No encerramento, grupos apresentam relatórios e jovens leem a Carta da Sustentabilidade. MMA teve intensa participação durante o evento.
O 8º Fórum Mundial da Água, organizado entre outros pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), chegou ao fim nesta sexta-feira em clima de descontração. Após a troca de bandeiras entre representantes brasileiros e do Senegal, país escolhido para sediar a próxima edição do evento, as pessoas se confraternizaram ao som de músicas senegalesas.
Moças e rapazes do grupo de jovens do Conselho Mundial da Água leram a “Carta da Sustentabilidade”, que dialoga com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU) e considera a gestão transversal da água como essencial para o equilíbrio local e universal.
Além da Carta da Sustentabilidade, outros documentos foram divulgados no decorrer do fórum, como a Declaração dos Parlamentares, a Declaração Ministerial, a Declaração das Autoridades Locais e a Carta de Brasília, produzida pelos participantes da reunião de juízes e promotores. A Unesco, órgão da ONU para educação, ciência e cultura, apresentou o relatório mundial de desenvolvimento da água.
“O fórum permitiu a troca de experiência entre mais de cem países. Além da Carta da Sustentabilidade, um ponto importante foi o relatório da Unesco que enfocou soluções baseadas na natureza. O relatório vai nortear as ações da Secretaria de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental do MMA, em especial do Departamento de Revitalização de Bacias Hidrográficas e Acesso à Água”, disse Renato Saraiva Ferreira, diretor de Revitalização de Bacias do ministério.
Renato Saraiva destacou, também, a Carta de Brasília, subscrita por juízes e promotores, que reafirma o princípio “in dubio pro água”, ou seja, no caso de incerteza optar por medidas que melhor protejam a água. O diretor fez questão de ressaltar ainda a participação dos vários setores do MMA nos painéis de alto nível, sessões especiais, conferências, mesas-redondas e demais atividades do fórum.
De acordo com os organizadores, a edição brasileira do Fórum Mundial da Água, a primeira no Hemisfério Sul, reuniu público recorde de 97.181 pessoas até a noite de ontem (quinta, 22). A expectativa é chegar a mais de 100 mil até o final de hoje (sexta, 23). À tarde, ainda havia muitos visitantes na Expo, na Feira e na Vila Cidadã, montadas numa arena coberta de 10 mil m² ao lado do Estádio Nacional Mané Garrincha.
SESSÃO FINAL
A sessão oficial de encerramento ocorreu no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, mesmo local que concentrou durante toda a semana painéis de alto nível, conferências ministeriais e reuniões multilaterais – debates que contaram com a participação de 12 chefes de Estado, 134 parlamentares e 70 ministros de mais de cem países e foram acompanhados por 10,5 mil pagantes do evento, sendo 7 mil brasileiros e 3,5 mil estrangeiros.
A mesa foi composta pelo presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga, pelo governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, e a diretora-presidente da Agência Nacional da Água (ANA), Christiane Dias, que, junto com o Ministério do Meio Ambiente, foi uma das patrocinadoras do evento.
Inicialmente, foram apresentados os relatórios das sessões especiais e dos processos político, temático, regional e da sustentabilidade, que discutiram assuntos diversos como Desenvolvimento, Populações, Ecossistemas, Financiamento e Ambientes urbanos.
No discurso de agradecimento, a brasileira Tatiana Silva, representante da juventude do Conselho Mundial da Água, definiu o fórum como um ambiente de esperança em um futuro com água e saneamento de qualidade para todos. Temos que investir em um ambiente mais representativo e diverso, para que assim consigamos atingir ainda mais pessoas com o tema”, sugeriu para a próxima edição.
O presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga, também agradeceu o empenho de todos, fundamentalmente dos voluntários, e destacou o envolvimento político e a participação cidadã no evento. “Atingimos plenamente nosso objetivo, de forma inclusiva e com resultados positivos que vão reverberar no futuro”, declarou.
O fórum ocorre a cada três anos e já passou por Daegu, na Coreia do Sul (2015); Marselha, na França (2012); Istambul, na Turquia (2009); Cidade do México, no México (2006); Kyoto, no Japão (2003); Haia, na Holanda (2000); e Marrakesh, no Marrocos (1997). A 9ª edição, em 2021, será em Dacar, no Senegal, e terá como tema Segurança Hídrica para Paz e Desenvolvimento.
A seguir, algumas propostas incluídas na Carta da Sustentabilidade, aprovada no Fórum Mundial da Água e produzida pelo grupo liderado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e pelo Banco Mundial:
– Os governos devem anunciar compromissos nacionais voluntários para aumentar sua ambição em alcançar as metas do ODS 6 e de outros ODS relacionados à água;
– Os fundos e instrumentos financeiros inovadores em todos os níveis precisam ser desenvolvidos para garantir que os objetivos do ODS possam ser alcançados, incentivar a estabilidade e resolução pacífica de conflitos através de acordos e alianças, bem como apoiar a mitigação e a adaptação às mudanças climáticas em todas as escalas relevantes;
– A cooperação transfronteiriça da água, baseada em soluções vantajosas para todos, contribui para o desenvolvimento sustentável;
– O conhecimento e monitoramento precisam avançar a nível nacional em muitos campos e ser melhor utilizados. Os indicadores atuais não são suficientes para monitorar os objetivos estabelecidos pelos países nos SDGs e os novos sub-indicadores precisam ser antecipados. A finalização da Comissão de Estatística da ONU sobre a metodologia dos indicadores do Nível III relativos à Água é necessária;
– A ciência, incluindo as ciências humanas, a informação, a tecnologia e a inovação em geral beneficiada pelo conhecimento tradicional, deve ser reconhecida pelos decisores políticos como o núcleo para desenvolver e implementar soluções sábias e sólidas;
– É necessária uma forte colaboração e cooperação entre os componentes da sociedade em geral, incluindo comunidades de povos indígenas e grupos minoritários, setor privado e financeiro, acadêmicos e decisores políticos, assim como o fortalecimento da capacitação; (…)
Fonte: Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA)