Por Pedro Mastrobuono
Quem acompanhou o discurso que fiz na OAB quando, em reunião da COINFRA, propusemos e aprovamos um monumento à ALFREDO VOLPI a ser colocado no parque municipal que já leva o nome do artista, assim como quem presenciou meu discurso de posse como vice-presidente da Comissão de Direito às Artes, ouviu um relato pessoal que fiz sobre a experiência de crianças diante de dois monumentos específicos de São Paulo.
Relatei que, certa manhã, quando passeávamos de carro, a estátua de Borba Gato foi inicialmente confundida, por meus filhos, com a de um soldado e seu bacamarte, por sua vez, com um fuzil. Para dirimir tamanha confusão, as crianças foram então levadas para ver o monumento às Bandeiras, de Brecheret, no Ibirapuera, onde ouviram sobre os Bandeirantes (não só sobre Borba Gato, mas sobre Fernão Dias, Raposo Tavares, João Ramalho, etc). Em seguida, as crianças foram levadas ao Pátio do Colégio e à Cripta da Catedral da Sé, onde ouviram então falar sobre o Cacique Tibiriçá e sobre o hábito do “cunhadismo” praticado pelos índios daquela época, através do qual Tibiriçá casou duas duas filhas, Bartira e Terebê, uma com um bandeirante e outra com um jesuíta (dispensado então de seus v otos).
Tais crianças viram e tocaram os monumentos, incluindo-se aqui o túmulo do Tibiriçá na cripta. Aprenderam mais, em poucas horas, sobre a história da origem do povo paulista , que nos livros escolares. Aliás, na escola foram bastante elogiadas por conhecer fatos e circunstâncias que não faziam parte do currículo da época. Até o pai foi elogiado!
Um simples giro pela cidade, um simples estudo do Meio Ambiente Cultural. Um pouco de educação ambiental!
Hoje, dia 30 de setembro, lamentavelmente, justamente os monumentos citados nesta experiência de vida, foram vandalizados! Certamente, por pessoas que não se sentem representadas por eles, não enxergam neles suas origens, sua própria história. Não há sentimento de pertencimento.
Uma vez mais! “Educação” não é sinônimo de “Cultura”! Há povos, por exemplo, na Cordilheira dos Andes, que transmitem suas tradições, de geração em geração. Em pleno século XXI, usam vestimentas pré-colombianas, falam o antigo idioma Quíchua, orgulham-se das suas origens, honram seus ancestrais e preservam com esmero seus cemitérios. Muitos não tiveram acesso ao ensino superior, à chamada educação formal. Gente que atravessa uma vida com o ensino fundamental. São ricos? Talvez não, se o critério for a declaração de bens e patrimônio. Não obstante, são riquíssimos em cultura, em preservar e divulgar suas tradições. Povo orgulhoso de suas origens.
Por aqui, há necessidade de educação ambiental urgente. Não só de plantação de hortaliças nas escolas. Não apenas isso. Falo de educação ambiental focada também no meio ambiente cultural, com passeios e visitas que muitos denominam “estudo do meio”.
A cultura é fator essencial da formação da identidade de um povo. É preciso haver maior fruição cultural. Não pararemos de assistir a estupidez como essa, caso a história dos Bandeirantes continue a ser ensinada nas nossas escolas com a mesma frieza e distanciamento que a Revolução Francesa…
Caro Pedro ,finalmente creio estarem os ventos soprando a seu favor ! O Prefeito Dória é a pessoa mais competente como administrador que já ocupou este cargo ! Voltarei a patrocinar a conservação e a colocação de esculturas nas praças que já foram capa de caderno 2 do JT e editorial da Folha.Eram por mim batizadas “Praças Culturais” e os petistas não renovaram minha concessão automaticamente…e depois as abandonaram.Estas praças precisam ter o paisagismo necessário e imprescindível para o entorno de minhas refinadas e sofisticadas obras .Com segurança as praças não serão saqueadas diariamente! ▪️ Creio que seus projetos terão em Dória um parceiro. Desejo – lhe sucesso no Parque Volpi . Abs PauloRebocho