A certidão de nascimento do homem.
Vamos começar pelo início…
As estradas principais são a Filosofia e o Tempo. O resto é o resto ou como disse Shakespeare, o resto é silêncio.
O nascer da Filosofia ocorreu no Egito, 2000 anos antes da era cristã. Mas foram os gregos que a elevaram ao ápice do pensamento humano. Ordenaram e sistematizaram o conhecimento.
Debruçaram-se sobre ética, comportamento, moral, enfim, sobre a existência humana.
Substituíram os poetas que descreviam de forma suave e acessível tudo que ocorria ao redor dos homens, mas incluíam divindades como protagonistas.
Os filósofos gregos em especial Tales apresentavam o homem, de forma ainda difusa.
A natureza mantinha a predominância como protagonista, como principal agente, mas a presença do homem na História surgia.
Esses filósofos já ousavam especular sobre as consequências futuras dos hábitos e atos humanos. Eram tímidos, mas audazes.
Foram além da realidade para a fantasia, identificando o mundo imaginário que coexiste ao percebido pelos nossos sentidos básicos. Um mundo mais amplo e imune às regras que afetam a realidade. Comeram outra vez a maçã do saber.
A um turco chamado Tales nascido em Mileto, território dominado pela Grécia, atribui se o rótulo de primeiro filósofo. Era pragmático desejava explicar a natureza do planetinha azul. Era um astrônomo. Queria provar que a razão era o único caminho para a verdade. Não usava figuras extra-humanas para justificar nada. Não invocava deuses para justificar os fenômenos que observava.
Tales dispensava a interferência divina nos acontecimentos. Rico, viajava muito aos locais onde o conhecimento borbulhava: Egito e Etiópia. O Egito o influenciou muito. Temos que incluir a Macedônia, pois ela também o atraia e seduzia.
Acreditava que a água era a origem de Gaia. O Sol aquecia a água e produzia o vapor. No vapor habitavam os germes. Os protozoários da CPI que criou motivos para quase enlouquecer o operador soteropolitano da saúde.
A vida exige a água para sobreviver. Sem água morre. A água era o elemento chave para entender o universo.
A matemática era um instrumento que manejava com habilidade. A cosmologia era tema de estudo.
Lançou a semente da Filosofia. Sua curiosidade nos levou a explorar o mundo da imaginação.
Sim, Tales deu o primeiro passo. Essa frase o retrata e homenageia:
“O maior é o espaço porque dentro dele cabe tudo. O mais veloz é o intelecto porque passa através de tudo. A mais forte é a necessidade porque tudo domina. O mais sábio é o tempo porque tudo revela”.
Faltou dizer que o mais belo é o homem feito a imagem do Criador. A criatura escolhida para completar seu sonho divino. Para tanto lhe deu livre arbítrio e individualidade através de ego.
Vamos entender o que é o ego, parte importante do módulo que controla o processo de aprimoramento do ser humano.
Esse módulo funciona como um filtro e interface com a realidade. Esse módulo garante nossa individualidade. Sem ele seríamos diluídos pela energia e matéria liberadas no momento zero, quando os sons viraram palavras e essas ações que forjaram infinitos universos sem fim.
Esse módulo define o universo ou cosmos que ficaremos como um período de crisálida buscando encontrar o aperfeiçoamento sonhado pela inteligência suprema.
Ego é parte de uma tríade composta pelo Id e Superego.
Num período de tempo mais recente, uma nova leva de filósofos voltou a estudar e tentar entender o tema.
Afinal, quem somos? De onde viemos?
As dúvidas de sempre.
Freud, o filósofo, elaborou uma tese diferenciada, estudar o cérebro humano a fundo, pois desconfiava ser o local onde os pensamentos surgiam assim como a consciência.
Neste momento inicial da busca humana por se encontrar fica evidente a soberba, a vaidade que parece inata à criatura como também o ciúme e a inveja.Inicia-se a trama para afastar Deus de nosso convívio.
A fé é colocada em segundo plano e entra o holofote como objeto de desejo e consumo. Tudo por um holofote. Começamos a nos perder, desviar do rumo.
Vamos retornar ao tema desse lampejo.
Estávamos falando dos primeiros filósofos gregos que agora sabemos serem turvos. Mas isso pertence à história pequena. Importante, mas apenas um detalhe que confirma que muitas vezes o importante é a versão do que o fato. A relação é grande.
Um sem número de filósofos gregos que criaram e ampliaram o caos entre nós. Todos em busca de algo que fica a cada dia mais inatingível. Desvendar o mistério de nossa existência. De nosso ego. Resumindo nesse quadro.
Enumerando alguns filósofos gregos e seus pontos de fuga da perspectiva.
Afinal eram todos Terraplanistas…
Tales. Água
Heráclito. Movimento
Pitágoras. Harmonia Alma. Música – língua dos Deuses. Reencarnação
Parmênides. Ilusão
Demócrito. Arché. Átomo. Materialista. Alma feita de matéria. Logo morte. O foco era natureza.
A seguir chegam os socráticos com um novo elemento de enfoque: o Homem.
Sócrates, Aristóteles e Platão são seres privilegiados. Todos dedicaram suas vidas a busca do mapa da felicidade ou do que pensavam ser a felicidade. O paraíso criado pelo Homem. Sem fome, guerras, violência. Ensaios em procura do prolongamento da vida.
O ego ganha status, se bem que, como vimos, nunca deixou de se destacar nas preocupações humanas, pois é parte da nossa própria natureza. O nada sendo o tudo.
Durante nossa travessia a cada momento temos um ego. Somos uma sequência de egos. Sempre o mesmo ego.
Desejo e tenho fé que a sequência dos meus egos me acompanhe ao reencontro e além.
Quando o medo desaparecer por não ter razão de existir saberei ser grato e valorizar ainda mais esse magno presente divino.
O meu ego de hoje é o ego de ontem. Meu único ego. Meu eu. Ainda cheio de imperfeições, mas se aprimorando.
Um ego que não perde a chance de ser irreverente e, inclusive, cutucar os hermanos que usam o ego como saída para a melancolia, uma plataforma para confrontar a vida.
Pelo menos é o que dizem até na Patagônia.
A melhor forma de enfrentar o Id é subir no ego e pular.
Valorize muito o seu ego mesmo que ainda não saiba o porquê. Pergunte a ele como proceder…
Pergunte agora. Ele lhe dirá como.
Lampejos
*José RobertoFaria Lima – Economista, professor, oficial da Aeronáutica e deputado federal por São Paulode 1971 a 1979.