SAMARCO REPETE DESASTRE DE MARKETING E FAZ PROPAGANDA NA PIOR HORA…
Por Antonio Fernando Pinheiro Pedro
Se houvesse uma lista do que não deve ser feito para piorar uma crise, com certeza a SAMARCO já teria cumprido com cada ponto.
Em um artigo anterior, ainda no ano passado, já havia alertado para a “Governança Corporativa para Vomitar” praticada pela empresa responsável pelo pior desastre ambiental da história do Brasil.
Não bastasse todo o rol de reclamações quanto á forma de lidar com o conflito socio-ambiental que provocara, bem como a enrascada jurídica em que se encontra metida, a empresa resolve fazer… marketing verde, e tornar a produzir peça publicitária veiculada na televisão, incluso em rede nacional.
A peça de propaganda da Samarco, teve sua principal inserção durante o comercial do programa ‘Fantástico’, carro-chefe da Globo aos domingos. Face á obrigações ainda não cumpridas, de ordem financeira, referentes aos danos ambientais praticados, o valor exorbitante pago pela mineradora é de espantar.
Conforme denúncia do grupo Em Defesa dos Territórios Frente a Mineração, publicado no Facebook, um anúncio nacional de 30 segundos no intervalo do programa Fantástico, da Rede Globo de TV, custa R$ 550.200,00.
O comercial da Samarco “É sempre bom olhar para todos os lados” tinha 1 minuto. Portanto, cada inserção custou R$ 1.100.400,00.
Considerando apenas as insercões da propaganda em um domingo, no programa “Fantástico”, o montante gasto foi de R$ 3.301.200,00. Ou seja, a Samarco pagou R$ 3,3 milhões por 3 minutos de propaganda nacional em um dos programas de maior audiência na TV aberta.
“Olhe para todos os lados e o que você vê?”
Segundo o Comitê denunciante, “vemos uma empresa disposta a investir o que for preciso em marketing e propaganda para tentar ‘limpar’ sua imagem suja pela lama criminosa das suas operações assassinas”.
O grupo faz uma interessante conta, relacionando o dinheiro provavelmente gasto – R$ 3,3 milhões., com o que poderia ser feito com o mesmo valor:
“A Samarco poderia ter comprado 17 casas em Bento Rodrigues, para indenizar famílias que tiveram suas casas destruídas pela mineradora, ou pago o salário mínimo mensal acordado com o MP (e que não tem sido cumprido) de pagar um salário mínimo a 3.750 pescadores atingidos. Ou comprado ainda 3,3 milhões de litros de água mineral para a população de cidades como Governador Valadares, que não tem água segura para consumo humano na rede de abastecimento, pois o local de captação foi totalmente contaminado pela lama – e demais cidades onde a Samarco briga na justiça para não entregar mais água mineral.”
Mais uma vez a empresa revela, no mínimo, estar sendo muito mal conduzida na resolução do conflito. O que ficou escancarado com a “ação de marketing” foi a falta de preocupação com a pessoa dos atingidos, meros figurantes em um exercício de auto-emulação que revela soberba doentia.
O Grupo Em Defesa dos Territórios Frente a Mineração entende que “talvez os milhões investidos em grande empresas de comunicação não tenham sido suficientes para uma análise muito simples para a mineradora, a de que ela não atingiu de forma criminosa apenas a população de Mariana e da Bacia do Doce, mas sim a cada um dos ambientalistas, ativistas e defensores dos direitos humanos de todo país. E tripudiou sobre a dor de todos aqueles dos quais destruiu suas vidas.”
Atento à questão, o CONAR (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) abriu um processo para verificar as denúncias à respeito da campanha “Fazer o que Deve ser Feito”, cuja responsabilidade é da Tom Comunicação.
A entidade recebeu cerca de 50 reclamações. A maioria questiona a veracidade das informações do filme que está sendo veiculado na TV.
LEIA AINDA: “Governança Corporativa Para Vomitar”.
Fontes:
Texto publicado pela frente Em Defesa dos Territórios Frente a Mineração
http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/samarco-tera-que-explicar-propaganda-estimada-em-r-3-mi
http://g1.globo.com/minas-gerais/desastre-ambiental-em-mariana/noticia/2016/02/mpf-questiona-valores-gastos-em-campanha-publicitaria-da-samarco.html
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