Quem perde com isso é o meio ambiente e o trabalhador, afirma intelectual espanhol
Por Danielle Denny
Para Manuel Castells a forma como se estrutura o processo de globalização gera desigualdades. O que tem valor é articulado em rede enquanto os demais ficam excluídos. E há diversas redes multidimensionais que funcionam de forma distintas, porque a desregulação é seletiva, os limites burocráticos são abolidos diferentemente para o capital, as mercadorias e das pessoas.
No âmbito financeiro, a globalização é realmente integrada, pois o dinheiro das pessoas está em algum circuito eletrônico e para render o capital tem de estar circulando nos mercados financeiros globais. “Todos vivem em função desse mercado desregulado, que é o cerne do sistema econômico global” alerta o pesquisador.
A produção, por sua vez, é controlada por núcleos globalizados, mas a maioria está fora da rede global. As empresas multinacionais são poucas e empregam poucos, pontua Castells, “são 75 mil empresas multinacionais que empregam apenas 2,5 milhões dos 3,5 bilhões de trabalhadores existentes no mundo”. Mas esse núcleo globalizado controla 60% do comércio global, dessa forma, toda economia depende de como se conecta com esses centros.
Já o comércio deixou de ser entre países, passou a ser entre empresas, 2/3 do volume comerciado internacionalmente é em virtude dos componentes que são produzidos por filiais espalhadas pelo mundo. O mesmo ocorre com as commodities. “A soja é paradigmática, depende de componentes essenciais que são tecnológicos e globalizados, a terra é alugada, os insumos importados e a contratação feita de acordo com a demanda. O comércio é outra rede, mas intrinsecamente conectada à rede financeira e de produção”, ilustra o pensador.
Ciência e tecnologia também estão totalmente globalizadas, há burocracias, mas os sistemas de produção tecnológicos funcionam em redes globais desproporcionalmente e assimetricamente distribuídas. São Paulo, por exemplo, corresponde a 40% da produção cientifica da América Latina. Mas nem os melhores centros tecnológicos podem ser autossuficientes, eles dependem de poder entrar na rede, de serem relevantes no que desenvolvem e com base em intercâmbios.
“Qual é a dimensão do trabalho e do meio ambiente nesse tipo de economia globalizada?”, se pergunta Castells. A imensa maioria da força de trabalho não é global nem regional, é local e não consegue circular dado a barreiras de imigração. Por outro lado, se as organizações formais são muito reguladas em um país, se mudam para outro ou importam insumos de outros países, que não respeitam o meio ambiente e as normas trabalhistas. Assim, são necessárias profundas transformações nos padrões da rede para combater essas desigualdades e promover uma educação inclusiva.
O conhecimento depende das mentes das pessoas e, portanto, de seus corpos. Dessa forma a proteção ao meio ambiente e o Estado de Bem Estar Social são formas de se garantir a força produtiva na presente Era da Informação.
Manuel Castells, sociólogo espanhol, autor de “A Sociedade em Rede”, “O Poder da Identidade” e “A Galáxia da Internet”, palestrou no II Simpósio Internacional de Psicologia do Trabalho – Economia Global, Emprego Local, nesta quarta-feira (12), na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.
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14 de junho de 2013
Para engajar no ambiente e no setor privado aqui no Brasil precisa de outras iniciativas disseminação,desenvolvimento próprio pacto global projetos ele destacar nós trabalhos
A globalização está aí em tudo .
Globalizaçao em resumo é toda a nossa realidade de hoje, poucas coisas nao se adequam a globalizaçao umas estao preparadas ja outras nao.