Resultados publicados pelo Programa Brasileiro GHG Protocol apontam crescimento no número de organizações que publicaram seus inventários de gases de efeito estufa em 2015
O Programa Brasileiro GHG Protocol, por ocasião de seu evento anual – em agosto último, publicou 313 inventários de emissões de gases de efeito estufa de corporações brasileiras – sendo 133 de organizações membros da iniciativa.
Coordenada pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) da EAESP-FGV, a iniciativa tem como objetivo a difusão da cultura de realização de inventários de GEE entre organizações brasileiras e, desde sua criação em 2008, possui em seu Registro Público de Emissões mais de 1.100 inventários de GEE disponíveis para consulta.
Os dados apresentados no Evento Anual apontam que a mensuração as emissões de GEE está na pauta de organizações em diferentes elos da cadeia de valor, não sendo a prática restrita apenas às grandes empresas – mais de 50% das organizações que publicaram seus inventários tiveram emissões diretas menores que 9 mil toneladas de CO2e.
Dos membros do Programa em 2015, 37 organizações possuem emissões diretas (Escopo 1) entre 9 e 100 mil tCO2e (28%) e 24 organizações com emissões diretas acima de 100 mil tCO2e (18%). Este último grupo, apesar de menos representativo, possui grande relevância frente ao total de emissões dos membros do Programa e, consequentemente, grande potencial para contribuir para a transição para uma economia de baixo carbono.
Para o levantamento deste ano, foram analisados os inventários de emissões de GEE de 133 membros do Programa Brasileiro GHG Protocol, que representam 17 setores da economia[1]. Dessas organizações, 88% são empresas privadas, 7% empresas públicas/mistas ou instituições governamentais e 4% organizações do terceiro setor. Buscando aumentar sua transparência, 20% apresentaram o relato desagregado das emissões de GEE, mesmo percentual do ano passado que permite um olhar mais completo e detalhado do perfil de emissões de cada unidade de uma empresa. Esse percentual representa um aumento significativo na transparência dos membros do Programa: em 2012, o grupo que desagregou o seu inventário foi de 17%, e em 2011, de 4%.
Desde 2008, quando o Programa foi criado, houve um aumento de 393% na participação de organizações – de 27 para 133 membros. Hoje, os setores com maior representatividade são indústrias de transformação (35%), atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (10%), eletricidade e gás (9%), atividades profissionais científicas e técnicas (6%), transporte, armazenagem e correio (5%), construção (5%) e outros setores somaram 36%.
Durante o evento, especialistas e convidados refletiram sobre como as empresas estão se engajando em estratégias de redução e gestão de suas emissões. “Muitos líderes empresariais entendem que, se você quer ter sucesso nos negócios hoje, você precisa ter as mudanças climáticas dentro da sua estratégia global, da gestão da sua cadeia de valor e de risco”, argumenta Preeti Srivatav, diretora de estratégia da coalizão empresarial We Mean Business.
Para Carlo Pereira, gerente de sustentabilidade corporativa da CPFL Energia,independente do cenário econômico nacional, as empresas brasileiras precisam continuar se esforçando em torno de soluções para gestão e redução de suas emissões. “As empresas são parte da solução no enfrentamento das mudanças climáticas e precisam estar atentas às oportunidades que surgem nesse cenário”.
Assim, mais do que enxergar a questão climática como um risco, as empresas estão aprendendo a percebê-la também como uma janela de oportunidade para o Brasil crescer a partir de uma economia de baixo carbono. “Olhar para a questão climática como uma ameaça faz sentido apenas para quem não se move – para quem se move, ela abre um mundo novo”, explica Jorge Soto, diretor de desenvolvimento sustentável da Braskem. “As empresas que estão se movimentando para esse mundo novo farão parte da solução e serão capazes de gerar valor.”
O coordenador do Programa Brasileiro GHG Protocol, George Magalhães, avalia que as empresas brasileiras têm avançado na gestão dos seus impactos climáticos, o que é perceptível a partir do constante aumento no número de empresas tornando pública a informação sobre suas emissões de GEE. “O setor privado possui um grande potencial de redução de emissão desses poluentes, e, para realizar esse potencial, é imprescindível conhecer o perfil destas através do inventário de GEE. Há um movimento global de transição para uma economia de baixo carbono e a atuação do setor privado, aliado às políticas públicas sobre clima, contribuirá decisivamente para o sucesso dessa transição”.
Os resultados completos apresentados no evento – que teve participação de mais de 320 representantes das empresas membros, governos e sociedade civil (presentes e via internet) – estão disponíveis no site www.ghgprotocolbrasil.com.br.
O Programa Brasileiro GHG Protocol, além de adaptar para o contexto brasileiro o método mais utilizado no mundo para realização de inventários de emissões de GEE (GHG Protocol), tem desenvolvido ferramentas de cálculo e incentivado o setor público na criação de políticas nacionais e subnacionais para o relato de inventários corporativos de GEE.
Atualmente, quatro estados brasileiros possuem diretrizes para que as empresas enviem seus inventários de GEE aos órgãos ambientais estaduais: Rio de Janeiro e São Paulo – de forma mandatória para setores específicos – e Paraná e Minas Gerais – de forma voluntária, oferecendo benefícios às empresas que aderirem à regulação. Em todos esses estados, o método GHG Protocol é aceito como padrão para contabilização dos inventários.
[1] Segundo classificação do CNAE-IBGE.
Veja mais em: http://www.fgv.br/ces
Fonte: Insight Comunicação