Por Augusto Dias*
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), em seu Contrato Social diz: “Necessário é, também, ensinar ao povo a conhecer o que deseja”.
No decorrer dos séculos vimos os povos de incontáveis nações e territórios sentirem dores sociais. em alguns históricos momentos esse sintoma de dor transformou-se em consulta da causa. Buscando entre seus pares o reconhecimento dos mesmos sintomas e das mesmas razões que fizeram adoecer aquele grupo social.
A cura veio, quase sempre, por meio de amargos remédios. Que por vezes obrigou-os a extrair dedos, braços, pernas, línguas e cabeças do corpo social.
Muitos dos sintomáticos não resistiram ao tratamento. Perdidos na trilha da cura. Seus exemplos de vida e morte foram a força para os demais seguirem com a cura.
A cura veio por meio de guerras, revoluções e lutas sociais. Ou ao menos em melhoria da qualidade de vida do povo.
Como todo agente patogênico que infecciona seu hospedeiro, este também se transmuta. Aprende a burlar a ação dos remédios legais e legítimos que tentam expurgá-los do corpo social. Adquirem resistência aos medicamentos sócio-legais. Se amoldam, escondem-se em mutações. Muitos hibernam nas menores células da sociedade esperando as condições favoráveis para seu retorno infeccioso.
E é quando o sistema imune do povo baixa, que estes agentes reaparecem com discursos tóxicos, criando o ódio, a agonia, alterando os pensamentos, criando a ilusão de que a causa de todo o mal está no contrário, no diferente, criando o preconceito, o racismo, a misoginia e o medo.
Transformando parte da sociedade em zumbis. Sem vida racional. E passam a atacar os que ainda pensam. Esquecem que ao exterminar os saudáveis, só sobrarão doentes. E os doentes mais ferozes se voltarão então, contra os “menos iguais”.
É preciso fazer o povo reconhecer suas dores e as causas. Identificar com brevidade o agente patogênico da infecção. Procurando tratamentos legais e legítimos. Identificar o charlatanismo e não dar-lhes voz. Não crer em milagres, curandeiros de ocasião que receitam ódio e dor.
“Com tempo e labuta, realizamos mais do que a força ou a ira conseguiriam”. (Jean de La Fontaine – 1621-1695)
Fiquemos com a ciência. Fiquemos bem!
*Augusto de Vasconcellos Dias é advogado, especialista em Propriedade Intelectual. CEO da AE Internacional Marcas e Patentes. Presidente da Comissão de Propriedade Intelectual do Instituto dos Advogados do Estado de Santa Catarina (IASC). Presidente da Fundação Unitas. Secretário Coordenador do NUSE – Núcleo Multissetorial de soluções Empresariais, da ACIF – Associação Comercial Industrial de Florianópolis. Colaborador da revista Ambiente Legal. Twitter: @augustodias.
Fonte: O próprio autor
Publicação Ambiente Legal, 14/09/2020
Edição: Ana A. Alencar
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista, mas servem para reflexões.
Parabéns Bartholomeu, pelo Excelente texto, que nos mostra um quadro atual da humanidade, que sofre de tantas mazelas, causadas principalmente pelo próprio homem. Voce como sempre, é um mestre no uso das palavras. Te desejo sucesso!