Mudança na Secretaria revela que Alckmin não tem qualquer política no setor
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
Geraldo Alckmin, no campo ambiental, tem a firmeza de uma biruta de aeroporto. Basta um pé de vento que a direção muda…
Depois de interromper a sequencia de nomeações técnicas para a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, nomeando um secretário indicado por cota partidária, o governador incorre no mesmo erro. Para substituir o problemático dirigente Ricardo Salles, Alckmin aceita indicação de próceres do tucanato e faz o PP (de Guilherme Mussi) engolir, pelo mesmo critério de “cotas partidárias”, um militante digital emprestado, ex-verde e articulador notório de Marina Silva…
Maurício Brusadin, o pseudo indicado de Mussi (mas próximo a Xico Graziano), foi um dos principais colaboradores da ex-senadora e líder radical Marina Silva, na área da internet, na complicada campanha de 2010. Na época, Brusadin somava a ocupação de assessoria digital com a direção do Partido Verde em São Paulo.
Quatro anos depois, em 2014, Bruzadin, que havia se desligado dos verdes junto com Marina, ascendeu ao muro do tucanato, lançando o portal www.mineirobrasileiroaecio.com.br, projetado para ser a plataforma de convergência das mídias digitais da campanha de Aécio Neves, visando forma de interação direta com internautas. O fato de estar com Aécio, no entanto, não impediu que fosse em plena campanha cortejado pela dupla Marina-Campos, auxiliando-os na programação digital de campanha, também.
Para quem pretendia sinalizar alguma segurança jurídica para empreendedores em São Paulo, Alckmin e seu escudeiro Guilherme Mussi parecem estar pintando um cenário pleno de incertezas e conflitos no campo ambiental para a economia bandeirante.
Brusadin é, de toda forma, um quadro a ser melhor aproveitado. É autor de várias iniciativas louváveis na área do empreendedorismo social – integrando há duas décadas uma propaganda do antigo Banco Bamerindus, como “Gente que Faz”.
Sou testemunha da dedicação política de Brusadin como companheiro de campanha, quando fui candidato a governador pelo PV em 2002, há quinze anos atrás.
No entanto, em todos esses anos, pude observar pela carreira errática do personagem no campo político-eleitoral, que Brusadin pode ser tão ciclotímico quanto o dirigente que o antecedeu na Secretaria de Estado. A diferença poderá estar no posicionamento político-ideológico, radicalmente oposto, bem como no uso de coletes “Carlos Minc”, adotados por Brusadin.
Brusadin poderá dar muito certo… como poderá protagonizar para Alckmin imbróglios similares aos criados para Dória pelo ex-companheiro de partido Gilberto Natalini, na Secretaria do Verde e do Meio Ambiente paulistana.
O fato é que a mudança de pé de jatobá amargo e escuro para pé de cana doce e verde (abundante na região de Jaboticabal – terra de Brusadin), revela a ABSOLUTA AUSÊNCIA DE POLÍTICA AMBIENTAL do Governo do Estado de São Paulo – péssimo prenúncio para um grupo que pretende se habilitar a presidir o país dono de um ambiente tão complexo como é o Brasil…
Nesse ambiente sem qualquer direção ou definição – estragos políticos produzidos pelo Secretário “sainte”, poderão ocorrer, ainda que em sentido oposto, pelo entusiástico Secretário “entrante”, sem que a gestão ambiental saia do atoleiro em que se encontra no Estado… e no Brasil.
Que o novo gestor ambiental do estado, possa, assim, pelo menos ser “gente que faz”e não, como o secretário sainte, gente que “desfaz”…
Antonio Fernando Pinheiro Pedro é advogado (USP), jornalista e consultor ambiental. Sócio diretor do escritório Pinheiro Pedro Advogados. Integrante do Green Economy Task Force da Câmara de Comércio Internacional, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros – IAB e das Comissões de Política Criminal e Infraestrutura da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/SP. É Vice-Presidente da Associação Paulista de imprensa – API, Editor-Chefe do Portal Ambiente Legal e responsável pelo blog The Eagle View.