Avalanche de fogo iniciada na fazenda Ilha Verde, por dois dias e duas noites se alastrou e varreu toda a área da Pontal do Mirim
No último dia 28 de setembro, um incêndio que começou na fazenda Ilha Verde, situada as margens do rio Paraguay a 61 km ao norte, em linha reta de Corumbá, por dois dias e noites ele se alastrou e varreu toda a área, engolindo pastarias e matas nativas, baixios alagáveis e benfeitorias do Instituto AGWA, existentes na fazenda Pontal do Mirim, sua sede no Pantanal.
As opiniões divergem sobre as origens desses incêndios: raios, fenômenos naturais decorrentes do verão mais abrasador já registrado no Pantanal, queimadas que sazonalmente são provocadas pelos próprios fazendeiros. Ou, como tem sido noticiado por várias fontes, mãos deliberadas do homem ocultando interesses inconfessáveis. Na realidade, usar fogo no campo tem sido uma pratica ou vício inadmissível nos dias de hoje, em várias regiões tropicais do planeta, nas Américas, Ásia e África.
Aqui no Brasil, pesquisadores relatam que o uso do fogo pelos índios é antigo. Como limpavam as áreas ao redor de suas ocas? Quando perdiam o controle, o fogo ardia por semanas. Seu uso frequente até provocou a perda de matas e aparecimento de savanas. Pior, dizem os cientistas, são as consequência dessas prática milenar: o solo empobrece, perde-se a população de micro organismos que fertilizam o solo, seu uso intensivo pode provocar até a desertificação.
Diga-se que o grande progresso do agronegócio em nosso país tem minorado esse problema. Hoje a nossa agricultura usa técnicas modernas que exclui o uso do fogo, sob qualquer pretexto.
Mas parcela de nossa pecuária, infelizmente, não faz o mesmo. Porque continuamos, em pleno século 21, a utilizar o fogo em nossos campos? Ano após ano, para quem voa sobre o Pantanal, o espetáculo é devastador. Colunas de fumaça emanando do solo em todas as direções, calcinando a terra e poluindo o horizonte. Perde-se a visibilidade, o ar é pesado, o calor aumenta, doenças respiratórias eclodem. É incalculável o prejuízo à população humana e animal. Porque não fazemos nada à respeito!
Veja fotos do incêndio no Instituto Agwa clicando aqui ou na imagem abaixo:
Após a tragédia ambiental deste ano, assunto candente em toda a mídia mundial, o que esperar de nossas autoridades?
Porque o governo não faz uma investigação imparcial sobre incêndios comprovadamente criminosos! Ou provocados, sabe-se lá com que intenções? Os meios de comunicação nos tem mostrado que o governo tem meios de comprovar a ilegalidade dessas praticas. O que estamos fazendo para efetivamente debelá-las?
O avanço do fogo que atingiu toda a Pontal, por exemplo – e ainda arde – foi registrado nos sistemas de acompanhamento de satélites da NASA. Estas imagens terríveis podem ser acessadas no link abaixo, para a melhor compreensão dos fatos, ou clicando aqui.
Porque nao buscamos uma solução de preservação do Pantanal que, valorizando economicamente o patrimônio natural, inviabilize o uso da queimada como ferramenta auxiliar de atividade econômica?
Por: Reynaldo Barros
Edição: Flávio Fontoura
Fonte: Mídia News Campo Grande
NOTA DA REDAÇÃO DE AMBIENTE LEGAL
Sobre o ocorrido no Instituto Agwa, um de seus coordenadores, Nelson Araújo Filho declarou:
” Nós nos preparamos e perdemos só as cercas de benfeitorias. Muito susto. O restante é assim:
Pantanal é lugar de regeneração. Vive aos ciclos. Uns mais , uns menos. Sempre foi. Nós fazemos parte. Vamos ser recriados também. Aliás, recriação é um dos nossos temas mais caros no AGWA.”
Para saber mais sobre o Instituto Agwa, leia em:
https://www.ambientelegal.com.br/agwa-estudo-das-transformacoes-ambientais-e-aproveitamento-sustentavel/ e https://www.ambientelegal.com.br/mutum-das-aguas-os-alagados-do-rio-taquary-no-mato-grosso-do-sul/
Publicação Ambiente Legal: 03/10/2020
Edição: Ana A. Alencar