DA GUERRA
Da guerra
Que no mundo impera
Morte é certa
Do que nos cerca
Da terra que se desterra
Da água que se desagua
Da flora que se deflora
Da fauna que não se acalma
Do homem que se absolve
Da guerra
Que não se encerra
Dor é coro
Em chão de lodo
Dos gritos que são contidos
Das lástimas que viram lágrimas
Das sedes bebidas em redes
Das fomes que se consome
Dos sonhos que são medonhos
Da guerra
Que o homem governa
Não vive-se a terra
Quando a verdade descerra
Tão logo o homem a enterra
DA MORTE
Quando ela chega
dizem ser falta de sorte
Outros
que se perdeu o norte
É certo que da vida
ela é o corte
Enquanto nos pedem
que sejamos fortes
Em dores difíceis
que a suporte
Talvez possa ser
apenas o passaporte
Talvez ela seja
simplesmente da alma
o sagrado transporte
DA VIDA
Vida de andança
contida
Ao mundo se lança
destemida
Pra justa dança
atrevida
Nas pernas aliança
consentida
Que não se alcança
comedida
E só se amansa
vivida
Vida de esperança
movida
Carrega herança
prometida
De mudança
sobrevivida
Se queda a balança
amortecida
Na fina trança
de amor tecida
Vida!
Ana Alencar, poeta e pedagoga, é professora da rede municipal de ensino básico de São Paulo, colaboradora do Portal Ambiente Legal