Por Andreas Madau*
Com a equiparação dos consumos de biocarburantes da parte da Europa com o Brasil, se reforça definitivamente o plano estratégico do governo brasileiro de tornar o etanol uma commodity a nível mundial.
Este projeto afrontou diversos obstáculos, entre estes o temor do governo brasileiro sobre a possível escolha dos Estados Unidos e da Europa de abandonar a produção de biocombustíveis em grande escala. Os obstáculos em questão nascem das grandes dúvidas que o mundo cientifico manifestou em relação a sustentabilidade da produção de biocarburantes e ao seu uso em luta contra o aquecimento global, os quais com processos produtivos mais eficientes (biocarburantes de segunda geração) poderiam ter emissões menores daquelas geradas por combustíveis de primeira geração: estes últimos interferem diretamente na produção de alimentos.
No especifico, estes estudos quando relacionados a cana de açúcar , afirmam que quando a produção de etanol comporta um deslocamento da produção de alimentos em direção de terrenos não agrícolas quais as florestas (mudança indireta) , o déficit de carbono causado da esta mudança indireta poderá ser compensada somente após 17 anos.
Considerando este quadro, com o intuito de cumprir a “Direttiva 2009/28/CE”, que estabelece como objetivo primário o alcance de 10% de energia renováveis nos transportes até 2020, a União Europeia no outubro de 2012 emanou a “Direttiva 2012/0288”, que limita em 5% a cota de biocarburantes derivados dos alimentos. A “diretiva” define também que a proporção das plantações de beterraba usadas em usinas de produção de etanol não poderá superar o 10% do total do produto, o mesmo índice é utilizado em outras cultivações , como aquelas dos cereais.
As novas restrições implantadas pela EU (União Europeia) , oferecem grandes oportunidades de suprir a demanda crescente próprio através o etanol brasileiro, já que uma das grandes vantagens é a grande quantidade de terrenos disponíveis destinados a agricultura que o país possui; lembramos que a utilização de etanol de segunda geração é o caminho de saída mais eficiente contra o aumento indireto das emissões, devido o possível aumento da conversão dos solos.
* Andreas Madau é consultor membro da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio.