Deixo a minha resposta ao perguntador…
Por General Paulo Chagas*
Caros amigos,
Recebi a pergunta e os comentários a seguir, cuja autoria eu desconheço, e que respondo e aprecio logo após:
“Quando ouço alguém dizendo que não apoia Bolsonaro eu paro e pergunto: ‘Mas por qual motivo?’
As respostas são sempre as mesmas. — ‘Porque ele falou algo que não gostei. Porque ele foi ignorante com os repórteres. Porque ele não tem decoro, não sabe se portar como alguém do patamar dele.’
Ufaa! Respiro aliviado. Achei que você estava deixando de apoiar porque ele estava desviando dinheiro público. Pensei que ele estava patrocinando ditaduras em países comunistas. Achei que ele estava participando de algum esquema de corrupção, como o Petrolão, mensalão. Pensei que ele tinha sido citado em alguma delação. Achei que ele estava usando os jatinhos para transportar prostitutas, com direito à champanhe do mais caro, às custas do dinheiro público.
Bom saber que você está pulando do barco por pura covardia e birra. Você, que não aguentaria cinco minutos se tivesse que estar no lugar dele.
(…)
Graças a Deus se levantou um cabra bruto, grosso, com respostas diretas, SEM MEIO TERMO, cheio de defeitos, mas que reconhece que não é perfeito, lutando de forma clara pelo seu povo.
(…)
Jair é a resposta de um povo, à esse sistema fétido e apodrecido. O povo se levantou, não estamos adormecidos!”
Bom, amigos, SEM MEIO TERMO, se essa pergunta fosse feita para mim, eu responderia, em primeiro lugar, que conheço muitas pessoas muito mais bem preparadas emocional e culturalmente do que Jair Bolsonaro para desempenhar qualquer função.
Diria que cabras brutos, grossos, com respostas diretas, sem meios termos, cheios de defeitos, mas que, de forma fingida e hipocrita, “reconhecem” que não são perfeitos, que se fazem de humildes diante dos ignorantes para deles ganhar votos para reeleição, existem às dúzias no Congresso Nacional e alhures.
Aliás, iria lembrar ao perguntante que, em campanha, JB disse que era contra a reeleição e que seu governo valorizaria a meritocracia – coisa que trocou pelo nepotismo, demonstrado quando quis nomear um filho, Deputado, para o cargo de Embaixador nos EUA!
Lembraria a ele que Jair parecia ser, mas não é, a resposta de um povo contra o sistema fétido e apodrecido que o explorou durante mais de 30 anos, para isso, lhe mostraria que ele e seus filhos, tanto quanto a maioria dos políticos brasileiros, são adeptos de um tipo de ilícito conhecido no valhacouto dos ladrões como “rachadinha”, o que não os separa, mas que, infelizmente, os inclui nessa vergonhosa maioria.
Sugeriria também a ele que desse uma olhada no que restou do plano anticrime, proposto por Sérgio Moro, depois dos “vetos” e acréscimos aprovados por JB.
Responderia que o povo que o elegeu jamais imaginou que ele participaria de farsas para desmerecer, desqualificar e demitir bons e leais amigos, dobrando-se ao ciúme de seus filhos e às tramoias dos blogueiros e tuiteiros que ele mantém por perto de si.
Diria ao questionante que o povo não sabia que havia elegido um cabra vaidoso, inseguro e tão inábil para planejar qualquer tipo de ação parlamentar que chegou ao ponto de transformar aliados em inimigos. Um cabra sem preparo para enfrentar crises com serenidade, coerência e conhecimento de causa. Um cabra exibido que fala em “pólvora”, em fraudes e ilicitudes sem escopo para provar e sustentar o que diz.
Responderia que o povo “maricas” também não imaginava que, para garantir-se no poder, esse cabra iria se unir a um grupo de parlamentares que, durante sua passagem pelo Congresso e ao longo da campanha eleitoral, chamava de ladrões! Afinal, ele “se enganou” lá ou cá?
Por último, lhe diria que não sou birrento nem covarde e muito menos fanfarrão, que não estou pulando do barco e que quero apenas que o Capitão do Navio aperfeiçoe a praticagem e que nos leve ao porto prometido.
Nada mais nem nada menos do que isso!
Paulo Chagas é General de Brigada da Reserva do Exército Brasileiro. Arma da Cavalaria. Dentre as inúmeras atividades assumidas na sua carreira, foi oficial do Gabinete do ministro do Exército, comandou o Regimento Dragões da Independência, foi adido militar em Londres e chefe do Estado-Maior da 11ª Região Militar, comandou a 7ª Brigada de Infantaria Motorizada (Natal/RN), chefiou o Gabinete do Estado-Maior do Exército (EME), a Seção de Adidos Militares acreditados no Brasil e no exterior e a 5ª Subchefia do Estado-Maior do Exército (Assuntos Internacionais). Coordenou as atividades de delegações do Exército Brasileiro em conferências bilaterais e foi secretário-geral da Conferência dos Exércitos Americanos. Foi instrutor de cavalaria da Academia Militar das Agulhas Negras.
Fonte: The Eagle View
Publicação Ambiente Legal, 15/12/2020
Edição: Ana A. Alencar
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