Por Ricardo Viveiros*
A data é para comemorar a criação de um dos símbolos da Pátria: a bandeira. Desde 19 de novembro de 1889 é o dia de reverenciarmos a criação do modelo oficial da nova bandeira brasileira – a que representa a República, e não mais o Império.
A data de oficialização da bandeira foi quatro dias depois da Proclamação da República. Inclusive, pairam dúvidas se esse fato aconteceu mesmo no dia 15 de novembro de 1889. Segundo o historiador Boris Fausto, nesse dia o Ministério Imperial foi dissolvido pelos militares, mas as bases para o regime republicano viriam apenas um tempo depois.
“Nas primeiras horas da manhã de 15 de novembro de 1889, Deodoro assumiu o comando da tropa e marchou para o Ministério da Guerra, onde se encontravam os líderes monarquistas. Seguiu-se um episódio confuso, para o qual existem versões diversas, não sabendo ao certo se naquele dia Deodoro proclamou a República ou apenas considerou derrubado o ministério. Seja como for, no dia seguinte a queda da Monarquia estava consumada. Alguns dias mais tarde, a família real partia para o exílio.”, conta Fausto.
O que se tem certeza é que a bandeira é o mais importante dentre os símbolos da Pátria. Afinal, logo que foi derrubado o Império, os republicanos substituíram o lábaro mostrando que havia outro regime no País. O que poucos sabem, entretanto, é que o novo desenho não durou além de quatro dias.
Percebeu-se que era uma imitação da bandeira norte-americana.
Como ficaria a soberania, a independência, a nova ideia republicana?
Um dos mais indignados foi Raimundo Teixeira Mendes, filósofo e matemático brasileiro, figura injustiçada pela história que criou o novo estandarte com imagem única e com valores de nossa terra.
Entretanto, Mendes e seus companheiros de empreitada – Manuel Reis, Décio Villares e Miguel Lemos –, tomaram como base para desenhar a nova bandeira o modelo antigo, do período imperial. Uma criação do pintor francês Jean-Baptiste Debret, um dos “viajantes”.
Que, aliás, também poucos sabem, retratava o Brasil em seus desenhos com traços mais suaves para valorizar as imagens, tal era sua paixão por nosso país. Tudo ficava bonito, embora não fiel à realidade.
Uma das personalidades responsáveis pela escolha das cores da antiga bandeira foi a imperatriz Leopoldina da Áustria, rainha consorte do Brasil, esposa de Dom Pedro I. Ela sugeriu a Debret a cor amarela para representar a Casa de Habsburgo (Áustria), sua origem, e a cor verde, em homenagem à Sereníssima Casa de Bragança (Portugal), dinastia à qual pertenciam Dom Pedro e seu pai, Dom João VI. Portanto, contrário do que se imagina, nada de verde das florestas e amarelo das riquezas brasileiras.
Assim, Teixeira Mendes apenas retirou o brasão imperial e colocou em seu lugar um círculo na cor azul, estampado com a posição das estrelas do céu do Rio de Janeiro tal como fora visto na noite do dia 15 de novembro de 1889. Sobre o círculo, foi escrita, em uma faixa com fundo branco, a frase: “Ordem e Progresso”, que remete ao pensamento do filósofo e sociólogo francês Auguste Comte, criador do Positivismo: ”O amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”.
Esse novo modelo de bandeira foi aprovado pelo marechal Deodoro da Fonseca e demais participantes do levante republicano, entre os quais o engenheiro e professor Benjamin Constant. Afinal, respeitando o advento da República, as cores realmente passaram a ser associadas aos elementos presentes no Brasil: o verde das florestas; o amarelo do ouro; o azul do céu; e o branco da paz.
Essa proposta de bandeira, em parte, tinha o objetivo de descaracterizar os símbolos do Império, porém foi muito inspirada nas associações que os poetas parnasianos nacionalistas, muitos deles republicanos, faziam com os elementos naturais brasileiros.
A despeito dessas questões, a bandeira é um dos símbolos máximos nacionais. Busca incentivar o amor à Pátria, o respeito à cidadania e nos motiva para a vitória. Quando éramos pequenos, em um passado não muito distante, pelo menos uma vez por semana, se não todos os dias, antes do início das aulas, respeitosamente enfileirados, cantávamos diante da bandeira brasileira o seu hino, letra de Olavo
Bilac e música de Francisco Braga. Relembro aqui um trecho:
“Salve, lindo pendão da esperança!
Salve, símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.
Recebe o afeto que se encerra
Em nosso peito juvenil
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!”
Fique agora com as notícias daqui e do mundo, extraídas das mídias impressa e eletrônica. E que a bandeira brasileira siga nos inspirando união, esperança, paz, liberdade, justiça, coragem e amor ao Brasil.
*Ricardo Viveiros, jornalista, escritor e professor é doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, membro honorário da Academia Paulista de Educação (APE) e conselheiro da União Brasileira de Escritores (UBE). Tem 49 livros publicados, entre os quais Educação S/A, Pelos Caminhos da Educação e O menino que lia nuvens.
Fonte: o autor
Publicação Ambiente Legal, 19/11/2020
Edição: Ana A. Alencar