Estudantes brasileiros arrasam na maior Feira Internacional de Ciências e Engenharia do mundo
À convite da Intel, o Hypeness foi a Los Angeles (EUA) conferir a Intel ISEF (International Science and Engineering Fair), onde 33 estudantes brasileiros estavam apresentando 18 projetos selecionados pelas feiras brasileiras FEBRACE e MOSTRATEC, e outros 3 projetos da Escola Americana de Campinas (SP).
O evento ocorreu no Centro de Convenções de Los Angeles (LACC) entre os dias 14 e 19 de maio e contava com 1.403 projetos de 78 países, apresentados por 1.779 estudantes pré-universitários.
Antes da abertura da feira ao público, tivemos um café da manhã com alguns dos estudantes brasileiros e conhecemos um pouco mais sobre seus projetos e de onde vieram suas ideias, mas foi ao chegarmos na área de exposição que ficamos fascinados com a criatividade, realização e apresentação dos finalistas brasileiros.
Entre 14 e 20 anos, os estudantes que vieram das mais variadas cidades no Brasil buscaram solucionar problemas desde o consumo excessivo de água no Rio Grande Sul até a epidemia do zika vírus no Ceará. Os projetos são nitidamente, reflexos de problemas atuais brasileiros nas áreas de Saúde, Engenharia, Meio Ambiente e Ciência, mas o que nos impressionou foi a “simplicidade” das soluções encontradas por eles.
Em sua maioria, as ideias foram inspiradas por situações que os alunos observaram em pessoas próximas ou vivenciaram em suas cidades.
A aluna Lorenna Vilas Boas, por exemplo, criou o projeto “JustStep: piso tátil integrado a comando de voz“, que através de dispositivos de áudio que interagem com mecanismos de alerta em pisos internos, auxiliaria pessoas cegas a se ambientarem. A ideia inicial seria implementar esse tipo de tecnologia em escolas, para que os alunos com deficiência visual pudessem ter a mesma autonomia dos outros, para encontrarem suas respectivas salas de aula, laboratórios, etc.
Em seu delicioso sotaque baiano, Lorenna nos contou que no futuro quer ser uma “Engenheira Social”, como ela gosta de chamar, pois sonha criar projetos que sempre ajudem as pessoas de alguma maneira.
Os alunos Arthur Precht, Leonardo Azzi Martins e Luciano Sampaio da Silva, de Charqueadas (RS), também buscaram ajudar pessoas com sua “SmartLeg – prótese transfemoral inteligente II“.
Ao identificarem que os custos das próteses ativas no Brasil são extremamente altos, criaram um protótipo de prótese que, além de ser feita com materiais de custo quase 100 vezes mais baratos que os atuais utilizados, conta com um atuador no joelho que gera energia mecânica da mesma maneira que nossas, trazendo assim uma prótese extremamente acessível aos portadores de deficiência física.
Entre os projetos brasileiros, tivemos três estudantes premiados pela Intel ISEF em suas categorias. Luiz Borges, de Aquidauana, interior do Mato Grosso do Sul, desenvolveu uma interface cérebro-computador que é capaz de detectar consciência em pessoas em estado vegetativo ou coma. Caso essa consciência seja identificada, o dispositivo possibilita que essas pessoas respondam “sim” ou “não” e até soletrem palavras, através de seus pensamentos.
Com seu projeto “Hermes Braindeck: Uma Interface Cérebro-Computador para Comunicação com Pacientes Inicialmente Classificados como Comatosos ou Vegetativos“, ficou em ficou em 2° lugar na categoria de Engenharia Biomédica, recebendo US$1.500. Luiz também recebeu o prêmio de US$ 500 e 3° lugar da Associação para o Avanço da Inteligência Artificial.
Também foi notável nos projetos brasileiros a preocupação com o meio ambiente e esses jovens nos mostraram propostas inovadoras, que buscam preservar e melhorar nossa fauna e flora.
A estudante Maria Eduarda de Almeida, aluna do Instituto Federal de Educação de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, ficou em 4° lugar e recebeu US$500 na categoria de Ciências das Plantas da Intel ISEF com seu projeto “BioPatriam: Preservação da Biodiversidade com Plantas nativas Brasileiras“, e mostrou em sua pesquisa um dos maiores problemas ambientais do país.
Juliana Davoglio Estradioto, também da IFRS, ficou em 4° lugar e também recebeu US$ 500 na categoria Engenharia Ambiental com o projeto “Desenvolvimento de um novo filme plástico biodegradável com subproduto de Passiflora edulis“. Ela criou um protótipo de plástico biodegradável utilizando a casca do maracujá, reduzindo consideravelmente o consumo dos tradicionais sacos plásticos pretos, muito utilizados pelos agricultores e floricultores.
Beatriz da Costa Dantas e Marcelo de Melo Ramalho, da Escola Estadual João de Abreu do Rio Grande do Norte, criaram um painel de aglomerado que utiliza cobalto de milho e resíduos de casca como matéria-prima. Esse painel, além de ser ecológico, é mais resistente e impermeável do que os convencionais painéis de madeira, como por exemplo MDF e MDP.
Ao observarem que sua cidade costuma gerar grandes acúmulos de resíduos de milho, como sabugo e palha, que por não terem nenhum destino definido acabavam sendo queimados, decidiram criar um painel que utiliza justamente esses resíduos para amenizar seu acúmulo no meio ambiente.
O projeto foi nomeado “Aglomerado de milho: Produto ecológico fabricado com cobalto de milho e resíduo de casca” e eles venceram o 1° lugar e prêmio de US$ 3.000 da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional na categoria dos Prêmios Especiais.
Também na categoria de Prêmios Especiais, estiveram os alunos de Santa Catarina Beatriz Fraga e Daniel Oliveira, que venceram o 3° lugar e prêmio de US$ 500 da Sociedade Meteorológica Americana com “Avaliação da Concentração de Partículas (PM10): Estudo de Caso em Camboriu, Brasil“, estudo e projeto pioneiro em Camboriu, no qual os alunos analisaram a qualidade do ar na região para a conscientização da população local.
Outros projetos brasileiros que também venceram na categoria de Prêmios Especiais foram: o do estudante Matheus Bevilacqua, da Escola Americana de Campinas, “Pesquisa e Desenvolvimento, pelo projeto: Remoção de íons de metais pesados de águas residuais industriais usando alginato de polissacarídeo algas“, que ficou com o 1° lugar e prêmio de US$ 1.000 da Fundação do Qatar; e o projeto “Autoimagem de Atletas com Deficiência: Um Novo Significado“, das alunas do Colégio Giordano Bruno de São Paulo, Isabela Dombrady, Julia Rolim e Maria Gabriela Leal, em 3° lugar e prêmio de US$ 500 da Associação Americana de Fisiologia.
O prêmio principal da Intel ISEF foi para o alemão Ivo Zell, que ganhou o “Gordon E. Moore” no valor de US$ 75.000,00 com seu protótipo operado através de controle remoto de um novo modelo de aeronave criado e desenvolvido por ele.
Os prêmios Jovem Cientista da Intel Foundation foram para Amber Yang, Estados Unidos, com seu projeto para prever a localização de nuvens de detritos espaciais que se movem na parte de baixo da órbita terrestre, e para Valerio Pagliarino, da Itália, por seu protótipo de uma nova rede wireless a laser e de alta velocidade. Os dois receberam US$ 50.000,00 cada.
A equipe do Hypeness parabeniza todos os finalistas brasileiros da Intel ISEF 2017! Foi uma honra conferir de perto os projetos de vocês. Esperamos que continuem trilhando seus caminhos com essa dedicação e criatividade em busca de um Brasil melhor.
Fonte: Hypeness