de euros de dinheiro dos contribuintes.
DW: Houve alguns episódios recentemente que levantaram dúvidas sobre a continuidade do Fundo Amazônia.
GM: As discussões vão continuar. O ministro brasileiro irá apresentar sua proposta para o Fundo e nós, juntamente com os colegas noruegueses, iremos decidir sobre esses novos pontos, sobre uma nova estrutura de decisão dentro do Fundo, e, esperamos, continuar com uma colaboração bem-sucedida.
A importância desse trabalho não pode ser subestimada. É por isso que estou aqui, e também para deixar ainda mais clara essa importância na Alemanha e na Europa. Eu espero que haja um engajamento mais forte de países europeus, da União Europeia.
No âmbito da ratificação do acordo entre Mercosul e União Europeia, a questão da sustentabilidade vai desempenhar um papel importante. Nesse contexto, a solidariedade internacional dos Estados europeus deve se mostrar mais fortemente por meio de um engajamento no Brasil, especialmente na região amazônica.
DW: O governo brasileiro tem falado em explorar economicamente a Amazônia. O senhor vê esse posicionamento com preocupação?
GM: Na floresta vivem muitas pessoas, e elas precisam de uma perspectiva. É por isso que nós vamos apoiar o governo na busca por formas de geração de renda. Nessa questão, temos experiência em outros países com grande área de floresta, como a Indonésia. Existem possibilidades sem desmatamento, sem destruição desse inacreditável patrimônio. E é por isso que existe cooperação.
É de interesse de todos que o desmatamento ilegal e as queimadas não aumentem, mas sim diminuam. O Brasil se comprometeu a acabar com o desmatamento ilegal até 2030.
DW: A Alemanha tem um longo histórico de cooperação técnica com o Brasil. Isso deve permanecer ou existem riscos devido a posicionamentos do presidente Bolsonaro?
GM: O povo brasileiro elegeu o seu presidente. Nós estamos aqui para fortalecer a cooperação com esse país forte com grande potencial, com uma geração jovem forte e de muita inovação. Não é por acaso que tantas empresas alemãs estão aqui, e estão satisfeitas e fazendo investimentos.
Nós, como Ministério do Desenvolvimento, queremos contribuir. Nós também podemos aprender muito com o Brasil em diferentes áreas. Não podemos ser arrogantes em não estarmos abertos para inovações, principalmente no setor de energias renováveis. Nesse quesito, o Brasil está anos à frente dos países europeus.
Fonte: Deutsche Welle via Ambiente Brasil
Bomba !
Um criminoso internacional leva Amazonia como reféns.
Ambientalistas são presos, florestas continuam sendo destruídas, o controle é perdido. A inteligência militar dos EUA penetra na Amazônia com a ajuda da Polícia Federal e dos promotores que criam a ilusão de cooperação ambiental internacional.
Por que o criminoso de uniforme, em vez de prisão, se encontra em uma posição que lhe permite matar a natureza, roubar e aprisionar sem julgamento, usar recursos estatais no interesse de uma potência estrangeira?
Leia a investigação “CST command” com a ajuda do Google-tradutor.