Por Augusto Dias*
Gentil – adjetivo; Que descende de uma boa linha, boa família; nobre, demonstra elegância, e pela delicadeza e graça desperta empatia, seja pelo encantamento ou requinte de seus comportamentos. Educado, define-se aquele que se educou e, portanto, tem polidez e civilidade.
Como ser gentil e educado diante de comportamento de ódio e estresse social?
Estamos vivenciando tempos de pura cólera, furor, e falta de empatia. O professor de Psicologia de Staford University, Jamil Zaki, escreveu um livro cujo título é “A guerra pela gentileza: construindo empatia em um mundo dividido”. E Jamil ensina que empatia é uma das habilidades que qualquer um de nós pode aprender. E creio eu, que é uma obrigação nossa aprender a desenvolver essa habilidade.
Agir com educação e gentileza em ambientes – principalmente no virtual – de total estresse e perante agentes sociais sem quase nenhum pudor em expelir seu ódio visceralmente, é uma tarefa Hercúlea. Digna realmente de um semideus.
O moralista francês, Jean de la Bruyere disse: “A gentileza faz com que o homem pareça exteriormente, como deveria ser interiormente”.
Infelizmente, vemos então que o homem do século 21 mostra o seu interior mais sombrio, de alma carcomida pelos seus pensamentos e ideais de ódio ao diferente, racismo, homofobia, xenofobia.
Já Friedrich Nietzsche nos coloca a seguinte oração: “Culpamos as pessoas das quais não gostamos pelas gentilezas que nos demonstram”.
Ou melhor, quanto mais demonstramos gentileza e educação em responder à esta gente doente pela fúria e cólera, mais nos tornamos culpados para com elas e seus iguais. Não há espaço para a reflexão, o raciocínio e análise da ideia do outro. Apenas, e somente apenas, culpa por sermos diferentes e divergentes.
Mas por assim devemos não ser gentis e educados? Definitivamente, não! Sabedor que somos da dificuldade de corresponder positivamente com gentileza e educação a todo momento, é mister treinar segundo a segundo a nossa habilidade de sermos gentis e educados.
Educado que estudou, leu, se informou e adquiriu a capacidade de melhor cognição. Ganha tempo na análise e formatação do entendimento e da resposta ao agente furioso. Mas devemos estar cientes de que ao agirmos assim, provocaremos mais ódio, ira e preconceito àquele.
Estudos científicos recentes, mostram que a humanidade está menos inteligente. Michel Desmurget, pesquisador francês especializado em neurociência cognitiva, escreve em seu livro A fábrica de cretinos digitais – Os perigos das telas para nossas crianças, que que nunca na história da humanidade houve um declínio tão acentuado nas habilidades cognitivas. E a causa motriz desse declínio são as redes sociais. A falta do interesse pela leitura, pelo aprendizado de verdade. Está desconstruindo a capacidade humana de formar e formatar raciocínio lógico. E se assim seguirmos, as próximas décadas serão tão sombrias quanto a “ Idade das Trevas” entre os séculos IV e XV.
Sejamos gentis e educados e nos tornemos agentes da transformação do pensamento evolutivo.
*Augusto de Vasconcellos Dias é advogado, especialista em Propriedade Intelectual. CEO da AE Internacional Marcas e Patentes. Presidente da Comissão de Propriedade Intelectual do Instituto dos Advogados do Estado de Santa Catarina (IASC). Presidente da Fundação Unitas. Secretário Coordenador do NUSE – Núcleo Multissetorial de soluções Empresariais, da ACIF – Associação Comercial Industrial de Florianópolis. Colaborador da revista Ambiente Legal. Twitter: http://@augustodias.
Fonte: O autor
Publicação Ambiente Legal, 20/10/2021
Edição: Ana Alves Alencar
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da revista, mas servem para reflexões.